Legionário, N.º 241, 25 de abril de 1937

7 DIAS EM REVISTA

Em recente discurso, Ludendorf estigmatizou as “forças sobrenaturais, representadas pela Igreja Católica, pelo judaísmo e pela franco-maçonaria, que desejam aniquilar as possibilidades, a vontade da vida nacional e racial da Alemanha”.

Continua, pois, a manobra que já denunciamos. As forças do mal procuram desacreditar a Igreja aos olhos dos inimigos do comunismo, para mais facilmente desarmarem a civilização, em torno da qual rondam os bárbaros do séc. XX, isto é, os soldados da foice e do martelo.

Mas a Igreja vencerá tudo isto. No momento em que escrevemos estas notas, vem-nos à memória as estrofes de um canto popular brasileiro ao Papa: “Embora fervam iras das serpes infernais, não temes as mentiras, e vences com a Cruz”.

O futuro provará que o canto popular tem razão.

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Parece, aliás, que no século XIX a arma de combate predileta dos adversários da  Igreja era a injúria feroz, direta e desabrida. E que no século XX as forças do mal preferem a perfídia e o despistamento. 

Raramente, em nossos parlamentos ou casas legislativas, se ataca a Igreja de frente.

Quando alguém procura criar embaraços à sua ação, começa a se pôr em harmonia com o eleitorado católico, afirmando ser católico praticante. E, depois, com esta carta branca, ou suposta carta branca, começa a atacar os interesses da Igreja.

Ainda recentemente, tivemos prova em Campinas de quanto esta prática está disseminada em nossa política.

Trata-se, naquela cidade, de destruir a Igreja do Rosário, que deve ser sacrificada a certos interesses urbanísticos. S. Ex.a Rev.ma o Sr. Bispo de Campinas já concedeu ao valoroso jornal católico “A Tribuna” uma entrevista contrária a esse projeto.

Entretanto, o Sr. Azael Lobo, dizendo-se católico praticante, bateu-se calorosamente pela demolição da Igreja, contra o desejo do Bispo Diocesano. (...)

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Nos funerais do saudoso paulista José de Almeida Camargo, o Sr. Senador Alcântara Machado, depois de fazer um justo elogio ao seu antigo companheiro de chapa única, em discurso pronunciado à beira de sua sepultura disse: 

“Esse, o homem cuja carreira ascendente uma injustiça brutal, um golpe desferido à traição, um crime celerado da morte, acaba de truncar.

“Calando minha revolta diante desse delito inexplicável do destino, aqui deixo, nestas frases desalinhadas, um adeus que, dito por mim, neste fim de existência, é quase um ‘até breve’”.

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Um telegrama de Londres informa que os sovietes se estão aproximando dos Estados Unidos a fim de obter que os estaleiros da América do Norte fabriquem os armamentos necessários para a Marinha de Guerra da Rússia.

Depois de ter assistido à cena dolorosa do governo italiano a fabricar nos seus estaleiros navios de guerra para a Rússia, assistiremos também ao gesto absurdo do governo americano a armar a marinha soviética com os canhões necessários para destruir a civilização ocidental?

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O Sr. Barreto Pinto, deputado federal conhecido por suas tendências esquerdistas, acaba de fazer magnífica apologia da Ação Católica. Magnífica, apesar de involuntária. Ou talvez por ser precisamente involuntária.

Há algum tempo, apresentou S. Ex.a alguns projetos de lei muito do agrado do governo. Esses projetos, entretanto, foram vivamente combatidos em certos círculos políticos. Por isto, havia quem receasse que a Câmara não lhe desse sua aprovação.

Entrevistado a este respeito pela imprensa, S. Ex.a disse que não receia tal coisa. O projeto agrada ao governo. E, pela psicologia dos homens que conhece, S. Ex.a se achava autorizado a adiantar que muitos parlamentares dizendo “não” fora do recinto, dirão “sim” desde que sejam obrigados a votar...

Em outros termos, S. Ex.a reconhece a profunda depravação que atingiu nossas mais altas esferas políticas. E faz sentir, com isto, quanto é meritória e indispensável a obra de saneamento do caráter nacional, que empreendeu a Ação Católica.

Deus sabe tirar o mel da própria boca dos leões, e sabe glorificar sua Igreja, até pelos lábios de seus inimigos.