Legionário, N.º 234, 7 de março de 1937

7 DIAS EM REVISTA

Um telegrama do Rio, publicado pelo Diário de São Paulo, transmite aos leitores paulistas uma notícia altamente significativa. Informa ele que o Sr. Wolf Teixeira, presidente do conselho consultivo de turismo, anunciou que neste mês são esperados no Rio de Janeiro dez mil turistas estrangeiros. 

Costuma-se afirmar que o famoso carnaval do Rio goza de fama mundial, e que é só comparável com o de Nice... com desvantagem para este último. Daí a afluência de turistas ao Rio, por ocasião dos festejos de momo. E o povo ingênuo acredita que essa afluência é enorme, e enche de ouro toda a cidade.

A realidade, entretanto, é muito outra.

Os dez mil turistas que agora vem ao Rio, e que são de procedências variadas, nem sequer se preocupam em assistir ao carnaval. Eles vem ao Rio em plena quaresma, simplesmente para aproveitar as belezas da natureza, e não para se meter no fandango do Momo.

E ainda há gente que afirma que o carnaval oficial é fonte de renda, pelo interesse dos turistas.

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O Sr. Dr. Arthur Leite de Barros, Secretário da Segurança Pública, pronunciou um notável discurso no Centro de Instrução Militar da Força Pública.

Nesse discurso, S. Ex.a acentuou que, ao militar moderno, já não basta a preparação rigorosamente técnica com que se contentavam os militares de há alguns anos atrás. As exigências da situação moderna impõem que o militar receba uma formação moral esmerada, que desenvolva nele as qualidades de caráter próprias ao militar.

Perfeitamente de acordo.

Mas, neste caso, por que não regulamentar a assistência religiosa à Força Pública do Estado, facultada pela Constituição Federal?

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O Sr. Leon Blum concedeu ao semanário católico “Sept” uma entrevista em que solicita, para as suas reformas sociais, o apoio dos católicos.

Causando-nos natural estranheza o fato, mostramos que os católicos não tem a menor razão para confiar no Sr. Blum, nem em qualquer dos outros farsantes que, empregando uma tática já denunciada e condenada pela Santa Sé, procuram praticar, para com os católicos, a famosa “politique de la main tendue.

Nossas ponderações foram perfeitamente justas. A tal ponto que “Sept” acaba de publicar um comentário à entrevista do Sr. Blum em que afirma que:

a) Há coincidência entre certas reformas sociais anti-individualistas pleiteadas pelos socialistas e pelos católicos;

b) mas há uma funda divergência quanto ao espírito em que o socialismo e a Igreja consideram a questão social, e o programa que cada um adota para a resolver;

c) que, apoiando embora as reformas do Governo francês,  no que elas tem de justo e de conforme à doutrina católica, os católicos devem fazer reservas profundíssimas quanto à orientação socialista, materialista, histórica, etc., da corrente “blumista”.

Em suma: cooperação no que for justo; hostilidade no que for injusto.

Está muito certo.

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É curioso observar-se que, sempre que os chefes de Estado ou de partido querem imprimir ao espírito popular um feitio próprio, recorrem aos processos de formação intelectual e moral análogos ao da Igreja.

Voltaire quis fundar uma ordem religiosa (?) de ateus, que, vivendo conventualmente, se dedicassem a combater a Igreja. Julgou que esse processo seria insuperável para combater as ordens católicas.

Napoleão quis organizar a Universidade de Paris sob a forma de uma ordem religiosa, com vida comum, e obediência ao Reitor. A ordem, entretanto deveria ser inteiramente leiga. Naufragou no ridículo.

Hitler, agora, acaba de imprimir às Universidades alemãs um feitio análogo aos seminários católicos. Todos os estudantes terão de viver em comum, durante os três primeiros semestres do curso universitário, e ficarão proibidos de residir com as respectivas famílias.

Com isto pretende o “Füehrer”- é o decreto que informa - influenciar mais profundamente a mocidade.

Bela e involuntária homenagem à sabedoria da Igreja!

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Em Paris se trava, atualmente, uma luta bem característica do tempo em que vivemos.

Há um órgão que, ao que parece, coordena todos os postos de rádio de todo o país. Chama-se a “Gerência dos Postos de Rádio”. Essa gerência é eletiva. E duas chapas concorrem agora para as eleições para preenchimento da diretoria.

Uma das chapas é anticomunista e representa diversas associações de pais de família e a outra é esquerdista.

É bem frisante essa batalha em torno da direção do rádio.

Conservadores e destruidores se empenham por conquistar esse grande meio de difusão de idéias.

Isso vem provar o alto descortínio da inteligência moça e do coração apostólico que, em São Paulo, quis pôr o rádio a serviço da Igreja. 

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Os católicos da Irlanda do Norte estão desgostosos com a forma de juramento adaptada para a coroação do Rei Jorge VI. Nessa fórmula, o soberano jura manter as igrejas protestantes, e não faz qualquer alusão acautelatória das liberdades dos católicos. 

Ao ver, em outros países, a opinião católica acompanhar tão de perto todos os acontecimentos que dizem a respeito da Igreja, e intervir até no juramento do soberano no soleníssimo ato da coroação, temos um sentimento de profunda tristeza.

É que o Brasil está mil léguas abaixo disto tudo. Aqui, tudo se faz e se desfaz, enquanto os católicos se lamentam, resmungam ou se deixam iludir por meia dúzia de discursos.

Em vez de mendigar apoios frágeis, de se dissipar em queixas estéreis, de se enervar em lamentações inúteis, por que não se organizam com espírito construtivo e sadio? (...)