Se o “Legionário” procura mostrar aos seus leitores
os esforços que tem realizado, não o faz para lisonjear sua vaidade, o que
seria incorreto e perfeitamente ridículo.
Formou-se entre nós a lenda de que a imprensa
católica é coisa votada, no Brasil, a irremediável fracasso.
O “Legionário” tem a obrigação de mostrar que, tanto
quanto possível, ele está procurando desbravar humildemente este caminho
reputado intransitável.
Fazendo-o, não deseja nem espera aplausos por parte
de seus leitores. O que quer é muita oração e muita cooperação.
Não é com fogos de artifícios, mas com bombas
autênticas que se ganha uma batalha.
Não é com aplausos ruidosos mas estéreis que se
consegue desenvolver uma obra. As vitórias do apostolado só se conseguem com
oração, ação e disciplina.
É o que queremos que nossos leitores nos dêem. Com
orações confiantes e ação disciplinada, havemos de vencer.
* * *
Há cerca de um mês, a Câmara dos Deputados recebeu
um abaixo-assinado de estudantes baianos que, dizendo-se católicos, aplaudiam
as medidas repressivas propostas por certo parlamentar contra integralistas.
Estranhamos o fato, por razões óbvias. E
suspeitamos que ele constitua mero embuste destinado a impressionar a opinião
pública.
Nossa suspeita se confirmou: a Câmara acaba de
receber um abaixo-assinado dos mesmos estudantes aplaudindo a libertação dos
Professores Hermes Lima e Castro Rabelo.
Evidentemente, evidentissimamente,
não se trata senão de um grupo de aventureiros sem escrúpulos, que só ostentam
o nome de católicos para melhor servir à revolução social.
* * *
Pesar, grande pesar, profundo pesar causou-nos a
atitude do Sr. Ademar de Barros que, em nome da
bancada do Partido Republicano Paulista, propôs a libertação dos presos
políticos detidos em São Paulo.
Não temos receio em afirmar que se tivesse chefes
mais informados das atuais tendências da opinião pública, o P.R.P. não sairia
de seu verdadeiro papel de grande corrente conservadora, sempre de atalaia para
combater a revolução social. Granjearia assim uma simpatia geral que lhe seria
muito mais preciosa do que a amizade felina de alguns extremistas que hoje lhe
sorrirão, para melhor lhe cravar, amanhã, o punhal nas costas.
Os partidos tradicionalistas e conservadores que “flirtam” com a
demagogia e procuram acompanhar a farândola revolucionária nos dão a impressão
dolorosa e vexatória das velhas obesas e cinqüentonas que, fantasiadas de “pierrots”, dançam
o samba nos frenéticos cordões de carnaval.
* * *
Não foi menor nosso pesar vendo que nas fileiras
governistas aceitou a incumbência de apoiar a moção Ademar de Barros o Sr. Deputado Motta Filho.
Pela sua inteligência, pela sua cultura o Sr. Motta Filho tem a imperiosa obrigação de ser um dos
orientadores mais esclarecidos de seu partido.
Como então aceitou S. Ex.a a triste incumbência de
anunciar à Câmara e a São Paulo que o Partido Constitucionalista,
sempre em antagonismo com o P.R.P. em tudo e por tudo, se unia fraternalmente a
ele, para abrir as portas da prisão aos inimigos da ordem?
Estranhamos, lamentamos, discordamos...
* * *
Um telegrama recentemente chegado de Paris, e
publicado por nossa imprensa, noticia que 50% do orçamento francês é consumido
por duas despesas: o pagamento de juros da dívida pública e a aquisição de
novos armamentos.
Poucas notícias passaram tão desapercebidas. E, no
entretanto, poucas são tão imensamente graves.
Fez-se a Revolução Francesa para acabar com
privilégios. E agora perguntamos: do que serviu a sangueira
de 1789 e do Terror?
* * *
É de notar-se a insistência com que jornais e
agências telegráficas do estrangeiro anunciam ser gravíssimo o estado de saúde
do Santo Padre, a despeito dos enérgicos e repetidos desmentidos do Vaticano.
A razão destes boatos é óbvia. O Papa é um homem
incômodo. Ataca a esquerda como inimiga máxima da civilização. Ataca os
partidos de centro como relapsos e incapazes de defender a civilização. Ataca a
direita por querer defender a civilização sem a Igreja e contra a Igreja; e
acusa certa direita de, intencionalmente ou não, favorecer com isto o jogo do
comunismo.
Por isto, há muita gente interessada em que o Santo
Padre morra. Não podendo provocar a realização desse desejo, matam-no ao menos
por telegrama.
Também Jesus Cristo, Nosso Senhor, foi considerado
incômodo. Atacava o paganismo do Estado romano. Atacava a hipocrisia dos
fariseus. Inimigos uns dos outros, fariseus e romanos uniram-se contra Ele. E
mataram-no.
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S. Ema o Cardeal-Arcebispo de Toledo, Primaz da Espanha, noticiou que foram mortos, até agora,
10 Bispos espanhóis e 5.000 sacerdotes.
Enquanto isto ocorre na Espanha, os corações românticos no Brasil fremem de desejos de
ver soltos os comunistas que ainda estão presos.
Diz a Escritura: “eles têm os olhos e não vêem, tem
ouvidos e não ouvem”.