Na Baviera, há 1.675 religiosas ensinando em cerca de 400 escolas
públicas. O que elas ensinam, ninguém o ignora: que seus alunos devem ser
filhos modelares, futuros chefes de família exemplares, patrões benignos,
operários disciplinados, cidadãos respeitadores das autoridades legítimas, e
amantes da Pátria. Sua obra constitui, pois, uma eficientíssima propaganda
anticomunista.
Os hitleristas, que se
proclamam os paladinos da civilização contra o comunismo, vão, no entanto,
proibir a essas religiosas que lecionem nas escolas públicas.
Para isto, será
necessário violar a concordata entre a Baviera e a Santa Sé. Mas o que custa a
Hitler a violação de mais uma concordata ou de mais
um tratado?
* * *
Estamos em uma época
infeliz, em que a palavra oficial dos maiores países de nada vale. Nas mãos de
Hitler, perdeu o valor a palavra do governo alemão, que dirige, no entanto, os
destinos de um dos povos mais inteligentes e gloriosos do mundo. Se isto se dá
com Hitler, é fácil imaginar o que se verifica com a malta de bandidos que,
aboletada no Kremlin, asfixia a Rússia e procura incendiar o mundo.
No mesmo dia em que os
jornais nos informaram de que a Rússia protestava contra a intervenção de
Portugal na Revolução da
Espanha, um telegrama
informava que aportara em Barcelona, sob os vivas da população, um navio soviético trazendo
víveres para os legalistas.
É a isto que a Rússia chama
não-intervenção? É assim que ela respeita o tratado que assinou?
* * *
Infelizmente, porém,
não só a Rússia e a Alemanha, mas também a França viola a palavra
empenhada no pacto de não-intervenção na Espanha.
Um telegrama de Almeria informa que o cruzador francês “Duplessis”
foi recebido em Barcelona sob os aplausos de todo o povo. Palmas por que? O que
teria de extraordinário a passagem de um vapor francês por Barcelona, se ele
estivesse em simples viagem de excursão?
Evidentemente, os
aplausos não foram para o navio, mas para algo que ele trazia consigo...
* * *
Enquanto se discute
gravemente, em Londres, o tratado de não-intervenção, também a Universidade de Glasgow mete sua colher de
pau na revolução espanhola, enviando uma unidade hospitalar para servir... os
marxistas!
Em linguagem sisuda, a Agência Havas informa que os sete membros que compunham o corpo de
saúde dessa unidade hospitalar voltaram para a Inglaterra, dois por motivo de
saúde e cinco “por motivos disciplinares”. Para bom entendedor, meia palavra
basta. Não é difícil imaginar quais tenham sido esses motivos “disciplinares”.
* * *
Enquanto permite que
seus nacionais aticem o incêndio na Espanha, a Inglaterra procura evitar, a
todo o custo, que as chamas lhe alcancem as próprias barbas.
Por esta razão, o
conselho de cidadãos (espécie de Câmara Municipal) do Este de Londres, resolveu
montar uma organização destinada a manter a ordem no lugar, evitando as
agitações populares. E foram buscar para isto o Arcebispo católico de Canterbury.
Como se sabe, Canterbury é a sede do Primaz da igreja anglicana. Por que
não se arranjaram eles com a prata da casa? Isto é, com o Primaz protestante,
que é Par do Reino, membro do Conselho Real etc.? Por que foram buscar um
católico? É óbvia a razão: só a Igreja Católica é um dique
eficiente contra o comunismo.
Enquanto isto, porém, a
diplomacia inglesa se agita para evitar que a Itália e Portugal detenham o
braço criminoso dos salteadores da Igreja na Espanha.
Onde foi parar a
lógica?
* * *
Dormem em mansa paz as
chancelarias sul-americanas. Nenhuma delas se lembra de dar um passo, ainda que
meramente moral, a favor da Espanha. Enquanto cochilam os governos burgueses, o
México despeja combatentes sobre combatentes na
Espanha, para auxiliar o “governo” de Madrid. Os jornais nos informam que estão
para partir do México numerosos grupos de novos combatentes marxistas.
O México quebra assim,
a linha de neutralidade que todos os países americanos estão seguindo.
Por que não fazem
nossas chancelarias uma “démarche”
junto ao governo do México? Para marxistas, não haverá por acaso a famosa
“não-intervenção”?