Com o fechamento da Aliança Nacional Libertadora,
muitos espíritos, pouco atirados ao conhecimento da vida social brasileira,
acreditaram ter soado a hora final da vida comunista em nossa terra.
Contudo, àqueles que vêm de perto a realidade
nacional e que se não contentam em julgar pelos movimentos de superfície, não
iludiu essa meia medida governamental.
Apesar dela, ou talvez, por causa dela - pois
concedeu aos comunistas a oportunidade de se atribuírem diante da massa
ignorante o rótulo de mártires da Pátria contra a perseguição liberal - o
imperialismo de Moscou vive e trabalha entre nós, procurando manchar o céu
brasileiro com o despontar rubro da alvorada marxista.
Disseminados pelo povo brasileiro trabalham os
porta-vozes da Rússia, procurando inculcar na nossa gente, especialmente na
classe operária, a crença nos princípios amorais da sua demolidora ideologia.
A atividade comunista que nestes últimos meses se
desenvolve em nossa Pátria, obedece indiscutivelmente a um plano
inteligentemente delineado, e posto em execução com todos os recursos materiais
e com uma vontade inflexível de vencer. É uma idéia desse plano, naquilo que
ele já possui de sensível, que vamos dar nesta nota, para que todos tenham
presente o que é a infiltração marxista em nosso meio, e assim com um pouco
mais de energia ela seja combatida e repelida.
Devendo preparar os elementos para a luta - as
massas, militarizadas ou não, que conquistem o poder - os primeiros cuidados
dos representantes de Moscou foram dirigidos para elas. E além da formação das
primeiras células, além da propaganda oral e dos panfletos distribuídos à porta
das fábricas ou entre os colonos do interior, trataram imediatamente os chefes
da arma moderna por excelência que é a imprensa. E fizeram o quinzenário, o semanário ou o diário especialmente destinados
à propaganda entre os homens simples das usinas e das fazendas, entre os
pequenos comerciantes, entre os pequenos funcionários, entre os empregados das
organizações comerciais, entre os militares. É o jornal que com suas
“manchetes” berrantes chama a atenção, com seu noticiário exagerado e detalhado
comove, com seus ataques exalta a revolta, com suas promessas, seduz e prende.
É a conquista do homem do povo, que aceita como bom e necessário aquilo que o
jornal ensina e propaga. Tal a função dos diários que exploram o
sensacionalismo, como “A Manhã” e “A Nota” do Rio de Janeiro, e “A Platéa” de São Paulo, para só citar alguns dos mais
conhecidos.
Ao mesmo tempo é preciso adestrar os combatentes;
não basta doutriná-los, dizer-lhes que a sociedade deve ser deste ou daquele
modo. Prepararam-se então as greves, os “complots”, os pequenos movimentos, verdadeiras manobras que vêm mostrar aos
chefes os pontos fracos da organização que dirigem e também dos adversários que
se lhes opõem. E assim temos tido no Brasil greves e movimentos de norte a sul,
de leste a oeste; desde o recente “complot”
de Manaus, até às greves de Porto Alegre, desde as agitações dos salineiros do
Rio Grande do Norte até ao movimento militar de Campo Grande.
E note-se que gradativamente os surtos extremistas
se afastam dos grandes centros do Rio, de São Paulo, da Bahia, de Recife, de
Porto Alegre, para surgirem nos pontos longínquos do país. É a boa tática
comunista que assim prevê o afastamento das forças de defesa para o interior
dos Estados, diminuindo sua eficiência nas capitais e fragmentando-as no
interior, o que as torna presas fáceis dos seus elementos. E, entre estes, há
um de destacada importância: É a “Juventude Comunista”, brigada de choque,
formada por moços aos quais se tirou todo o sentido moral da existência e se
deu, em sua plenitude, o sentido puramente material e físico da vida; veja-se
sua ação no assalto recentíssimo da Rua Paula Souza nesta Capital, quando
elementos seus cooperaram na tentativa de roubo efetuada por um chefe
comunista, para assim encher os cofres da mesma organização.
Não basta, porém, preparar as massas; elas exigem
dirigentes dotados de uma certa instrução que possam declamar Lenin, Sorel e Marx nos “meetings” de rua
e nas reuniões a portas fechadas. E é então a infiltração dos meios estudantinos; é o “Comitê pró-democratização do ensino” e
sua greve de dezembro de 1934; é a Campanha dos 50%, deste ano; são professores
de Ginásios, de Escolas Normais e de Escolas Superiores, pregando o marxismo. E
são os estudantes já comunistas dirigindo os movimentos grevistas, lutando pela
posse das diretorias dos grêmios escolares, fundando revistas e jornais de
propaganda: “Ritmo” e “Oposição” na Escola de Direito, “Novo Rumo” no Instituto
de Educação, “Movimento” na Escola Paulista de Medicina, são exemplos de hoje.
E não é só isso.
A burguesia precisa receber um alimento comunista,
sob a forma elegante de uma essência caríssima ou sob a forma austera de um
conhecimento científico. É “Vanitas”, a revista
social de Nair Mesquita, passando à direção de Flávio de Carvalho; é a “Revista
Contemporânea” do Rio de Janeiro, pregando o anarquismo pela pena de Campio Carpio, e exaltando a
ciência contra a “intolerância” da
Igreja!... são as traduções de livros “científicos” russos, livros medíocres
senão nulos quanto ao valor, mas avidamente aceitos, porque... made in URSS!...
Assim infiltra-se o comunismo em todos os meios; a
uns, exalta para a luta acenando-lhes com as risonhas promessas de um paraíso terrenal; a outros, enlanguesce a vontade e embota a
inteligência sob a ação dos venenos finíssimos e das doutrinas dissolventes; a
todos, porém, ele esmagará no dia de amanhã, se a Revolução, lenta mas
solidamente preparada, conseguir levantar-se.
E é triste que os nossos homens de governo tenham
renunciado à luta preferindo ocupar-se com nulas discussões pessoais, enquanto
o inimigo cresce e domina. E é incompreensível que mesmo diretamente atingidos
não tenham tido um gesto de reação, como quando em Marilha
os comunistas cortaram a luz, no momento em que se realizava o banquete ao Sr.
governador do Estado. É incompreensível
porque o governo sabe que sua ação nesse sentido mereceria o apoio imediato de
toda a população do país. Mas, além do fechamento da A.N.L., medida incompleta
pois seus órgãos de publicidade não foram suspensos, nem seus chefes detidos,
nada mais foi feito.
O Brasil deverá esperar o momento em que eles
tentem realizar o que, em todos os muros da cidade, as inscrições a carvão
anunciam para breve: “Todo poder à A.N.L.”?
É o que parece, pois se o Governo não toma medidas
que de fato impeçam a A.N.L. - ou que outro nome tenha hoje - de continuar sua
nefasta obra, a oposição, em sua maioria composta de representantes de partidos
conservadores, se acumpliciam com o extremismo comunista, fazendo pura
demagogia, unindo-se aos comunistas declarados ou não, desde que veja nisso os
seus pequeninos interesse de oposição que quer ser governo...