É muito justo que os paulistas procurem homenagear
os grandes vultos de sua terra. No entanto, nada há que legitime o intento de
realizar estas homenagens às expensas das tradições religiosas do povo
brasileiro.
Lamentamos, portanto, que a Academia Paulista de
Letras, a que pertencem tantos homens que se proclamam católicos, tenha
sugerido a mudança dos nomes do Largo de São Bento e da Rua São João, para
denominações alusivas às bandeiras paulistas.
E lamentamos também que o Sr. Deputado Alfredo
Ellis fizesse aprovar esta idéia pela Câmara Paulista, sem que a voz de qualquer dos católicos que têm assento
naquela Casa se erguesse para protestar contra tal deliberação. Efetivamente,
os jornais noticiaram que foi unanimemente aprovado o projeto...
Dir-nos-ão que a mudança do nome de uma rua é coisa
totalmente sem importância e que não valia a pena, por tão pouco, suscitar na
Câmara uma questão de natureza religiosa.
A esta consideração, responderemos com uma
pergunta:
Se não tem importância o nome de uma rua, por que
razão aprovou a Câmara uma medida destinada a substituir o nome de São João
pelo de Bandeirantes na nossa grande avenida? Para homenagear os bandeirantes,
dirão, e para incutir no povo a admiração por seus feitos. E São João? Terão
seus feitos sido, porventura, menores do que os dos bandeirantes? Merecerá
menos homenagens? Será mais necessário que o povo admire os bandeirantes do que
cultue São João? E por que escolher exatamente o nome de São João para riscá-lo
da avenida, em lugar de dar nome novo a tantas ruas que trazem nomes
inteiramente inexpressivos em São Paulo, como a Avenida da Água Branca, a Rua
Augusta, e principalmente a Rua Direita?