Na brilhante conferência que
pronunciou sobre “O Legionário” na Semana Social Mariana, o Prof. Leonardo Van Acker salientou que a nossa
nota de fundo, que se ocupa em geral com questões de política interna
brasileira, tinha esclarecido os leitores a respeito do verdadeiro ponto de
vista católico sobre casamento religioso, mas que não tinha dado qualquer
informação sobre o que se passa na Câmara Federal a este respeito ou, em outras
palavras, sobre a atuação que os deputados eleitos com votos católicos vem
desenvolvendo, quer no recinto quer nos bastidores do Palácio Tiradentes, a
respeito de assunto de tão grande alcance.
Circunstâncias particularíssimas nos impedem de dar
ao ilustre Professor, de público, uma informação que em particular lhe daremos.
O certo, porém, no que diz respeito à bancada
paulista, é o seguinte: alguns deputados federais foram eleitos em legendas que
receberam inúmeros votos católicos. Mas tais deputados não responderam aos quesitos
da Liga Eleitoral Católica e se recusaram assumir com esta qualquer
compromisso.
Não obstante isto, a Liga Eleitoral Católica se
sentiu na contingência de não se opor a que os católicos votassem em tais
legendas. Com muita finura, porém, publicou ao lado de seu “nihil obstat”
a relação dos candidatos que haviam assumido o compromisso de defender as
reivindicações católicas. E, como a lista era pouco numerosa, qualquer eleitor
de mediana inteligência poderia verificar que nem todos os candidatos peceistas e perrepistas estavam dispostos a apoiar as reivindicações
católicas. De onde se segue que qualquer católico de consciência medianamente
exigente verificaria que o “nihil obstat” da Liga fora dado para evitar males maiores,
mas que ela não queria, não podia e não devia querer que os nomes de candidatos
que não iam trabalhar pelo programa católico fossem sufragados pelos católicos.
No entanto, um frenesi político apoderou-se de
muitos católicos, que puseram suas preferências partidárias acima de suas
preocupações religiosas e que votaram, apesar de tudo isto, em adversários da
Igreja.
A conseqüência não se fez esperar: os deputados
federais paulistas não compromissados com a Liga Eleitoral Católica estão
criando obstáculos à vitória do ponto de vista católico.
E os católicos que neles votaram
estão fazendo orelhas moucas e vistas gordas a esta situação, fruto diretíssimo de sua incomparável incúria.
Aproximam-se agora as eleições municipais. Vamos
ver se a experiência aproveitou aos eleitores católicos...
As eleições municipais afetam muito diretamente os
interesses católicos. Realmente é preciso notar que, em virtude da Constituição
Estadual em vigor, todos os municípios deverão ter estabelecimentos de educação
próprios, em que toda a direção será confiada à autoridade municipal. Como
conseqüência, criar-se-á uma importantíssima rede de ensino municipal que será,
talvez, mais extensa e mais possante do que a Estadual. Pergunta-se agora aos
católicos: desejam eles que o ensino religioso em tais escolas seja também de
uma magra meia hora? É-lhes indiferente que as autoridades escolares sejam
protestantes, espíritas, livre-pensadoras?
Existe em São Paulo uma Confederação de Colégios
Católicos, que tem mantido com a Diretoria de Ensino uma luta titânica, para
defender o ensino particular católico das investidas de um certo grupo que faz
das posições oficiais do Ensino Estadual um meio de perseguir os interesses
religiosos. Quererão os católicos que esta luta se estenda por todos os municípios de São Paulo?
Se não quiserem, arregimentem-se. E a vitória será
nossa...