Imprensa Católica

“O Legionário”, N.º 180, 15 de setembro de 1935

 

Apareceu há poucos dias no Rio de Janeiro mais um jornal de orientação aliancista: "A Nota". Continua assim a Aliança Nacional Libertadora, embora fechada, a ter os seus órgãos de propaganda com circulação livre. E mais, esses jornais se multiplicam. E esse fato se dá não só no Rio e em São Paulo, como em todos os outros Estados e em todas as cidades importantes do país. Temos desse modo uma situação digna de nota para a ANL: ela está proibida de possuir sedes, de fazer comícios, de promover reuniões ou conferências. Mas pela persistência de seus órgãos de publicidade, que as autoridades não suspenderam ou fecharam, está autorizada a fazer a propaganda escrita, mais lenta, mas mais sólida e duradoura.

Tal é a primeira observação que fazemos sobre o aparecimento de mais um jornal esquerdista. Mas se essa é dirigida às autoridades que não velam convenientemente pela qualidade do alimento espiritual que é fornecido aos brasileiros, a segunda é dirigida especialmente aos católicos. Multiplicam-se os jornais de propaganda comunista, inimigos do Brasil. Com facilidade espantosa os aderentes de Moscou adquirem ou financiam folhas que levam, disfarçada ou claramente as suas doutrinas dissolventes a todos os meios e a todas as inteligências; formam assim as massas para a luta e as elites para a direção. Diante deles, quem se levanta para os combater com as mesmas armas? Não são os jornais liberais ou os órgãos de partido, presos muitas vezes a injunções tais que os tornam aliados daqueles. Há, portanto, apenas os pequenos jornais católicos, todos de circulação limitada, todos representando o esforço de um pequeno grupo de homens de boa vontade.

Falta-nos o grande órgão que possa competir em condições de igualdade com todos os grandes jornais nacionais, e ainda que os supere a todos pela pureza de doutrina e pela elevação moral. Não é, porém, apenas com palavras e com bons desejos que se conseguirá esse jornal. Ação e trabalho contínuo, e um pouco de espírito de sacrifício da parte de católicos que disponham de recursos para que o órgão católico exista, e mais que tudo, imponha sua orientação e informe o povo segundo os princípios da doutrina católica. E o exemplo nos vem dos nossos inimigos; para eles não há sacrifício algum a que não estejam dispostos, desde que se trate da propaganda de suas idéias.

Não terão por acaso os católicos de São Paulo, que tantas provas de devotamento dão diariamente, a coragem suficiente para arcarem com a organização do diário católico?