Apareceu há poucos dias no Rio de Janeiro mais um
jornal de orientação aliancista: "A Nota".
Continua assim a Aliança Nacional Libertadora, embora fechada, a ter os seus órgãos de propaganda com
circulação livre. E mais, esses jornais se multiplicam. E esse fato se dá não
só no Rio e em São Paulo, como em todos os outros Estados e em todas as cidades
importantes do país. Temos desse modo uma situação digna de nota para a ANL:
ela está proibida de possuir sedes, de fazer comícios, de promover reuniões ou
conferências. Mas pela persistência de seus órgãos de publicidade, que as
autoridades não suspenderam ou fecharam, está autorizada a fazer a propaganda
escrita, mais lenta, mas mais sólida e duradoura.
Tal é a primeira observação que fazemos sobre o
aparecimento de mais um jornal esquerdista. Mas se essa é dirigida às
autoridades que não velam convenientemente pela qualidade do alimento
espiritual que é fornecido aos brasileiros, a segunda é dirigida especialmente
aos católicos. Multiplicam-se os jornais de propaganda comunista, inimigos do
Brasil. Com facilidade espantosa os aderentes de Moscou adquirem ou financiam
folhas que levam, disfarçada ou claramente as suas doutrinas dissolventes a
todos os meios e a todas as inteligências; formam assim as massas para a luta e
as elites para a direção. Diante deles, quem se levanta para os combater com as
mesmas armas? Não são os jornais liberais ou os órgãos de partido, presos
muitas vezes a injunções tais que os tornam aliados daqueles. Há, portanto,
apenas os pequenos jornais católicos, todos de circulação limitada, todos
representando o esforço de um pequeno grupo de homens de boa vontade.
Falta-nos o grande órgão que possa competir em
condições de igualdade com todos os grandes jornais nacionais, e ainda que os
supere a todos pela pureza de doutrina e pela elevação moral. Não é, porém,
apenas com palavras e com bons desejos que se conseguirá esse jornal. Ação e trabalho
contínuo, e um pouco de espírito de sacrifício da parte de católicos que
disponham de recursos para que o órgão católico exista, e mais que tudo,
imponha sua orientação e informe o povo segundo os princípios da doutrina
católica. E o exemplo nos vem dos nossos inimigos; para eles não há sacrifício
algum a que não estejam dispostos, desde que se trate da propaganda de suas
idéias.
Não terão por acaso os católicos de São Paulo, que
tantas provas de devotamento dão diariamente, a coragem suficiente para arcarem
com a organização do diário católico?