Em fins do
ano passado, a “Frente Única de Luta de
todos os estudantes, pelas democratização de ensino e pela democracia escolar”
promoveu nesta Capital uma greve dos rapazes das escolas, lançando ao mesmo
tempo um curioso manifesto que foi comentado pelo “O Legionário”. Tivemos
oportunidade de mostrar então que a origem do movimento, o motor oculto da
greve, estava nos centros de propaganda marxista que, infiltrando os meios
estudantis, procuravam arrastar a nossa juventude para o caminho da luta
social, a pretexto de conseguir facilidades materiais para os estudantes.
Terminada a greve, e ela foi uma das muitas promovidas naquela ocasião como
prelúdio à formação da A.N.L., cessou aparentemente a atividade extremista nos
meios escolares. Era preciso agitar outras classes, sem deixar entretanto de
prosseguir em todas elas o trabalho lento de sapa, próprio da tática comunista.
Chegou novamente a vez dos estudantes, levados à
praça pública pelos chefes que não aparecem e não se expõem. E o motivo
levantado agora, já constava do manifesto de dezembro de 1934. É a chamada “Campanha dos 50%”, a qual diz-nos “A Platéa”, jornal aliancista
desta capital, “foi lançada através da “A
Platéa” faz
pouco mais de uma semana”. Sua finalidade, é ainda o mesmo jornal quem o
diz, é obter “a mais humana de todas as
coisas: mais tranqüilidade de espírito para estudar, e estudo mais barato”.
E o modo prático para conseguir essa maior “tranqüilidade
de espírito para estudar, e estudo mais barato” é obter um “abatimento nos preços dos transportes, dos
divertimentos e dos livros, porque a vida está ficando pela hora da morte, e os
estudos não podem, por isso, ser interrompidos”.
Preste-se bem atenção ao que acabamos de transcrever
o que é da pena do diretor da “A Platéa”. A Campanha dos 50% foi lançada através da “A Platéa”; isso quer dizer que o foi em São
Paulo, pelo principal órgão comunista existente nesta Capital como no Rio de
Janeiro, foi lançada pela “A Manhã” e pela “A Pátria”, como no resto
do Brasil foi ou será lançada pelos jornais de Moscou. Essa é a palavra de
ordem do momento: “Campanha dos 50%”.
E assim agitasse a classe estudantil, agora, nos começos do segundo semestre
para obter “mais tranqüilidade de espírito
para estudar, e estudo mais barato”. Mais “tranqüilidade”, com passeatas; mais “tranqüilidade”, com reuniões noturnas, esquecidos os estudantes
dos trabalhos que deviam fazer; mais “tranqüilidade”,
com discussões e comentários, com o espírito cheio dos “50%”!... é bem uma “tranqüilidade”
à maneira marxista! E por sua vez, será “o
estudo mais barato” com a reprovação nos exames finais, graças ao período
de “tranqüilidade”, desencadeado pela
terrível campanha!... Finalmente, quanto aos meios para obter essa “tranqüilidade” e esse “estudo mais barato”, pedem os
interessados 50% de abatimento nos transportes, abatimentos esses que se não
nos enganamos já existem para todos os estudantes, com exceção dos acadêmicos
das escolas superiores; pedem 50% de abatimento nos divertimentos, que é
realmente um belo meio para obter
“tranqüilidade” e “estudo mais
barato”; quer dizer, o estudante que ia ao cinema uma vez por semana, irá
d’ora em diante duas vezes aproveitando portanto plenissimamente
mais uma noite de seus estudos; além disso, como o que é barato sempre atrai,
irá mais duas vezes, exatamente por ser o cinema barato!... E assim teremos
para o bem do espírito, e para barateza do estudo, mais três noites lindamente
aproveitadas!... e mais os teatros, os esportes, as excursões! Só a
reivindicação relativa ao barateamento dos livros se justifica em toda a
maravilhosa (!) campanha dos 50%, afirmamos, porém, sem receio de contradita, que ela está ali apenas como um recurso para
mascarar os verdadeiros fins dos agitadores da classe estudantil.
Para quem conhece a psicologia do estudante, nada
mais próprio para agradar do que o segundo item, aquele que se refere ao
abatimento nas diversões; por meio deste, foram e são apanhados 95% dos que
aderiram à campanha, e fracassada esta, e isso mesmo querem os que a promovem,
seus “leaders”
continuarão a ser no espírito da juventude escolar, os chefes autorizados de
todo o movimento estudantino. Neles, os estudantes
terão os olhos fitos, a eles obedecerão e eles os plasmarão à sua vontade e
segundo suas idéias; eis aberto o caminho para a propaganda extremista mais
intensa e para que novas adesões venham reforçar a elite marxista de nossos
intelectuais. E não é sem um fim preconcebido que na Faculdade de Direito se
funda agora uma “Ação Universitária
Libertadora”, cujo primeiro ato consiste em enviar sua adesão e seu apoio à
“Campanha dos 50%”.
Terminamos assim esta nota, que é antes de tudo uma
advertência aos estudantes e aos pais que nos lêem. Que todo o bom brasileiro,
preste muita atenção às sutilezas dos inimigos de nossa Pátria e de nossa
sociedade: suas armas são discretas, suas intenções parecem puras, mas seus
desejos são destruidores. E se os deixarmos, sentiremos os efeitos de seu jugo,
e então será tarde demais.