Não basta assinalarmos aos nossos leitores os
perigos de que se acha ameaçado o Brasil católico, nesta dura quadra que
vivemos. Também convém retemperar suas esperanças e seu ardor, com a constatação
das vitórias que gradualmente se vão alcançando entre nós.
Deixemos falar os números. É do Anuário da Cúria
Metropolitana que os tiramos. Referem-se todos à Arquidiocese de São Paulo (isto é, ao arcebispado constituído
atualmente pela Cidade de São Paulo, Itu, Jundiaí e outras menores, e
não à Província Eclesiástica de São Paulo, que abrange todo o Estado).
1912 |
População católica 925.715 |
Batizados 26.449 |
Comunhões
1.433.596 |
Associações católicas
para leigos 204 |
Número de membros
inscritos nessas associações 66.997 |
|
1933 |
População católica 1.290.870 |
Batizados
36.882 |
Comunhões
3.895.965 |
Associações católicas
para leigos 722 |
Número de membros
inscritos nessas Associações 135.456 |
Por este pequeno quadro podemos constatar a
incomparável pujança de nosso movimento religioso.
Para se dar aos algarismos acima todo o seu valor,
é necessário considerar que em 1912 a Arquidiocese abrangia, além de seu
território atual, as Dioceses de Sorocaba, Santos, Bragança, Cafelândia, Assis, Jaboticabal e Rio Preto.
Mas o que mais conforta, é que não se pode
absolutamente dizer que o atual movimento de renascimento católico tem suas
raízes particularmente numa camada social. Efetivamente, entre as Paróquias que
em 1933 mais se distinguiram pelo número de comunhões - índice mais seguro da
solidez do desenvolvimento religioso - notam-se Aparecida, Bela Vista,
Consolação, Higienópolis, Ipiranga, Itu, Mogi, Pari, Perdizes, Pirapora, Santana, Santa Cecília, alfabeticamente enumeradas, e todas com muito mais de
cem mil Comunhões por ano, sendo que só Santa Cecília atingiu o belo total de
560.224.
Ora, a população do Pari, por exemplo, pertence de
modo geral a uma esfera social inteiramente diversa de Higienópolis, o mesmo se
dando quanto a Consolação e Santana, ou Santa Cecília e Ipiranga, Paróquias todas em que, a julgar pelo número de
Comunhões, é florescentíssimo o movimento espiritual,
a despeito da grande diversidade de cultura, de nível social, de meios de vida,
das respectivas populações.
Aliás, para medir a intensidade do esforço católico
nas nossas diversas Paróquias, não se deve tomar o número de Comunhões como
índice exclusivo. Por um lado, há lugares em que se constituíram Paróquias
novas, centros de vida religiosa mais recente, em que não é possível atingir
desde logo a pujança alcançada por outras Paróquias mais antigas. Por outro
lado, há, às vezes, Paróquias que apenas há pouco tempo começou - a despeito de
antigas - uma ação mais desenvolvida, graças às maiores possibilidades de ação
do Clero, cujas fileiras se vão engrossando, e à coadjuvação de Ordens ou
Congregações religiosas que se vão tornando cada vez mais numerosas e que
constituem um incomparável fator de progresso espiritual em qualquer Paróquia.
É inútil, pois, que a rajada inclemente de greves e
de boatos encha de sombra os horizontes políticos do País. É inócuo o déficit
que se nota em nossas finanças.
Se os déficits quase irremediáveis abundam em
nossos orçamentos, desde os do mais humilde município até os da União, a
balança espiritual acusa um imenso superávit, que constitui a mais sólida
garantia da prosperidade da Nação.
Nossos progressos espirituais quase não se fizeram
sentir, ainda, na esfera administrativa, exclusivamente entregue a gerações
formadas longe de Deus.
Mas a onda vai subindo. Ela já invadiu a esfera
legislativa. Dia virá em que, tendo galgado todas as camadas sociais, penetrará
em todas as esferas da administração pública ou das empresas particulares.
Nesse dia, o Brasil será grande: terá raiado para
ele um novo 7 de Setembro.