Progressos

“O Legionário”, N.º 163/2, 20 de janeiro de 1935

 

Não basta assinalarmos aos nossos leitores os perigos de que se acha ameaçado o Brasil católico, nesta dura quadra que vivemos. Também convém retemperar suas esperanças e seu ardor, com a constatação das vitórias que gradualmente se vão alcançando entre nós.

Deixemos falar os números. É do Anuário da Cúria Metropolitana que os tiramos. Referem-se todos à Arquidiocese de São Paulo (isto é, ao arcebispado constituído atualmente pela Cidade de São Paulo, Itu, Jundiaí e outras menores, e não à Província Eclesiástica de São Paulo, que abrange todo o Estado).

 

1912

População católica                                                                          925.715

Batizados                                                                                  26.449

Comunhões                                                                                1.433.596

Associações católicas para leigos                                                         204

Número de membros inscritos nessas associações                          66.997

 

1933

População católica                                                                   1.290.870

Batizados                                                                            36.882

Comunhões                                                                             3.895.965

Associações católicas para leigos                                                         722

Número de membros inscritos nessas Associações                       135.456

 

Por este pequeno quadro podemos constatar a incomparável pujança de nosso movimento religioso.

Para se dar aos algarismos acima todo o seu valor, é necessário considerar que em 1912 a Arquidiocese abrangia, além de seu território atual, as Dioceses de Sorocaba, Santos, Bragança, Cafelândia, Assis, Jaboticabal e Rio Preto.

Mas o que mais conforta, é que não se pode absolutamente dizer que o atual movimento de renascimento católico tem suas raízes particularmente numa camada social. Efetivamente, entre as Paróquias que em 1933 mais se distinguiram pelo número de comunhões - índice mais seguro da solidez do desenvolvimento religioso - notam-se Aparecida, Bela Vista, Consolação, Higienópolis, Ipiranga, Itu, Mogi, Pari, Perdizes, Pirapora, Santana, Santa Cecília, alfabeticamente enumeradas, e todas com muito mais de cem mil Comunhões por ano, sendo que só Santa Cecília atingiu o belo total de 560.224.

Ora, a população do Pari, por exemplo, pertence de modo geral a uma esfera social inteiramente diversa de Higienópolis, o mesmo se dando quanto a Consolação e Santana, ou Santa Cecília e Ipiranga, Paróquias todas em que, a julgar pelo número de Comunhões, é florescentíssimo o movimento espiritual, a despeito da grande diversidade de cultura, de nível social, de meios de vida, das respectivas populações.

Aliás, para medir a intensidade do esforço católico nas nossas diversas Paróquias, não se deve tomar o número de Comunhões como índice exclusivo. Por um lado, há lugares em que se constituíram Paróquias novas, centros de vida religiosa mais recente, em que não é possível atingir desde logo a pujança alcançada por outras Paróquias mais antigas. Por outro lado, há, às vezes, Paróquias que apenas há pouco tempo começou - a despeito de antigas - uma ação mais desenvolvida, graças às maiores possibilidades de ação do Clero, cujas fileiras se vão engrossando, e à coadjuvação de Ordens ou Congregações religiosas que se vão tornando cada vez mais numerosas e que constituem um incomparável fator de progresso espiritual em qualquer Paróquia.

É inútil, pois, que a rajada inclemente de greves e de boatos encha de sombra os horizontes políticos do País. É inócuo o déficit que se nota em nossas finanças.

Se os déficits quase irremediáveis abundam em nossos orçamentos, desde os do mais humilde município até os da União, a balança espiritual acusa um imenso superávit, que constitui a mais sólida garantia da prosperidade da Nação.

Nossos progressos espirituais quase não se fizeram sentir, ainda, na esfera administrativa, exclusivamente entregue a gerações formadas longe de Deus.

Mas a onda vai subindo. Ela já invadiu a esfera legislativa. Dia virá em que, tendo galgado todas as camadas sociais, penetrará em todas as esferas da administração pública ou das empresas particulares.

Nesse dia, o Brasil será grande: terá raiado para ele um novo 7 de Setembro.