Comunicam-nos da Secretaria da Liga Eleitoral
Católica que, a despeito do
caráter leigo dessa entidade, organizada para defender os interesses do
Catolicismo e orientar os católicos nas futuras eleições, é ela a única
organização aprovada pelas Autoridades eclesiásticas, nos termos da Circular da
Cúria Metropolitana de 12 de novembro de 1932, publicada nos jornais desta
capital.
Sendo assim, não pode ser considerada [senão] como
uma insubordinação e uma indisciplina qualquer iniciativa tendente a orientar a
consciência católica para as mesmas eleições, através de outra organização
eleitoral, colocando-se quem tome essa atitude numa posição verdadeiramente cismática.
Outrossim, a Liga faz ciente que, até o momento de
se manifestar por estes ou aqueles candidatos à Constituinte, mantém a mais
absoluta neutralidade em relação a todos os partidos atualmente existentes,
ainda que em seu programa incluam alguns deles cláusulas favoráveis ao programa
dos católicos.
É claro que os católicos, e portanto os membros da
Liga, não pertencentes às diversas Juntas, podem fazer parte de qualquer desses
partidos, uma vez que não sejam hostis à Igreja. Pois, neste caso, a
preferência política deve evidentemente ceder lugar a um dever de consciência,
que não pode tolerar, de sua parte, o apoio aos inimigos de suas convicções.
Mas, aos membros das Juntas locais, a LEC não
permite o ingresso em partidos políticos, pois eles devem ser os dirigentes do
seu eleitorado e, se entrassem para outra agremiação eleitoral, poderiam
desviar em benefício desta, e prejuízo da Liga, a sua atividade.
Deve ficar bem patente ainda este ponto: a Liga
Eleitoral Católica não é um partido político. Ela congrega todos os católicos,
deste ou daquele partido para, unidos, poderem constituir uma força capaz de
preservar o patrimônio moral do Catolicismo brasileiro da ameaça que sobre ele
pesa pela ação dos seus inimigos.
Mas, em outra qualquer questão, conservam os
membros plena liberdade para seguir os seus partidos.
Aliás, nas questões religiosas, mesmo que a Liga
não existisse, os católicos deveriam ter sempre a mesma opinião, e defender a
Igreja na política ou em outra qualquer parte. Havendo incompatibilidade entre
suas crenças e seu partido, já estavam por isso obrigados a deixá-lo.
A Liga, pois, não vem criar uma situação difícil
para certos casos, mas defini-la.