Acaba de surgir em São Paulo a Liga Eleitoral
Católica. Bafejada pela simpatia e aprovação das autoridades
eclesiásticas e desenvolvendo uma atividade rigorosamente conforme às
diretrizes da Santa Sé, constitui ela a expressão mais eloqüente do desejo dos
católicos de que o Brasil não seja mais um país em que se adore Deus apenas no
segredo do íntimo dos corações ou no recesso dos lares, mas em todos os campos
da atividade humana.
Os acontecimentos que se desenrolaram, e que todos
nós conhecemos, colocaram o Catolicismo em tal situação
que, do futuro pleito eleitoral, apenas um resultado não podemos esperar: a
manutenção do atual estado de coisas.
Ou o Catolicismo conseguirá vencer
nas urnas e fazer progredir resolutamente o País no caminho de sua restauração
religiosa, ou o socialismo extremado se apoderará do Brasil, para fazer dele a
vítima dos numerosos Calles e Lenines
que pululam nos bastidores de nossa política, sequiosos de “mexicanizar”
e “sovietizar” a Terra de Santa Cruz.
Ou o espiritualismo se afirma nas eleições, na sua
expressão mais elevada e mais genuína, que é o Catolicismo, ou vencerá o materialismo
na sua forma mais violenta e mais nefasta, que é o comunismo.
Ora, de que depende o resultado do pleito de maio?
Depende dos votos do eleitorado brasileiro.
O eleitorado brasileiro, portanto - e tanto vale
dizer os católicos brasileiros - tem em suas mãos os destinos espirituais do
Brasil, e talvez os do mundo.
Dormir enquanto uma tal batalha se prepara, viver
sua vida de todos os dias indiferente a tudo quanto não seja a banalidade das
ocupações de sempre, construir egoisticamente sua felicidade individual,
enquanto se esboroa a felicidade do Brasil e corre risco a prosperidade da
Igreja, eis aí atitudes próprias certamente de um Pilatos, nunca porém de um católico brasileiro, e de um
congregado mariano.
No momento presente, a ninguém é lícito repousar
com a consciência tranqüila enquanto não tiver empregado todas as suas horas
vagas, todos os seus momentos de lazer, todos os seus recursos intelectuais e
morais a serviço da LEC.
E este serviço não é somente próprio aos eleitores.
Podem prestá-lo todos os católicos realmente ciosos da maior glória de Deus.
Uma discussão em favor da LEC no escritório onde se
trabalha, ou no clube em que se faz esporte; uma palestra a respeito do
programa da LEC com um companheiro que encontramos na rua ou um parente que nos
visita em casa, uma oração feita em rápida visita ao Santíssimo Sacramento pelo
triunfo da LEC, quem não o poderá fazer?
Ora, é destas dedicações perseverantes e ardorosas,
deste proselitismo combativo e prudente que a LEC precisa para seu triunfo,
pois que é principalmente dele que depende o sucesso do pleito.
Vemos, pois, que todos podem trabalhar pela LEC e
que, portanto, todos DEVEM trabalhar pela LEC.
Reflitam todos os católicos sobre a grande
responsabilidade que atualmente pesa sobre seus ombros. Decidam-se a sair a
campo pelos ideais da Igreja. Porque, se algum dia se ensopar o solo brasileiro
com o sangue das perseguições religiosas, ou se encher de luto a Igreja pela
crescente descristianização do Brasil, é sobre os inertes, sobre os
indiferentes, sobre os Pilatos que cairá toda a
culpa deste sangue e pesará todo o horror deste luto.
Como na narrativa evangélica, aproximam-se os
asseclas do farisaísmo (...) para crucificar novamente a Jesus. Entregá-lo-emos como Judas? Dormiremos como os Apóstolos?
Negaremos como São Pedro?