Muito freqüentemente o LEGIONÁRIO é atacado por
leitores que se manifestam incapazes de considerar à luz da Fé a presente
situação internacional. Obcecados por um nacionalismo irritadiço e exclusivista,
ficam inibidos de emitir um juízo lúcido sobre qualquer problema desde que para
tanto se exija a mais elementar dose de imparcialidade quanto aos interesses
nacionais.
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Assim, acolhemos com satisfação toda a prova de que
a opinião católica, também em outros países, reage ante as catástrofes
contemporâneas dentro da mesma orientação que o LEGIONÁRIO.
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Hoje transcrevemos o comentário autorizadíssimo
do órgão norte-americano “Jesuit Missions”,
de janeiro de 1942. Posto em presença do ataque brutal desferido pelas tropas
nipônicas contra as Filipinas, essa prestigiosa revista não ocultou a vivacidade de seu
ressentimento patriótico. Isto não obstante, falou mais alto seu espírito de fé
e os prejuízos sofridos pela Igreja, nossa Pátria Espiritual, lhe causaram uma
dor que superou a expansão de quaisquer outros sentimentos.
Como adiante
se verá, o “Jesuit Missions”
soube distinguir claramente o caracter religioso da luta que presentemente se
trava na Ásia. Em sua edição de
domingo p.p., comentou o LEGIONÁRIO a notícia tristemente significativa de que
os nipônicos estão dirigindo em nome de seus deuses pagãos, entre os quais
incluem o Micado, um apelo às populações nativas do Pacífico em que
mostram na vitória das armas Japonesas o triunfo das divindades do paganismo.
É, pois, com
muita razão que o “Jesuit Missions”
vê sobretudo na reação ianque nas Filipinas uma possibilidade de resistência do
elemento católico contra o paganismo nipônico.
Lembremo-nos
de que a mesma clarividência também a nós brasileiros nos deve guiar. Lutando
contra Duguay Trouin e os Batavos,
nossos maiores salvaguardaram a unidade política, mas procuraram acima de tudo
defender a unidade religiosa, pelo que nimbaram com a glória do martírio seus
esplêndidos louros de heróis nacionais.
Também nós
devemos antes de tudo ver em naus inimigas que possivelmente ameaçam a
integridade de nosso solo, além de agressores da Pátria, adversários da Igreja,
e com o duplo ardor de Cruzados da Cruz e patriotas denodados devemos enfrentar
a ameaça do paganismo moderno.
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É o seguinte o artigo de “Jesuit
Missions”:
A FÉ
CATÓLICA E O ASSALTO JAPONÊS
(Do “Jesuit
Missions” de janeiro de 1942). - Um ataque selvagem
foi desfechado por uma nação pagã contra o único país inteiramente católico do
Oriente. Tal, julgamos nós, é o quadro nítido que os católicos americanos
deveriam ver na tentativa japonesa de invasão das Filipinas.
Existe uma
certa disposição entre os americanos de considerarem a guerra, em que ora se
empenha nossa pátria no Pacífico, simplesmente como uma luta vingativa contra
uma potência que nos atacou traiçoeiramente, quando estavam ainda em andamento
as negociações de paz. A guerra, sem dúvida, tem este aspecto, mas apresenta
também um outro que os católicos, especialmente, não deveriam perder de vista,
a saber, que nosso país hoje se encontra na posição de quem defende, com seu
Exército e sua Marinha, a causa da Fé Católica nas Filipinas.
Nesta defesa das Filipinas, não podemos acusar os
Estados Unidos de motivos imperialistas. Os Estados Unidos ofereceram aos Filipinos independência completa, e esta entrará em vigor
em 1946. A perda agora das Filipinas, pois, não significa muita coisa para os
norte-americanos, mais seria um golpe severo contra o catolicismo, no Oriente.
A posição singular das Filipinas entre as nações do
Extremo Oriente, no tocante à fé‚ ficou bem definida com a decisão da Igreja de
realizar ali o Congresso Eucarístico Internacional, em 1937. Em nenhum outro país do Extremo Oriente se
poderia verificar tal acontecimento. Dos 16.000.300 habitantes daquelas ilhas,
12.800.000 são católicos. A Igreja‚ é verdade, está estabelecida em todas as
demais nações do Oriente, mas apenas como pequenos oásis verdejando em desertos
do paganismo. Entretanto, nas Filipinas toda a cultura e o espírito da nação
são verdadeiramente e sinceramente católicos.
Como católicos americanos, temos justo motivo de
nos orgulharmos da Fé nas Filipinas, porque nos últimos dois decênios
contribuímos notavelmente para seu progresso. Existem hoje trabalhando ali mais
de 480 missionários americanos, sendo que mais da metade deles são membros de
uma Província Jesuíta Americana.
A missão dos Jesuítas Americanos é de fato uma das
grandes glórias não somente das Filipinas, mas da Igreja universal. Além de 27
grandes centros missionários, ela dirige 2 seminários, 3 ginásios, 2 colégios e
uma grande e famosa universidade, o Ateneu de Manila. Tem também sob seu
cuidado espiritual 5 colônias de leprosos, inclusive a de Cullón,
que é a maior do mundo. Em Manila, os Jesuítas americanos dirigem o famoso
Observatório de Manila repartição oficial meteorológica do governo, e elo importante
da Defesa Nacional. Dos 250 Jesuítas que há nas Filipinas, todos membros da
Província de Nova York, Maryland, quase metade são Filipinos nativos, o que representa impressionante tributo
aos esforços da Missão, para desenvolvimento de um clero nativo.
Como católicos, nos orgulhamos dessa grande
realização, que desejamos manter e conservar. E, como americanos, palpitam
nossos corações ao pensarmos que as forças armadas de nossa pátria estão
presentemente empenhadas numa defesa heróica da obra que conseguiram realizar.
Devemos todos orar fervorosamente, portanto, por uma vitória americana, pois
que tal vitória, cremos, seria uma vitória católica.