Merece, na pastoral coletiva de nosso episcopado,
particularíssimo registro o tópico que, sob o título "Jesus Cristo, Deus e
Homem", relembra a Doutrina Católica acerca da Incarnação do Verbo e da
natureza divina e humana do Salvador, mostrando ao mesmo tempo que em geral as
heresias de todos os feitios e de todas as máscaras acabam por negar ora a
Divindade ora a Humanidade de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O ensinamento de nossos Bispos constitui um eco
eloqüente do que, na Encíclica escrita por Pio XI contra o nazismo, o
grande Pontífice deu ao mundo sobre o mesmo assunto. Mostra o Papa que não tem
a verdadeira fé em Deus quem não crê em Jesus Cristo; não tem a verdadeira fé
em Jesus Cristo quem não crê na Santa Madre Igreja, e não tem a verdadeira fé
na Igreja quem não reconhece a autoridade infalível do Santo Padre.
No discurso em que, por ocasião da inauguração da sede da
Federação Mariana, saudou o Exmo. e Revmo. Sr.
Arcebispo Metropolitano, proclamou o Dr. Ataliba
Nogueira que está ao menos
momentaneamente, entre nós, encerrada para a Igreja a fase do combate em campo
raso contra adversários de viseira erguida. A crescente influência do Catolicismo
no Brasil se impõe aos adversários de nossa fé com a inexorável força do fato
consumado. Cessou a luta aparente. E, para melhor continuar a lutar, o diabo
"se fez sacristão", e a fase entre nós está aberta das
"aproximações" insidiosas, das infiltrações pérfidas, das
ambigüidades melífluas.
Na eloqüente oração com
que, na Cúria Metropolitana, saudou o Ex.mo. e Rev.mo Sr. Bispo de Jacarezinho, o Dr. José Pedro Galvão
de Souza foi mais longe, e
sob grandes e calorosos aplausos afirmou que, na vida religiosa do Brasil, tal
qual aconteceu às margens do Reno, o mais poderoso adversário não era aquele
que na frente de combate multiplicava os disparos da artilharia e os avanços
dos tanques, mas a quinta-coluna sorrateira, desleal,
cavilosa, que sugere as atitudes errôneas, provoca as falsas manobras, suscita
questões extemporâneas entre irmãos de crença e triunfa pela intriga, pela
calúnia e pela urdidura da conspiração.
O espiritismo e o protestantismo tem usado a valer dessa
prática. Enfeitando-se com o imerecido título de cristãos, os hereges procuram
difundir suas doutrinas, ocultando o quanto possível a nosso povo bom e piedoso
que elas são palavras de destruição e de morte para a alma, e que rompe com a
Igreja de Deus quem, culposamente, as professar.
Assim, parece-nos que nenhum meio é mais adequado
para reprimir as heresias espírita e protestante do que desmascarar suas
verdadeiras doutrinas sobre nosso adorável Salvador. E, ao mesmo tempo, nenhuma
ingenuidade é mais culpável do que a de certos católicos snobs que, para imitar não sei
que escritores de além-mar, parecem ter relegado ao ostracismo, em seu
vocabulário, a palavra "católico", substituindo-a, metodicamente,
pela palavra "cristão" de que tanto abuso entre nós se faz.
Orgulhemo-nos de nosso título de cristãos. Não pode o homem possuir outro tão
belo, mas por isso mesmo timbremos em nos proclamar, sempre e sempre,
católicos, apostólicos, romanos! Só é este título que traz consigo a garantia
de um Cristianismo sem mácula, sem jaças, sem falsificações.
Quanto mais apaixonadamente amarmos nosso título de
cristãos, tanto mais insistentemente timbremos em nos dizer católicos romanos.
Sem Roma não há salvação.