Os jornais diários não tem comentado com o devido
destaque as gravíssimas notícias que da Europa tem vindo nos últimos dias.
Dissemos, em nosso número anterior, que importantes
forças econômicas, políticas e sociais, recrutando seus partidários na alta
burguesia inglesa e francesa, tanto quanto na mais fina flor (...) do
socialismo, pleiteiam a transformação da França e da Inglaterra em países
totalitários, íntimos aliados de Hitler e dominados pela ideologia nazista.
Infelizmente, essas notícias se positivaram. Na
França, milhões e milhões de ex-combatentes estão organizando um movimento para que o
Sr. Daladier seja investido de
poderes ditatoriais. Não apenas de poderes financeiros discricionários como até
aqui tem tido, mas de poderes políticos e sociais ilimitados. É a ditadura na
França.
Ao mesmo tempo, na Inglaterra estão sendo
desenvolvidos esforços no mesmo sentido.
Evidentemente, as forças contrárias a estas
transformações reagem, e, particularmente na Inglaterra, procuram derrubar o
governo substituindo-o por elementos anti-nazistas. O
Sr. Hitler, para apoiar seus
aliados que agem na Inglaterra, ameaçou o povo inglês com uma guerra se subirem
ao governo os Srs. Duff Cooper, Churchill ou Eden. É a intervenção
brutal da Alemanha em questões internas da Inglaterra.
Ao mesmo tempo a Alemanha intervém na Alsácia-Lorena, onde uma intensa propaganda separatista está sendo feita
em língua alemã. É picante acrescentar que os comunistas apoiam também esta
propaganda! Caso o Sr. Daladier não fique como ditador,
o Sr. Hitler reclamará a Alsácia-Lorena
e a guerra arrebentará.
Enquanto isto, o Sr. Mussolini faz coro com o Sr.
Hitler e declara só confiar na França e na Inglaterra se vencerem as forças
que, dentro daqueles países, estão procurando nazificá-los.
É, em suma, a mentalidade nazista que desenha uma
ofensiva geral na Europa.
É possível que todas estas nuvens venham a ser
afastadas. Mas não parece provável.