No recente artigo em que extensamente definiu sua
posição política, esta folha timbrou em tornar bem claro o ponto fundamental de
sua orientação, que consiste no seu cunho católico, e exclusivamente católico.
Foi dentro deste critério, que esta folha se serviu
da liberdade de crítica que as instituições lhe conferiram, para indiferente a
questões meramente temporais, sem ligações com quaisquer partidos ou quaisquer
regimes, pugnar para a edificação de um Brasil no qual reinasse o Sagrado
Coração de Jesus.
Dentro desta linha de conduta exclusiva e
rigorosamente católica, dentro deste absoluto alheamento de qualquer
solidariedade meramente humana, ligados apenas à Santa Igreja Católica, outra
coisa não temos a fazer senão constatar o desaparecimento de um estado de
coisas cujos defeitos mais de uma vez apontamos, e dispormos a trabalhar dentro
da ordem e dos quadros institucionais recentemente estabelecidos, pelo único
ideal que até aqui nos tem animado, que é o apostolado católico.
Os ensinamentos que nos devem nortear a nós e a
todos os católicos, na hora presente, são os que o imortal Pontífice Leão XIII traçou para os
católicos franceses, no século passado.
Mostrou Leão XIII que a Igreja não
tem preferência por qualquer forma de governo, e que os católicos não devem,
como tais, empreender qualquer hostilidade aos regimes que encontrem
estabelecidos nas respectivas pátrias. Pelo contrário, devem trabalhar ativa e
diligentemente no sentido de aproximar tanto quanto possível, dos princípios
católicos, a legislação existente, atuando neste sentido de acordo com o que
lhes facultarem as leis. Na França, pois não deviam os católicos, como tais,
atacar a forma de governo republicana já estabelecida, mas trabalhar para que a
legislação promulgada dentro desta forma de governo, nos pontos substanciais
para a Igreja, fosse tanto quanto possível nitidamente católica. Esse o dever
dos católicos.
Católico e exclusivamente católico,
o “Legionário” vê a supressão de instituições, cuja vida se findou, sem a menor saudade, e
alimenta o firme propósito de lealmente, e dentro do quadro das novas
instituições, sem qualquer “arrière pensée”, trabalhar para o seu único ideal, que é o Reinado
de Nosso Senhor Jesus Cristo sobre o Brasil
O grande jornal católico espanhol “El Debate” não
teve outra atitude quando se tratou do câmbio da forma de governo na Espanha.
Respeitosos da monarquia, nada empreenderam seus diretores contra ela enquanto
existiu. Uma vez que novas instituições surgiram, “El Debate” as respeitou e
acatou, tratando de conseguir, dentro do quadro do novo regime legal, que a
legislação sobre o casamento, o ensino, trabalho, etc., fosse, tanto quanto
possível, conforme os ensinamentos da Igreja. Também o “Legionário” nunca se
associou a qualquer atividade subversiva do regime passado. Simplesmente,
usando da liberdade que as instituições vigentes lhe conferiam, mais de uma vez
apontou os graves e funestos males que decorriam de sua legislação defeituosa,
e do desastroso reflexo que sobre nossa vida pública produzia a falta de
formação religiosa de tantos e tantos de nossos políticos.
Católico e exclusivamente católico, vê ele a
supressão de instituições cuja vida se findou, sem a menor saudade. E alimenta
o firme propósito de, lealmente, e dentro do quadro das novas instituições, sem
qualquer “arriére-pensée”,
trabalhar para o seu único ideal, que é o Reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo
sobre o Brasil.
Obediente, como católico, à autoridade do Estado,
servir-se-á o “Legionário” dos meios que as novas instituições lhe facultam,
para atingir seu “desideratum”,
disposto a trabalhar sempre pelo Brasil e pela Igreja.