Impressionou agradavelmente a
todos os católicos a visita que o Ex.mo Sr. Governador do Estado fez a S. Ex.a
Rev.ma o Sr. Arcebispo Metropolitano.
Já vão longe os tempos em que um laicismo agressivo e impolido mantinha as autoridades civis
distantes das eclesiásticas, numa atitude de indiferença que mal disfarçava uma
hostilidade surda.
Aos poucos, no terreno do
protocolo e das gentilezas, as tradições de laicismo
vão sendo varridas de nossa política, e a atitude do Poder Temporal se vai
tornando cada vez mais correta em relação ao Poder Espiritual.
Manda a Justiça, entretanto, que
se assinale que o gesto do atual governador não é comum.
Muitos foram os antecessores de S.
Ex.a que nunca puseram os pés no Palácio São Luiz. E não é preciso procurar em
um passado de muitos anos, para encontrar um deles.
Ora, os católicos não podem deixar
de ser sensíveis a tudo isto. Porque tudo que se relaciona com a figura máxima
da Arquidiocese repercute diretamente no âmago de nossos corações.
* * *
Em um discurso dirigido à mocidade
do Império Britânico, o deão protestante de Canterbury,
que ainda recentemente elogiou os comunistas espanhóis, disse o seguinte:
“Deveis estar prontos a defender
três grandes causas: as da liberdade, da justiça e da paz. A liberdade é a
vossa herança”.
Na boca de um protestante de
tendências comunistas, bem se sabe o que significa essa linguagem. Liberdade se
identifica com anarquia. Justiça significa a eliminação de toda a hierarquia
social. E paz não é senão a fraternidade da revolução francesa.
Em nome de quem são pregadas essas
idéias demolidoras? Em nome do Cristo. Por que? Porque o livre exame torna
fáceis as mais monstruosas deturpações de sua doutrina.
E ainda há quem suponha que um
vago cristianismo, que não seja explicitamente católico, pode servir de solução
para o Brasil!
Certos católicos alemães estão
pagando muito caro esta ingenuidade.
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Um telegrama de Berlim
informou-nos que o embaixador do Reich junto à Santa Sé está para ser
substituído por motivos de idade, e que se cogita da escolha de um sucessor
protestante porque, “de acordo com a tradição diplomática, o representante da
Alemanha junto ao Vaticano é quase sempre um protestante”.
Esta “tradição” impede aos milhões
e milhões de católicos alemães que tenham um representante de sua confiança
junto ao Santo Padre. Cria, pois, um profundo constrangimento para eles. Mas
esse constrangimento em nada perturba o “liberalismo” protestante.
Para os protestantes, o
liberalismo religioso só serve em uma categoria de países: os países católicos.
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Um telegrama da Agência Havas informa que, na grande parada naval realizada
recentemente na Inglaterra, todos os Almirantes Britânicos e estrangeiros
compareceram trajando vistosos uniformes de gala, em homenagem ao Rei, “exceto
os representantes da Marinha Soviética, sobre cujo uniforme escuro austero,
viam-se as insígnias distintivas dos postos”.
“Austero” por que? Será possível
que, para a Agência Havas, as noções de “impolido”,
“plebeu”, “deselegante” sejam sinônimas de “austero”?
É com pequenas coisas deste jaez
que se envenena a alma de um povo. O leitor desatento fixa no espírito essa
noção de “austeridade”. E passará a achar, embora subconscientemente, que tudo
quanto não se enquadrar na plebeidade bolchevista não
é austero. Por exemplo, o Papa, no esplendor de sua Corte.
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É escandalosa a hipocrisia das
folhas nazistas que quiseram impor ao Vaticano que fizesse calar o Cardeal
Arcebispo de Chicago que criticou ao “Füehrer”.
Para ter o direito de fazer tal
pedido seria preciso que, em primeiro lugar, o “Füehrer”
fizesse calar as inúmeras folhas que circulam na Alemanha, sob a inspiração do
Partido Oficial, atirando contra a Santa Sé as injúrias mais baixas e as mais
rasteiras calúnias.
Aos modernos hitleristas
(...) aplica-se de cheio a condenação do Mestre Divino: enxergam o argueiro no
olho do próximo, e não vêem a trave que está no seu próprio olho.
Isto, supondo-se “argumentandi gratia”, que
o Cardeal Mundelein realmente se tenha excedido, o
que contestamos.
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Um comunicado
oficial do Governo alemão noticia que foi fechado o Seminário de Fulda pela falta de moralidade de seus alunos.
Moralidade? Mas quem quer falar em
moralidade? O homem para quem a palavra de honra empenhada ao pé de tratados
internacionais solenes não tem valor?
É este homem que vem caluniar um
grupo de rapazes que se segregara das delícias do mundo para se preparar para o
serviço de Deus?
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Da nossa Câmara dos Deputados nos
chega uma notícia deliciosamente cômica: foi solicitada a abertura de um
crédito de 2.500 contos para a instalação do funcionalismo necessário para a
fixação do salário mínimo.
Dois mil e quinhentos contos! Isto
não é remuneração para salário mínimo, mas para salário máximo!
É com esta seriedade que se tratam
no Brasil as questões sociais, nos círculos parlamentares.
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Na “Ofensiva” do dia 18 p.p., o
Sr. Custódio de Viveiros afirma que a plataforma do Sr. Armando de Salles Oliveira e a do Sr. Plínio Salgado defendem ambas a
“liberdade absoluta de religião”.
Se isto é assim, a que título os integralistas querem monopolizar o apoio político de todos
os católicos na destruição da ordem de coisas vigentes? (...)
Mas para que substituir a esta
ordem de coisa o Integralismo, se este está de acordo
com a política religiosa dos liberais?