Plinio Corrêa de Oliveira

 

Trabalho de limpeza

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 18 de abril de 1937, N. 240

 

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É grande o zelo com que os professores católicos se entregam à difusão da Religião de Cristo. Com sacrifício, muitas vezes, eles se aproveitam do escasso tempo que lhes é dado nas escolas públicas e trabalham ativamente na formação cristã de nossa infância. Também as diversas associações para a propaganda do Catecismo, como a Legião de São Paulo e a Liga do Professorado Católico dão o máximo de seus esforços para facilitar a boa instrução religiosa das crianças. São os bons mestres a que se refere Pio XI na Encíclica sobre a Educação, os quais “egregiamente preparados e instruídos, cada qual na disciplina que deve ensinar e adornados das qualidades intelectuais e morais, exigidas pelo seu importantíssimo oficio, se abrasam dum amor puro e divino para com os jovens que lhes foram confiados, precisamente porque amam Jesus Cristo e a sua Igreja de quem eles são filhos prediletos, e por isso mesmo têm verdadeiramente a peito o bem das famílias e da sua Pátria”.

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Recentemente, o Rev.mo Padre Arlindo Vieira S.J. denunciou, em uma resenha impressionante de transcrições, a propaganda bolchevizante a que se entregam três publicações especialmente destinadas à infância “Suplemento Juvenil”, “Edição Maravilhosa” e “Suplemento Policial”. Toda a orientação destas revistas é nitidamente comunista e como elas são amplamente divulgadas por todo o Brasil, sua ação é notavelmente perniciosa.

Em Minas Gerais, os professores católicos atendendo às palavras do Padre Arlindo Vieira iniciaram imediatamente a companha contra as referidas publicações. Para isso, em todas as escolas estão obtendo o compromisso dos alunos de não mais as lerem, ao mesmo tempo que, por uma grande publicidade, os parentes das crianças são informados da finalidade real dessas revistas.

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Temos certeza de que os professores católicos de São Paulo tomarão a mesma iniciativa. Não basta dar às crianças a instrução religiosa, ensinar-lhes o Catecismo e depois abandoná-las a todos os perigos do mundo. Se é verdade que estes existem e que um dia deverão ser enfrentados, é verdade também que antes que chegue este dia é “necessária uma vigilância extensa e cuidadosa” diz o Santo Padre na Encíclica já referida. O contrário seria entregar, a quem nunca guiou um automóvel, o volante de um carro em movimento, ou então iniciar a vacinação de determinada pessoa contra certa moléstia e, antes que o estado de resistência se desenvolvesse, obrigá-la a ingerir  uma cultura viva do gérmen responsável pela mesma infeção.

A instrução religiosa forma e imuniza eficazmente contra as doutrinas revolucionárias e extremistas. Não é possível, porém, permitir que estas sejam inoculadas a quem ainda se acha em vias de imunização ou a quem está ainda aprendendo a movimentar-se no mundo.

A infância e a juventude devem ser preservadas de toda a contaminação para que depois se apresentem fortes e ágeis. Tal é o trabalho que se oferece aos professores católicos paralelamente à sua ação positiva de ensino religioso. Eles devem afastar de seus alunos tudo o que os possa perverter e que possa tornar nulos os seus esforços para a boa formação das almas que lhes foram confiadas.

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Há ainda um último ponto a observar. Enquanto o mal encontra facilmente os elementos necessários para propagar e se infiltrar através de publicações e de propagandas caríssimas, o bem luta com todas as dificuldades. Por que não há boas revistas e jornais que propaguem as boas doutrinas e assim coadjuvem os nossos professores?

Incompreensão dos católicos, demais preocupados com a caridade corporal e esquecidos da espiritual? Talvez!...


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