Os jornais não deram atenção a um gesto monstruoso
de que a Congregação da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro
se tornou culpada. A Faculdade de Direito do Rio tem uma missão histórica de
extraordinário relevo a cumprir. Como Faculdade de Direito, incumbe-lhe formar
as diversas gerações de legisladores brasileiros que por ela vão passando
sucessivamente. Como estabelecimento de ensino superior localizado na Capital
Federal, incumbe-lhe um poderoso papel coordenador da mentalidade nacional.
Dadas as eventuais tendências jurídicas díspares das diversas Faculdades
brasileiras, a Faculdade do Rio deveria ser a mediadora, a unificadora a
julgadora irrecorrível, que fixaria os rumos do
pensamento jurídico nacional, sintetizando-o em uma poderosa unidade, escoimada de todo e qualquer ecletismo.
Infelizmente, porém, a Congregação da Faculdade de
Direito do Rio apostatou dessa altíssima missão. Seus professores, reunidos em
sessão da Congregação, resolveram manifestar seu contentamento pela soltura dos
“intelectuais” presos depois da revolução de novembro de 1935. Cremos que a
deliberação não foi unânime. Há, entre os Professores de Direito do Rio, muitos
que estão profundamente identificados com as mais sadias correntes do
pensamento nacional. Um deles, por exemplo, é o Prof. Alcebíades
Delamare. Sem termos especial informação sobre o fato, garantimos
que esse valoroso católico não deu e nunca dará sua adesão a uma deliberação
desse jaez.
No entanto, o fato - o fato espantoso, o fato
escandaloso - o fato inqualificável aí está: a Congregação da Faculdade,
representada pela maioria de seus professores, se regozija com a soltura de
comunistas que, do alto das próprias cátedras da Faculdade, pregavam no Brasil
a revolução social.
Formadora de mentalidades, a Faculdade apostata
assim de sua missão e trabalha para entregar ao Brasil gerações embebidas do
espírito comunista, em lugar de manter a formação jurídica dos advogados
brasileiros em harmonia com as tradições e as imperiosas exigências de nosso
povo católico. Ela cria, portanto, uma cisão entre os legisladores futuros e o
povo católico, que só poderá trazer para o Brasil as mais funestas conseqüências.
Coordenadora das tendências jurídicas do pensamento
nacional, ela abdica de sua liderança intelectual, para se arvorar em cúmplice
de uma corrente decididamente anti-nacional, contra a
qual se choca e se chocará sempre o espírito jurídico dos brasileiros, que deve
ser fundamentalmente católico.
No momento em que todas as forças vivas da
nacionalidade continuam alertas, para fazer face a qualquer surto de comunismo,
a Faculdade de Direito do Distrito Federal, provavelmente por imprevidência e por
intoxicação liberal, se acumplicia, ainda que
involuntariamente, com os piores inimigos do Brasil.
É doloroso.
Realmente, é doloroso.
No entanto, há coisas consoladoras
que projetam abundante luz sobre esse espetáculo triste.
A reação já começa a desenhar-se. Há 30 anos atrás,
os professores sustentavam, nas cátedras universitárias, doutrinas burguesas e
conservadoras que eram, pelos alunos, consideradas tímidas e sem atualidade.
Enquanto no alto das cátedras pontificava o espírito burguês, nos bancos dos
alunos fervia o espírito socialista e revolucionário. O mundo caminhava
velozmente para a esquerda. E os liberais procuravam detê-lo com breques de
teia de aranha.
Hoje, felizmente, a situação está
mudada. Do alto das cátedras vociferam ainda, freqüentemente, os últimos
arautos do espírito revolucionário ou liberal. Mas nos bancos escolares
sentam-se, muito freqüentemente também, defensores da ordem, cheios de
juventude e de Fé, desejosos de esmagar, com o dulcíssimo peso da Cruz do
Cristo, o liberalismo, o socialismo, o comunismo e outros “ismos”
congêneres.
A própria Faculdade do Rio de Janeiro é teatro
dessa renovação sadia que empolga todas as Universidades do Brasil. Conta ela
com uma aguerrida legião de estudantes católicos que opõe à pregação dos
comunistas uma resistência vitoriosa e invencível que, mais cedo ou mais tarde,
há de prostrar por terra os adversários da Igreja.
Pode o presente estar em mãos de inimigos da
Igreja. O futuro, a Providência divina o colocou em mãos de uma mocidade aguerrida
piedosa que, robustecida pela Eucaristia, saberá remediar a cegueira, a
imprevidência, a incoerência de tantos e tantos elementos exponenciais das
gerações passadas. Não, positivamente não há razão para desanimar.