O “Legionário”
apresenta hoje aos seus leitores um quadro de suas atividades no ano dramático
de 1936 [vide artigo “Nossos Editoriais”]. Na impossibilidade, por falta de
espaço, de mencionar toda a matéria de caráter político por nós publicada,
cingimo-nos ao segundo semestre do ano transacto.
Importantes acontecimentos assinalaram o ano de
1936. A guerra ítalo-etíope, a perseguição religiosa
na Alemanha, a revolução espanhola, a “poussée” socialista na França, a crise dinástica na
Inglaterra, a sucessão presidencial nos Estados Unidos, as incessantes perturbações do Extremo
Oriente, a revolução japonesa, a intensificação da propaganda comunista no
mundo inteiro, a falência da Liga das Nações, a Conferência Pan-Americana
da Paz, não deram um minuto de repouso à opinião pública, superexcitada.
As notícias veiculadas pela imprensa a este
respeito, em que posição colocaram a Igreja?
Em posição péssima, porque a excluíram quase
sistematicamente de suas cogitações, quando não a caluniaram.
Comentando sistematicamente os acontecimentos
[ocorridos em 1936], o “Legionário” julga ter prestado à causa católica um
serviço útil:
a) porque explicando sempre as atitudes assumidas
pela Igreja, desfez impressões falsas e até injuriosas que se deduziam de
notícias dos jornais, habilmente redigidas;
b) porque mostrando aos seus leitores quais os
interesses religiosos empenhados em todas essas crises e a repercussão destas
sobre a irradiação do apostolado católico, deu um curso completo de formação
cívica, ensinando o nosso público a relacionar tudo, na vida social ou
política, com os princípios morais ou sociais da Igreja.
Desintoxicar os leitores dos frutos da imprensa
neutra, e dar-lhe informação cívica realmente católica, foi nosso constante
escopo.
Assim, o “Legionário”
já não é só uma escola de jornalismo, mas também de civismo.
Pode parecer que o “Legionário” se excedeu nas
críticas, preferindo condenar o mal a louvar o bem. A impressão não é justa. Calamos
muita censura, por amor à paz. Examinamos com microscópio os acontecimentos de
1936, para encontrar neles algo que elogiar. E foi quase improfícua a pesquisa.
Se algum leitor, mais feliz do que Diógenes, sabe de algo de bom que nos tenha escapado, diga-o, para
que lhe demos o nosso aplauso.
Infelizmente, porém, duvidamos que isto se dê.