Sete Dias em Revista

 

"O Legionário" Nº 207, 30 de agosto de 1936

 

Evidentemente, alguns leitores dos diários de nossa Capital têm posto em dúvida as notícias procedentes de Burgos, relativas ao massacre de religiosos, e outras atrocidades praticadas pelo "governo" espanhol. Emanadas de Burgos ou de estações radiofônicas revolucionárias, tais notícias partem de uma fonte que poderia facilmente parecer suspeita a espíritos pouco propensos a reconhecer o barbarismo da mentalidade marxista.

Se, por absurdo, entre tais espíritos houvesse algum católico, chamaríamos sua atenção sobre as notícias provenientes do Vaticano, que confirmam grande número dos crimes marxistas noticiados por Burgos. Com o "visto" do Vaticano, nenhum católico poderá suspeitar a honestidade de tais informações.

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Entre os religiosos massacrados, o "Osservatore Romano" menciona 33 membros da Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs. Trata-se de um Instituto fundado por S. João Batista de La Salle, com o fito de divulgar, entre as crianças do povo a instrução, principalmente a primária.

Que mal fazem esses irmãos aos filhos do povo, para que mereçam o ódio dos comunistas? Deverão expiar com sua vida o pecado de difundir a instrução?

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As notícias vindas da Rússia nos informam minuciosamente a respeito da execução de alguns terroristas que tiveram a ousadia de investir contra a ditadura de Stalin.

Descoberta a conspiração, a repressão foi fulminante: pena de morte.

Se os comunistas acham legítimo que o regime soviético se defenda com tais armas, como justificam os acessos de sentimentalismo de que se sentem acometidos logo que alguém se lembra de aplicar uma justa penalidade aos "camaradas" Prestes, Berger, etc.?

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Os Srs. Flores da Cunha, João Neves e outros pertencem aos grupo de poetas dramáticos que, logo que se fala em repressão ao comunismo, são atacados de uma crise aguda de sentimentalismo, que os leva a hostilizar as mais elementares medidas de bom senso. Atualmente, seu maior espantalho é a criação de um tribunal especial.

Seria excelente que os eminentes políticos refletissem sobre as notícias que nos vêm de Moscou (e não de Burgos...) sobre o modo por que foram processados os terroristas da ala de Trotsky.

Em primeiro lugar, a lei russa autoriza a prisão, sem prévio julgamento, não apenas das pessoas acusadas de alta traição, mas também das respectivas famílias. Em segundo lugar, nem sequer se cogita de uma providência rudimentar em todos os processos judiciários das nações civilizadas, a identificação dos acusados.

Perto disto, não é um sonho cor de rosa, nosso inofensivo tribunal especial?

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O Santo Padre, em recente discurso, estigmatizou as diversas Frente Populares que, por toda a parte, andam preparando o advento do comunismo, com a cumplicidade de burgueses incautos e ambiciosos.

Não obstante isto, elas continuam a proliferar. Agora, é da Inglaterra que nos chegam notícias sobre a formação de uma Frente Popular, que já está dirigindo censuras às autoridades, por não irem em auxílio do Governo espanhol.

Assim, o fogo das múltiplas fogueiras que a política inglesa tem atiçado está começando a grassar também no Reino Unido.

Enquanto ardem a Inglaterra e o Mundo, o Rei Eduardo continua a fazer tranqüilas pescarias no Mediterrâneo...

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Felicitamos calorosamente o Deputado João Carlos Fairbanks, pela emenda que apresentou a um projeto de lei debatido pela Câmara. Segundo essa emenda, o Governo se veria na obrigação de prejudicar, por meio de irradiações especiais, a propaganda comunista que as estações de Moscou emitem em língua portuguesa.

É este um modo muito mais positivo, de cooperar com a Igreja, do que os eternos e estéreis sorrisos com que a brindam certos campeões do despistamento.

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O crédito que o Governo do Estado pediu à Câmara, para subvencionar às despesas efetuadas com a repressão ao comunismo, orça em quatro mil contos de réis.

Seria de inteira justiça não exigir que essa quantia saísse do Tesouro do Estado - em outros termos, do bolso dos contribuintes. A fortuna particular dos comunistas milhardários deveria ser responsável por tais despesas. É um princípio fundamental do Direito, que cada qual é responsável pelo dano que causa.

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Temos, mais de uma vez acentuado que as homenagens com que se procura cercar a Igreja não têm o significado que alguns espíritos menos cautos lhes procuram emprestar.

Uma eloqüente prova disto está no discurso em que o Vereador Marrey Jr. propõe à Câmara Municipal um voto de pesar pelo falecimento do saudoso Bispo Dom José Lara. Esperaria jamais S. Ex.a Rev.ma merecer um necrológio do próprio ex-grão-mestre da maçonaria?