À Margem dos Fatos
"O Legionário" Nº 203, 2 de agosto de 1936
A United Press informa que, na Espanha, o Governo fuzilou 116 oficiais e 200 civis, implicados na tentativa de revolução em Madri. Outro telegrama transmite notícia corrente em Marselha, de que foram decapitados por forças governistas três jesuítas, cujas cabeças foram conduzidas pelas ruas em uma salva de prata. O mesmo telegrama também comunica constar na mesma cidade que as religiosas de um convento foram despojadas de seus trajes e atiradas assim à rua.
Estas e outras "proezas" são levadas a efeito pelos membros de um partido que, na pessoa de seu chefe, Largo Caballero, se encheu de ternura pelo destino do camarada Prestes.
E ainda há ingênuos que se deixam impressionar pelo sentimentalismo farisaico dos assalariados da 3ª Internacional!
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Um jornal madrilenho pede ao governo que "confisque os bens dos políticos que fomentaram a revolta, visto como seria absurdo respeitar o dinheiro daqueles que, pela sua ação, causam os maiores danos à economia nacional".
Assim para aquele órgão bolchevizante, é indiscutível o princípio de que o uso de uma fortuna, contra os interesses da ordem pública, justifica seu confisco por parte do Estado.
Aceitamos o princípio, porque é rigorosamente verdadeiro. E, "aplicando el cuento" ao Brasil, achamos que a fortuna de certos comunistas milhardários como o jovem Mangabeira, deveriam ser confiscadas em proveito de estabelecimentos de caridade.
Concordaria com isto o órgão madrilenho?
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As agências influenciadas pelo governo da Espanha comunicaram, com uma linguagem repassada de admiração, o seguinte feito realizado por um "legalista" de sua terra.
Encontrando-se entre os rebeldes, aceitou a incumbência de ir a Albacete auxiliar os revolucionários daquela cidade. Para isto, manifestou convicções antigovernistas, que não tinha. Logo, cometeu uma traição.
Em vôo, percebeu que poderia descer em território ocupado pelas forças governistas. Viajava, porém, com ele, um oficial que, convicto da sinceridade das crenças revolucionárias do aviador, havia confiado a vida à sua lealdade. O aviador governista atirou-o ao mar. Logo, cometeu mais uma traição, e um assassinato.
A notícia acrescenta que o mencionado aviador levava consigo uma arma para suicidar-se, caso não fosse bem sucedido na sua traição. Logo, outro crime, este apenas planejado.
E a este tecido de infâmias, o pseudo espanhol achou tão belo, que resolveu comunicá-lo ao mundo inteiro.
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O Sr. Romanones, antigo ministro do Rei Afonso XIII, cedeu seu palácio para ser utilizado pelo Governo para os serviços auxiliares das tropas contra-revolucionárias. A Câmara de Comércio de Madri ofereceu 100.000 pesetas e um banco particular ofereceu 50.000 pesetas, "para os hospitais de sangue". É a eterna imprevidência da burguesia. Quem será capaz de garantir que tais somas não são destinadas à compra de armamentos? Só um ingênuo. Em tempo de guerra, auxílios para hospitais, se os doadores não querem ser ludibriados, devem ser fornecidos em gêneros. Ignoram isto os cândidos comerciantes da Câmara de Madri?
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É notável a habilidade com que certas agências telegráficas, muito nossas conhecidas, publicam entre muitas outras notícias da Espanha, pequenos telegramas como este:
"Registraram-se vários incêndios em conventos ou igrejas de onde partiam tiros contra as forças do governo";
ou este outro:
"Foram detidos, na fronteira, religiosos que levavam à França importantes somas de dinheiro".
O leitor cuja atenção é atraída principalmente para a marcha das operações militares, não atenta bem para tais notícias, de que lhe fica, no entanto, uma impressão desagradável quanto ao Catolicismo.
Por que não são mais claros os telegramas? Por que não explicam que o dinheiro com que os religiosos fugiam era por eles posto a salvo de um confisco quase certo? Por que não explicam que as igrejas de onde partiram tiros estavam abandonadas, que a autoria de tais tiros não podia, pois, ser atribuída aos Sacerdotes?
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Também com prazer, registramos a eleição dos deputados Cory Amorim, Leopoldo e Silva, César Salgado, e Padre de Abreu, para a comissão de educação da Câmara, que tanto interessa aos católicos.
Lamentamos, porém, que o PRP e o PC, que indicaram elementos tão bem orientados, tenham eleito também os conhecidos adversários do ensino religioso, que são os Srs. Americano e Pinto Serva.
Sempre o ecletismo. Pôncio Pilatos parece que ainda não morreu.
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Folgamos em registrar que o famoso "suplemento policial" do Diário da Noite já não circula. Devemos os parabéns à censura ou aos Srs. Chateaubriand?
Infelizmente, porém, a publicação de notícias escandalosas ou imorais não cessa em nossa imprensa.
A prova disto está em uma notícia publicada pela Folha da Noite, sobre o maltusianismo na Índia, em que, sob pretexto de informar os leitores, é feita uma apologia disfarçada do "birth-controll".