À Margem dos Fatos
"O Legionário" Nº 200, 21 de junho de 1936
Chamamos a atenção de nossos leitores para a extraordinária difusão que os Rotary Clubs vão tendo no Interior do Estado. É freqüente encontrarem-se nos noticiários do Interior de nossos diários a notícia da fundação de Rotarys novos. Para que todo este esforço? Para constituir, paralelamente à rede das Congregações Marianas, uma rede "laica" de inspiração protestante e maçônica?
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Enquanto os comunistas espanhóis tomados de terníssimos sentimentos humanitários, se interessam pela saúde do camarada Luiz Carlos Prestes, sua sanha sanguinária é insaciável contra os católicos de sua terra.
Em discurso proferido no Parlamento espanhol, Gil Robles informa que, de fevereiro a junho deste ano, foram incendiadas 160 igrejas, mortas 269 pessoas, e feridas 1.287, "por motivos de religião".
Pascal dizia: verdade aquém dos Pirineus, erro além dos Pirineus. Seria o caso de dizermos: clemência, longe dos Pirineus; junto aos Pirineus, carnificina.
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O professor Hauer, fundador e chefe do movimento da "Fé Alemã", que tem em vista restaurar a crença nos deuses mitológicos, adorados pelos antigos povos germânicos, vinha recebendo, na sua tarefa, amplo apoio de Hitler.
Agora, porém, acaba de se demitir da "liderança" de sua corrente, por verificar que ela conduzia a um ateísmo completo, e que não é outro o resultado visado pelas autoridades alemãs.
É curioso notar esta convergência do hitlerismo com o marxismo, no terreno do ateísmo. Não é a única.
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Uma tristíssima página de nossa vida parlamentar, está sendo escrita pelos 2 ou 3 deputados que tentam defender, no recinto do Parlamento, o Sr. Pedro Ernesto, que está detido por inegáveis atentados contra a ordem social.
Um general que se aproveitasse de seu posto, para entregar o território de seu país ao inimigo, não seria escusado por nenhum homem de honra.
Se tal se dá com um general, que é um alto funcionário militar, por que não se dará também com um prefeito, que é um alto funcionário civil?
Mais uma vez, é o famoso romantismo brasileiro, que move os deputados mencionados, a proteger o Sr. Pedro Ernesto. Foram seus amigos pessoais, e por esse motivo devem defendê-lo contra tudo, contra todos... e até mesmo contra o Brasil!
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A Conferência Vicentina de Bebedouro assinou um manifesto, juntamente com associações atléticas, comerciais, espíritas, maçônicas, etc., prestigiando uma "Sociedade de Amigos de Bebedouro".
Provavelmente, tratar-se-á de algum abuso. Não nos parece crível que, em um momento como este, em que os campos devem andar mais divididos do que nunca, seja possível a católicos militantes e modelares, como os vicentinos devem ser e são, uma tal prova de ecletismo religioso...
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Um leitor que se oculta sob o pseudônimo de Gil do Prado, ao qual já devemos mais de uma colaboração, enviou-nos um trabalho interessante, que, no entanto, não podemos publicar.
O trabalho é por demais pessoal, conquanto justo talvez nas suas considerações. Por este motivo, lamentamos não poder dar-lhe divulgação.
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No último número comentávamos a prisão de vários religiosos franciscanos, na Alemanha, por crimes inomináveis, e, no entanto... inominados.
Agora que começa o processo, o senhor procurador geral do Reich acentua a necessidade do sigilo nos debates, para defender o decoro público.
No noticiário da prisão e da qualificação dos pretensos crimes não havia ofensa ao decoro público. Esta ofensa aparece agora, no desenrolar do processo.
Por que esta mudança de atitudes? Por que este puritanismo tão tardio e sobretudo tão unilateral?