À Margem dos Fatos
"O Legionário" Nº 199, 7 de junho de 1936
Telegramas publicados pela imprensa diária nos informa que 268 Religiosos Franciscanos foram detidos na Alemanha, sob o peso oprobioso de uma das mais negras acusações que se possam fazer contra um homem.
É tão baixo o terreno para o qual a política do Sr. Hitler quis deslocar a sua luta contra o Catolicismo, que nós não o acompanharemos até lá.
Nenhum comentário, pois fazemos ao dito telegrama, que a Delegacia de Costumes de S. Paulo deveria ter retido antes da publicação.
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São Paulo, a metrópole dos bandeirantes, foi, até hoje, uma das cidades mais trabalhadoras do mundo.
Parece, porém, que, ao sopro da propaganda comunista, São Paulo esteve na iminência de perder sua fama de colméia operosa, para transformar-se em caixa de agressivos e ociosos marimbondos.
A Delegacia de Ordem Política e Social noticia que, no ano de 1935, houve 126 greves em São Paulo. Quer isto dizer que, de três em três dias, cessava de funcionar uma indústria paulista, por período de tempo às vezes bem longo.
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Esta e outras verdades não foram suficientemente expressivas, para fazer compreender ao deputado paulista, Sr. Teixeira Pinto, que o perigo comunista é algo de muito mais grave e mais importante, do que os pequenos interesses pessoais e partidários de S. Ex.ª
Por isto é que aquele deputado paulista (!) propôs uma lei, ao Congresso, tendente a soltar imediatamente todos os implicados nos últimos levantes.
Esse projeto de lei, em que o Sr. Teixeira Pinto procura quebrar as algemas que atam as mãos criminosas dos inimigos do Brasil, não teria sido apresentado, se o Sr. Teixeira Pinto não tivesse sido eleito. E o Sr. Teixeira Pinto não teria sido eleito, se muito e muito católico que por aí existe não se tivesse esquecido de perguntar pelas opiniões de S. Ex.a, antes de sufragar seu nome.
Indiretamente, pois, o projeto não corre só por conta do Sr. Teixeira Pinto, mas dos católicos "café com leite".
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Não podemos omitir uma palavra de elogio ao Sr. Deputado Martins e Silva, pelo corajoso telegrama que endereçou ao Sr. Largo Caballero.
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Teve um belo gesto o Sr. Governador do Estado, constituindo seu representante, nas homenagens prestadas ao Sr. Cardeal, ao Sr. Deputado Cardoso de Mello Netto. Esta é mais uma, das muitas gentilezas com que S. Ex.a não tem cessado de manifestar a consideração para com o Poder Espiritual.
Temos, porém, certeza plena de que, ao Sr. Cardeal, teria sido muito mais grato do que o telegrama, que S. Ex.a purificasse a Diretoria do Ensino dos funcionários que lá militam, e que, para comemorar o jubileu do eminente prelado paulista, o ensino religioso fosse contemplado com uma hora inteira, no horário escolar, em lugar da exígua meia hora que lhe deu a regulamentação vigente.
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Todos os católicos brasileiros presenciaram com simpatia as homenagens prestadas pelo Sr. Presidente da República e pelo Sr. Ministro do Exterior, ao Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro.
S. Ex.a, que tem combatido fortemente o comunismo (ainda há dias foi demitido, por ser comunista, até um irmão do Sr. Juracy Magalhães), parece não perder uma oportunidade para pedir à Igreja sua cooperação na luta pela preservação social.
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Todo o mundo sabe o que é o Rotary, e qual a atitude de reserva que ele mereceu da Igreja.
Os telegramas nos contam que o Chefe da Nação, recebendo em palácio a visita do Rotary Club, "agradecendo as manifestações cívicas que acabava de receber dos rotarianos, fez sentir o quanto ela lhe era agradável, por isso que reconhecia no rotarianismo uma das grandes forças morais do mundo, capaz de conter o surto da subversão da ordem que ameaça a civilização e também pondo em relevo o acendrado patriotismo e civismo dos rotarianos do Rio de Janeiro".
Sempre o hibridismo...
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É uma maravilha de má vontade, o telegrama publicado na última sexta-feira, sobre a exposição da imprensa católica no Vaticano, certame em que a imprensa católica do mundo inteiro se faz representar.
Falando sobre os mostruários, o telegrama só menciona como digna de nota a imprensa católica entre os esquimós(!), silenciando sobre os grandes empreendimentos católicos como a Bonne Presse, El Debate, etc.
É sempre assim.