São João Bosco e a coluna da Imaculada Conceição na Praça de Espanha, em Roma, mandada erguer pelo Bem-aventurado Papa Pio IX
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Coluna da Imaculada Conceição, na Piazza di Spagna (Roma). Foto tirada por volta de 1880. O monumento foi inaugurado a 8 de dezembro de 1857, portanto três anos depois da proclamação desse dogma
Da obra “Fatti ameni della vita di Pio IX raccolti da pubblici documenti” (Don Giovanni Bosco, Torino, 1871) A definição dogmática da Imaculada Conceição é um dos mais assinalados acontecimentos da história da Igreja. Uma soberba coluna erguida na Praça de Espanha, em Roma, consagra para sempre a memória deste fato tão glorioso a Maria. As quatro colossais estátuas de Moisés, de Davi, de Ezequiel e de Isaías circundam o pedestal, e suas profecias evocam à mente o grande mistério definido por Pio IX. O referido pedestal é adornado com dois baixo-relevos. Um representa São José sendo advertido pelo Anjo, durante o sono, sobre o mistério da Encarnação; o outro, Pio IX proclamando o dogma. Sob o primeiro baixo-relevo estão escritas as simples mas sublimes palavras da angélica saudação: “Ave, ó cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois Vós entre todas as mulheres”. Do lado oposto se lê: Mariae Virgini Genitrici Dei ipsa origine ab omni labe immuni Pius VIIII. P. M. Insignis praeconii fide confirmata Decreto Q. D. S. VI ID. DEC. AN. MDCCCLIIII. PONEND. CURAVIT AN. SUI PRINCIP. XII. “À Virgem Maria, Mãe de Deus, imune de qualquer mancha desde sua origem, Pio IX, Soberano Pontífice, após haver confirmado com decreto de oito de dezembro, a fé neste insigne privilegio, pôs este monumento a expensas do universo católico, no décimo segundo ano de seu Sagrado Pontificado”.
A estátua de Isaías tem como legenda estas palavras do profeta: “Ecce Virgo concipiet – Eis que uma virgem concebirá’” (Is. VII, 14).
Sob o pedestal da estátua de Ezequiel se lê: “Porta haec clausa erit – Esta porta permanecerá fechada” (Ez. XLIV, 2).
Sob o pedestal da estátua de Davi: “Sanctificavit tabernaculum suum Altissimus - O Altíssimo santificou o seu tabernáculo” (Ps. XLV, 5).
Moisés abre o livro da Gênese e profetiza a eterna luta entre o inferno e o Céu: “Inimicitias ponam inter te et muliere – Eu porei inimizades entre ti e a mulher” (Gen. III, 15). Ora, a mulher inimiga da serpente não é apenas Maria, mas também a Igreja, da qual a Virgem é a personificação. “A Igreja também Ela é a sede da Sabedoria” e também a Mãe de Cristo, dado que o cristão, como diz Tertuliano, é um outro Cristo. Em nossos dias, a inimizade está em seu ápice, a luta é ardorosa. Mas o pé vencedor que esmaga a cabeça da serpente nos pressagia uma vitória tão gloriosa quanto infalível. Nós (São João Bosco se refere a si) tivemos a ventura de visitar, na igreja de São Boaventura (em Roma), o quarto do Bem-aventurado (hoje Santo, n.d.t.) Leonardo de Porto Maurício que predisse este triunfo em uma carta ora célebre. O exemplo de Roma, mãe e mestra de todas as igrejas, despertou no mundo inteiro o ardor e o zelo dos filhos de Maria. Vimos germinar uma quantidade enorme de monumentos, de altares, de santuários, de igrejas, de estátuas destinadas todas a perpetuar a memória do grande ato de 8 de dezembro de 1854 (proclamação do dogma da Imaculada Conceição, n.d.t.), e a ereção da coluna erguida por Pio IX na Piazza di Spagna foi também o sinal ao qual todo o orbe se apressou em responder com aquela riqueza de monumentos que espontaneamente cobriu o mundo (cfr. op. cit., pag. 43-49 in “Opere Edite”, Libreria Ateneo Salesiano, Roma, 1977).
No dia 8 de dezembro, na Piazza di Spagna, a coluna da Imaculada Conceição é especialmente adornada pelos fiéis (acima). Logo pela manhã desse mesmo dia, os bombeiros colocam uma coroa de flores no braço da imagem, que permanece até a mesma festa no ano seguinte (fotos abaixo)
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