"Catolicismo", N. 446, Fevereiro 1988, pág. 17
A TFP uruguaia em defesa do trabalhador manual
A Sociedade Uruguaia de Defesa da Tradição, Família e Propriedade acaba de lançar a obra "Show marxista-sindical escraviza operários, envenena relações sociais, ´caotiza` o país – A TFP em defesa do operário honesto, pacífico e majoritário do Uruguai", de autoria de sua Comissão de Estudos.
Através de 240 palpitantes páginas e baseado em mais de 600 documentos, o estudo disseca o movimento sindical uruguaio em sua doutrina e em seus métodos, bem como em seus artifícios, fantasias, sua força e suas debilidades. Desmascara a farsa da luta de classes no Uruguai e mostra como o operário é o aliado natural do patrão.
O Partido Comunista uruguaio (PCU) e o Movimento de Libertação Nacional (MLN-Tupamaros) aboletaram-se na central sindical – Plenário Interdepartamenal de Trabalhadores (PIT) e Central Nacional de Trabalhadores (CNT) – e a instrumentalizaram em favor do comunismo internacional. Mas 80% dos trabalhadores uruguaios dão um desmentido à autenticidade do PIT-CNT.
A saída verdadeira para os problemas do Uruguai é a união de todas as classes na busca da concórdia social.
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Na primeira parte da obra ressalta-se de modo particular a "práxis" marxista de dois anos de atividade sindical. Na segunda, fica patente a dialética marxista contida no Programa e na Declaração de Princípios da CNT. Programa e declaração que nos dão a fisionomia própria da organização sindical. Finalmente, na terceira, focaliza-se a natureza do comunismo, intrinsecamente violenta, destruidora, contrária aos interesses do trabalhador e de qualquer ser humano.
O estudo da TFP uruguaia levanta as seguintes questões:
Alguém duvidaria do caráter marxista da CNT, de seu entrelaçamento com a Frente Ampla, PCU, MLN-T? Ou de seu alinhamento com o sandinismo, o castrismo e com qualquer outro regime ao gosto do Cremlin?
Há no Uruguai quem não saiba que o comunismo é o paroxismo do erro e da ignomínia, não havendo mal que dele não se possa recear?
E responde: todos o sabem ou o pressentem.
No entanto, os que têm responsabilidades na condução do país, eventualmente levados pela voragem dos assuntos contemporâneos, não vêem estes grandes quadros de conjunto que lhes permitam considerar tal realidade.
O país oficial vive neste aspecto um imenso "show" baseado em três grandes mentiras: o comunismo se condói com o pobre e quer solucionar a miséria e a exploração; os operários são marxistas, odeiam o patrão, desejam a luta de classes; o sindicalismo uruguaio representa os trabalhadores e é legitimamente conduzido pela PIT-CNT.
A realidade, como fica provado no estudo da TFP uruguaia, desmente de modo gritante essa tríplice mentira. Mas o país oficial atua como se fosse verdade.
O certo é que, se não fosse pela resistência operária à sindicalização, o Uruguai já estaria há tempo vivendo numa Sindicatrocracia-anarco-marxista.
É necessário derrubar esse castelo de mentiras, fortaleza da CNT a serviço do comunismo.
Em primeiro lugar, fazendo com que o país oficial conheça o país real que não crê nessas mentiras e não entende como pessoas de responsabilidade crêem ou procedam como se nelas acreditassem.
Depois, exigir pelas vias legais e pacíficas a garantia dos direitos da maioria dos trabalhadores não sindicalizada. Portanto, protegê-los – não só como foi necessário no século XIX contra o abuso de algum patrão inescrupuloso – principalmente contra os inimigos da lei, as patrulhas sindicais instigadoras do ódio e da rebelião; os piquetes de greves que impedem aos que desejam trabalhar, agredindo até mulheres idosas; proteção contra a segregação e o "apartheid" no trabalho praticados pelos sindicalistas. O Parlamento e o Executivo uruguaios condoem-se com a situação operária como era apresentada no começo da Revolução Industrial e deixam inermes os oprimidos do presente.
A opressão, no Uruguai, está hoje do outro lado, isto é, da parte do sindicato. É a este que é necessário coibir. E é dele que o trabalhador precisa ser defendido.
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A Comissão de Estudos da TFP uruguaia conclui seu trabalho citando as sábias palavras de Pio XII, numa Radiomensagem ao "Katholikentag" de Viena, de 14 de setembro de 1952:
"Se os sinais dos tempos não enganam, na segunda fase das controvérsias sociais, em que já entramos, têm precedência (com relação à questão operária, que dominou a primeira fase) outras questões e problemas. Citemos aqui dois deles:
"A superação da luta de classes por uma recíproca e orgânica ordenação entre o empregador e o empregado, posto que a luta de classes nunca poderá ser um objetivo da ética social católica. A Igreja sabe que é sempre responsável por todas as classes e categorias do povo.
"Ademais, a proteção do indivíduo e da família, frente à corrente que ameaça arrastar a uma socialização total, em cujo fim se tornaria pavorosa realidade a imagem terrorífica do Leviatã. A Igreja travará esta luta até o extremo, pois que se trata aqui de valores supremos: a dignidade do homem e a salvação da alma".
Assim, no ano em que se comemorou o 70º. aniversário das aparições de Nossa Senhora em Fátima, a TFP uruguaia ofereceu ao público do país vizinho seu estudo como uma primeira contribuição para se caminhar na linha indicada pelo Pontífice.