17. TFPs levantam barreira de
indignação contra filme blasfemo
O Boletim das 15 TFPs, difundido a partir
de Nova York, é enviado a amigos das TFP disseminados em cerca de 130 países.
Foi um valioso instrumento na denúncia do filme blasfemo "Je Vous salue,
Marie"
A 23 DE JANEIRO DE 1985 é lançado na França o filme
ímpio e blasfematório de Jean-Luc
Godard, Je vous salue, Marie,
o qual conta com o apoio do ministro socialista da Cultura, Jack
Lang.
Desde o lançamento, os comentários sobre o filme, compactamente laudatórios, ocupam páginas e páginas dos
jornais franceses. A televisão projeta e comenta algumas de suas cenas, e fotos
propagandísticas são reproduzidas em revistas e
cartazes. A alma de dezenas de milhões de franceses fica enlameada pelo
escândalo resultante dessa orquestração publicitária.
A imprensa mundial, sempre ávida de matéria para
escândalos, imediatamente faz eco aos comentários da imprensa francesa.
Até mesmo órgãos da imprensa católica, dos quais se
deveriam esperar palavras de esclarecimento, alerta e repulsa contra o filme,
dedicam-se a engrossar a onda laudatória: "Présence
et dialogue", mensário do Arcebispado de Paris; "La Croix"; "Fiches du Cinéma" (semanário do Escritório Católico do Cinema); "Témoignage Chrétien"; "Études" (revista mensal dos jesuítas); "Télérama"; "La Vie"
(ex-"Vie Catholique").
Contudo, o caráter superficial das notícias publicadas
não permite ao público, sobretudo o católico, formar uma idéia mais profunda da
abominação que representa tal película. Para preveni-lo, a TFP francesa
incumbe-se de elaborar uma visão de conjunto do que a imprensa local vem
estampando a respeito, bem como uma crítica da película do ponto de vista da
doutrina católica (cfr. "Aperçu", boletim
da TFP francesa, março/abril de 1985).
O documento, intitulado Apanhado da documentação
coligida sobre o filme Je vous
salue, Marie, põe
em evidência que, na película, todos os personagens se exprimem numa linguagem
vulgar, freqüentemente de uma grosseria tal que é impossível reproduzi-la. Por
qualquer motivo eles juram, trocam insultos e se referem, por exemplo, nos
termos mais crus, aos órgãos e atos sexuais. Longe de respeitar a virgindade de
Maria, José é apresentado como um amante vulgar, ávido de relações carnais.
Em longo monólogo que é uma espécie de paródia do
"Magnificat", "Maria" declara seu
"desprezo por tudo", seu "ódio a tudo", e sua revolta
contra Deus explode em odiosas acusações e imprecações. Ela o trata de
"frouxo", de "vampiro", e ainda expressões mais baixas.
Dentro desse contexto repugnante, várias frases do
Evangelho são pronunciadas textualmente, como no momento da saudação do
"anjo Gabriel" a "Maria": "Je
vous salue, Marie", à qual esta responde: “Faça-se em mim segundo
a vossa palavra”. Várias vezes aparecem na tela, como leitmotiv,
as palavras "Naquele tempo...”
Um iconoclasta furioso que destruísse algum quadro da
Anunciação, e lançasse os fragmentos em um mar de lama, cometeria sacrilégio
pequeno em comparação ao furor blasfematório do
filme.
Je
vous salue, Marie representou mais um episódio da
avalanche blasfematória que se abate sobre o mundo em
nossos dias. As TFPs procuraram levantar urna barreira de indignação
proporcionada à infâmia de filme de tal gênero.
Na França, o "Aperçu",
em tiragens sucessivas, atinge os 250 mil exemplares. Nada menos que 600
eclesiásticos e comunidades religiosas manifestam à TFP seu apoio ou seu
encorajamento.
O "Aperçu" da TFP
francesa é difundido também na Bélgica. Traduzido para o espanhol com
ligeiras adaptações, é publicado por "Covadonga Informa", órgão de
sua coirmã espanhola. A versão hispânica é divulgada ainda pelas TFPs
argentina, uruguaia (duas edições), boliviana e pelo Bureau
para a representação das TFPs na Costa Rica, o qual promove a difusão do texto
também na Guatemala; o semanário "Contrapunto",
um dos principais da capital costarriquenha, publica resumo da matéria.
A TFP canadense lança também um "Aperçu" adaptado do francês. O "Boletim das 15
TFPs", por sua vez, alerta a respeito seus amigos disseminados em cerca de
130 países.
* * *
No Brasil, "Catolicismo" publica substancioso
resumo do "Aperçu", ilustrando-o com
fotografia da Virgem das Lágrimas de Granada. O Prof. Plinio Corrêa de
Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, telegrafa ao Presidente
José Sarnev e ao Ministro da Justiça, Fernando Lyra, pedindo a proibição da exibição do filme, por fim
vetada pelo Presidente da República. A TFP envia-lhe congratulações, em 5 de
fevereiro de 1986. E, por ocasião do encerramento do VI Encontro Nacional
de Correspondentes e Simpatizantes, promovido pela Sociedade, as 2 mil
pessoas presentes aplaudem de pé o envio de nova mensagem de felicitações ao
Supremo Magistrado pelo mesmo motivo.
* * *
Na Argentina, a TFP recolhe assinaturas, nas ruas de Buenos
Aires e outras cidades, para uma mensagem endereçada aos Bispos argentinos,
pedindo-lhes filialmente que façam ver às autoridades
que o filme é inaceitável e deve ser proibido. De seu lado, faz também gestões
nesse sentido junto ao Presidente Alfonsin e ao sr. Antin, Diretor Nacional de Cinematografia.
Como nada de concreto é possível obter, membros da TFP
platina mandam cartas pessoais aos setenta Bispos do país, solicitando seu
apoio para a campanha contra o filme. Respondem oito Prelados, representando
importante apoio ao trabalho de esclarecimento da entidade.
Em novembro de 1985, a TFP manda telegrama ao Cardeal
Pritnatesta, expressando sua alegria e seu entusiasmo
pelo comunicado de imprensa por ele publicado, como Presidente da Conferência Episcopal
Argentina, no qual defendia a honra da Santissima
Virgem ofendida pelo filme Je Vous
salue, Marìe, e advertindo
aos que pretendiam exibi-lo no país.
De seu lado, a TFP chilena distribuiu um dossiê
sobre o filme blasfemo a personalidades da vida religiosa, cultural e educativa
do país, tão logo se fizeram ouvir vozes favoráveis à sua exibição. O dossiê
incluiu o artigo De personalidades católicas no Chile: surpreendentes
declarações em torno da película blasfema. Neste se comentam
declarações favoráveis à exibição feitas por Alicia Vega,
representante no Chile da Organização Católica Internacional do Cinema (OCIC-Chile); e comentários no mesmo sentido de Roberto Urbina, diretor do Centro de Comunicação Social do
Episcopado e vice-presidente da OCIC latino-americana.
O filme não foi exibido no Chile.
No Uruguai, as duas edições do dossiê sobre o
filme fazem com que se levante acesa polêmica pela imprensa, rádio e TV.
Bispos, sacerdotes e leigos se pronunciam em defesa da honra de Nossa Senhora.
Mais de 500 sacerdotes e religiosas dirigem carta ao Presidente da República
pedindo-lhe que proíba a exibição da película. O filme não obtém autorização
para ser apresentado ao público.
Na Colômbia, quando os primeiros elogios à obra
blasfema de Godard aparecem na imprensa, a TFP local
começa a coletar assinaturas para uma petição ao Presidente da República e à
Conferência Episcopal, contra a introdução ao filme no país. Antes mesmo de
terminar a campanha já não se ouve mais falar na possibilidade de projetá-lo.
* * *
A TFP norte-americana promove a distribuição,
em várias manifestações de rua e por correio, de 250 mil exemplares de um
resumo do filme. A maior demonstração de que partici-pou
reúne 8 mil católicos no Lincoln Center
de Nova York, por ocasião da primeira exibição. O texto da TFP é reproduzido em
todo o país, por organizações católicas.
No Canadá, a versão adaptada do "Aperçu" da TFP francesa, publicada pela TFP local, é
enviada pelo correio a 10 mil pessoas, solicitando aos leitores que escrevam aos
meios de comunicação social para protestar contra a exibição do filme, o que
efetivamente aconteceu em apreciável escala.
"The Canadian Slovak" reproduz o
documento em suas páginas, e os quotidianos "Zwiazkowier"
e "Polski Express"
noticiam a campanha.
Por ocasião da estréia do filme, em Toronto, em 7 de
setembro de 1985, centenas de fiéis rezam o Rosário diante do cinema, como
reparação. Cooperadores da TFP canadense portam cartazes que exprimem os
sentimentos dos participantes: "Não permitais, Divino Menino Jesus, que
caia sobre nossa Nação a vergonha desta blas- fêmia, contra a qual protestam todos os verdadeiros
católicos".
O Arcebispo de Toronto apoia oficialmente os leigos
indignados com a projeção blasfema.
Na mesma noite, o noticiário de televisão anuncia:
"Para alívio dos católicos, a película não será exibida nos cinemas de
Toronto".
* * *
A TFP espanhola faz publicar um resumo do dossiê sobre o filme em
página inteira dos jornais "ABC" (28-6-85) e "El Alcázar" (19-6-85), e difunde o texto completo em
campanha de rua.
O núcleo de Granada de TFP-Covadonga
coloca na fachada de sua sede social um cartaz de protesto pela exibição do
filme. Distribuem-se milhares de folhetos com uma "Visão de conjunto"
da película, na Universidade e nas ruas principais da cidade, e se promovem
atos de desagravo, um dos quais teve lugar no Santuário da Virgem de Vitória,
padroeira da cidade.
Em Portugal, o boletim "TFP lusa
informa" difunde resumo do "Aperçu"
francês. O Centro Cultural Reconquista promove um ato de desagravo diante da
Imagem de Nossa Senhora de Fátima que está no caminho dos peregrinos que se
dirigem a pé para o Santuário, na localidade de Leão, frequesia
de Caranguejeira.
–iac +0.05–Representando as
TFPs, o Ufficio Tradizione,
Famiglia, Proprietà de
Roma envia no dia 22 de abril de 1985 carta ao Cardeal Ugo
Poletti para deplorar a projeção do filme na Cidade
Eterna e levar ao conhecimento do Santo Padre que, em nome das TFPs, realizaria
um ato de desagravo ante o altar de Nossa Senhora "del
Miracolo" na igreja Sant'Andrea
delle Frate.
No dia 4 de maio seguinte Plinio Corrêa de Oliveira,
em nome das TFPs, telegrafa a S.S. João Paulo II associando-se de todo
coração à recitação do Rosário promovida pelo Santo Padre em reparação à
gravíssima ofensa feita a Nossa Senhora.
* * *
Na Austrália, a manifestação do Bureau para representação das TFPs. Ela foi prestigiada
pela presença do Arcebispo católico-maronita de Sydney, Mons. Abdo Khalifi. O impressionante número de cartas recebido pelo Bureau - 23 mil - mostra como foi grande a indignação do
laicato católico
A campanha das TFPs estendeu-se também à remota
Oceania.
Na Austrália, o Bureau
para a representação das TFPs publica, em 7 de maio de 1986, no maior
jornal católico australiano, matéria conclamando os fiéis a reagirem contra a
exibição do filme, enviando cartas de protesto à Censura Federal, e convidando
as famílias a recitarem o Rosário na intenção de que a película seja proibida.
Também sugere que escrevam aos Bispos e aos Sacerdotes rogando-lhes que
organizem vigílias de reparação ao Santíssimo Sacramento. Ao mesmo tempo, a
"TFP Newsletter" resume o conteúdo do filme
obsceno.
A reação é instantânea. No dia 9 de maio, reúnem-se no
Marian Center líderes de
várias associações religiosas, para concertarem a ação, difundindo-se
largamente a referida "Newsletter" e uma carta-protesto a ser enviada à Censura Federal.
A campanha do Bureau
das TFPs estende-se às portas das igrejas, onde a "Newsletter"
e a carta-protesto são distribuídas aos fiéis. Tal é
seu efeito que, em entrevista à imprensa, a censora declara: "Tantas têm
sido as cartas que me têm chegado, que o carteiro as tem jogado no chão em
desespero. Mais de mil por dia!" (1)
(1) Cfr. "The Sydney Morning Herald".
O Bureau envia
ademais aos Bispos australianos e aos padres de New South Walles e Victoria pedido para que se pronunciem pela proibição.
A projeção do filme acaba sendo autorizada. No dia da
projeção em Sidney, 1.500 pessoas portando uma Imagem
de Nossa Senhora Auxiliadora – Padroeira da Austrália – aglomeram-se em frente
ao cinema, em vigília de orações. Membros do Bureau
erguem os estandartes da entidade e procedem à recitação do Rosário.
Encorajados por Mons. Abdo Khalifi,
Arcebispo da Arquidiocese Maronita australiana, que faz uso da palavra na
ocasião, grande número de manifestantes se desloca até a Catedral, onde
permanecem em vigília por toda a noite.
Também na Nova Zelândia repercute a iniciativa
da TFP francesa. A revista "Christendom"
(Cristandade) impulsiona campanha nacional pedindo à Censura Federal a
proibição de Je vous
salue, Marie. Em três
meses se coletam 13 mil assinaturas. Há polêmica através da imprensa. A
Conferência Episcopal se pronuncia contra o filme. Sem embargo, a Censura
Federal o aprova.
Apela-se, então, para o Tribunal de Justiça,
obtendo-se ganho de causa. O juiz anula o certificado de censura concedido ao
filme que, desta sorte, não pôde ser exibido no país.
Um relatório sobre a campanha é enviado a S.S. João
Paulo II, então em visita ao país, através do Delegado Apostólico, bem como à
Conferência Episcopal. O representante do Pontífice felicita a revista e
agradece o que foi feito em defesa da honra de Nossa Senhora.
* * *
Este relato das atividades da TFP mostra que houve uma
incontestável vitória da opinião católica contra ofensiva de blasfêmias sem
precedentes no mundo ocidental. Esses numerosos protestos, longe de promover a
publicidade de "Je Vous
salue, Marie",
quebraram seu ímpeto de destruição e reanimaram o fervor de uma imensa multidão
de católicos.