Catolicismo, N° 536, Agosto 1995 (www.catolicismo.com.br)

 

Caravanas da TFP: 25 anos de atuação, cinco milhões de km percorridos

 

Na madrugada de 20 de junho de 1969, uma bomba terrorista explodia na sede do Secre­tariado Nacional da TFP, em São Pau­lo, à rua Martim Francisco, 669, bair­ro de Santa Cecília, destruindo parci­almente o prédio. Danificou também uma pequena imagem de Nossa Se­nhora da Conceição, a qual, desde então, passou a ser venerada no oratório erigido no local, em seu de­sagravo.

Três dias depois, a TFP saía às ruas em uma de suas mais célebres campanhas, envergando pela primei­ra vez suas capas vermelhas, ao lado dos já conhecidos estandartes rubros com o leão dourado.

Tratava-se da difusão de edição es­pecial de Catolicismo, a qual, com base em documentos divulgados ini­cialmente pelas revistas "Approaches", da Inglaterra, "Ecclesia", da Espanha, denunciava a ação de grupos proféti­cos ocultos, que tramavam a subver­são na Igreja.

Desenvolvida a sua atuação nas grandes cidades, a TFP organizou então caravanas de sócios e cooperadores que, nos meses seguin­tes, percorreram algumas regiões do interior brasileiro.

O resultado da atividade dessas ca­ravanas de voluntários sobre a opi­nião pública foi tão extraordinário, que a experiência não podia ser relegada ao esquecimento. Um desses voluntários, então jovem de 20 anos, recorda que em São Borja (RS), por exemplo, num só dia sua caravana chegou a vender quase 1.000 exem­plares do número especial de Catoli­cismo. É de notar que a caravana compunha-se de apenas nove elemen­tos, dos quais um ficava ao volante do veículo.

Era o primeiro passo para a cons­tituição de novas caravanas, que ti­veram caráter esporádico até que, em agosto de 1970, firmaram-se como instituição permanente na TFP.

Os caravanistas da TFP exercem uma ação especial dentro do amplo conjunto de atividades da entidade. A par de uma intensa ação externa, pro­curam manter sempre o espírito de oração e recolhimento interior.

Em razão do tamanho do veículo, eles se constituem em grupos de até nove pessoas. Observam a um certo regulamento e, ao lado de sua princi­pal atividade, que é a de difundir as obras da TFP, de­dicam parte do tempo à oração e ao estudo.

Nos fins de se­mana, reservam um período para o lazer.

Periodicamente reúnem-se ora na sede da TFP em São Paulo, ora em alguma sede de ou­tros estados, a fim de se colocarem em dia com notícias, estudos e ativida­des da associação. É também a oca­sião em que se abastecem de ma­terial para novas campanhas.

Ao partir, uma caravana pode dirigir-se, por exemplo, ao Sul do País, em pleno mês de julho, o que sig­nifica enfrentar gélidos ventos e, con­forme a região, até neve. Mas pode ser também o contrário: enfrentar os calores do Nordeste ou os mormaços da Amazônia.

Contudo, "vencer sem perigo é triunfar sem glória". Desta forma, enfrentar as adversidades de clima, más estradas, falta de alojamento, di­ficuldade de conseguir refeições gra­tuitas (pois em geral a simples ven­da de publicações nem sempre co­bre as despesas), tudo isso consti­tui para o caravanista a sua maior galhardia. Respirando o vento do heroísmo, ele vê nas adversidades que enfrenta uma ocasião a mais para defender com bravura os valo­res básicos da civilização cristã no Brasil. E prosseguir destemidamen­te nessa verdadeira epopéia.

Os números falam por si: a par­tir de 1970, mais de cinco milhões de quilômetros percorridos, o equivalente a 13 viagens de ida e volta à Lua. Ao longo desses 25 anos, divulgaram 1.767.908 livros e exemplares de Catolicismo. Visi­taram praticamente todos os muni­cípios do Brasil além de um número incontável de vilas e povoados de nosso país-continente.