Catolicismo, N° 452, Agosto 1988, págs. 18-19 (www.catolicismo.com.br)

 

Com estandartes e fanfarra,

campanha do livro-bomba na Espanha

 

 

Enquanto alguns cooperadores ostentam a faixa, outros levantam o estandarte, e outros ainda oferecem ao público a extraordinária obra, a fanfarra executa imponentes marchas e hinos em amplas praças, como a Porta do Sol...

MADRI — A Puerta del Sol, uma das mais movimentadas praças desta capital, foi palco, nas primeiras semanas de junho, de uma grande campanha da TFP-Covadonga, para lançamento de seu livro-bomba, "Espanha — anestesiada sem o perceber, amordaçada sem o querer, extraviada sem o saber".

O denso volume, com 580 páginas fartamente ilustradas, e sobretudo muito bem documentadas, sustenta que, sob a influência do Partido Socialista Operário Espanhol — atualmente no Poder — a nação está sendo submetida a um processo anestesiante capaz de desfigurá-la completamente (ver resumo da extraordinária obra na última edição de "Catolicismo").

Antes de sair às ruas, os membros da TFP espanhola foram às Astúrias, região norte do país, para aí rezar aos pés da histórica imagem de Nossa Senhora que se venera na gruta de Covadonga, situada entre as montanhas, próxima ao mar.

Foi nesse local que, no remoto ano de 718, acuados pela invasão muçulmana, Dom Pelayo e seus guerreiros, favorecidos por uma aparição de Nossa Senhora, iniciaram a resistência aos invasores, não aceitando as sugestões do Arcebispo D. Opas.

Este último, verdadeiro precursor dos modernos adeptos da posição "terceira-força", propunha um acordo cristão-muçulmano.

Sim, sim — não, não

... ou vai "perfurando" ruas estreitas como a da foto acima

Os toques de fanfarra, os estandartes ao vento, a proclamação de slogans, e a distribuição de um substancioso folheto resumindo as teses do livro, como têm sido acolhidos pelo público? Carlos Moya, um dos participantes da campanha, responde: "Com simpatia e aplauso caloroso de muitos e com repulsa de outros. Há os que dizem sim e os que dizem não. A zona nebulosa e indefinida dos indecisos existe, mas é bem menor do que se poderia supor, e tende a diminuir gradativamente".

A atual campanha se desenvolve também por meio de visitas de duplas de cooperadores de TFP-Covadonga a escritórios e residências, como ainda pelo envio de folhetos através do correio.

A título ilustrativo, eis algumas das repercussões:

* Uma dona de casa, ante a campanha, numa praça, declara-se enfaticamente favorável ao socialismo, mas é prontamente interpelada por outra senhora que afirma ainda mais alto: "pois eu sou contrária e vou apoiar esses jovens!"

* Na capela do famoso cemitério de Paracuellos de Jarama, durante a tradicional Missa pelos mártires da Guerra Civil, o capelão discorreu em termos altamente elogiosos, durante o sermão, sobre o livro que tinha em mãos.

* No centro de Madri, por sua vez, um jovem irritado declara: "Olha, a mim vocês não vão me convencer. Sou anarquista, e não vou sequer fazer caso do que me disserem". Depois, olhando para a movimentação da campanha, acrescentou: "Mas isto aqui... isto aqui é um fenômeno! É inacreditável!"

* Um senhor dirigiu-se a um dos propagandistas, desejando adquirir seis exemplares, pois havia tomado conhecimento da obra através de um amigo... Enquanto isso, na porta de um bar, outro senhor, bem vestido, disse já conhecer bem o socialismo. Ao ser indagado sobre o motivo de sua afirmação, declara laconicamente: "Sou deputado socialista".

* Não muito distante, um motorista de taxi estaciona seu veículo, e desce para adquirir um exemplar. Outro taxista utiliza o rádio de intercomunicação para transmitir a seus colegas um pouco da música executada pela fanfarra; para isso segura o microfone junto à janela.

* "Já era hora de que na Espanha saísse alguém para dizer isto", declarava em alta voz um jovem casal. Do interior de um bar, certo senhor exclama, após observar por algum tempo a campanha: "Es fenomenal!"

* Em face da fanfarra que passa, uma senhora brada: "El Cid! El Cid!" Não muito distante, um homem clama: "D. Pelayo, D. Pelayo!"

É o brado da Espanha autêntica, voltada para o heroísmo dos tempos da cavalaria e da Reconquista, que ecoa em nossos dias, e no qual se reconhece algo do timbre da grandeza de outrora.