Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

Artigos na

 "Folha de S. Paulo"

Janeiro de 1979 - Almoço oferecido pela "Folha de S. Paulo" aos colaboradores de sua secção "Tendências e Debates". Vê-se o prof. Plinio Corrêa de Oliveira à esquerda do diretor do jornal, Octávio Frias

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26 de maio de 1974 

Resistindo e aplaudindo 

A revista italiana "Chiesa Viva" de fevereiro do corrente ano noticiou que 300 mil católicos realizaram em Taipé (Formosa) uma manifestação contra o que intitularam política de subserviência do Vaticano em relação à China comunista. O ato culminou com uma cerimônia de um tocante simbolismo, isto é, a inauguração de uma imagem de "Cristo Sofredor".

A este propósito, lembram os observadores que em Formosa os católicos gozam da mais inteira liberdade religiosa. Assim, em torno dos antigos santuários marianos da ilha se vêm realizando manifestações de fé que atraem consideráveis massas de católicos. Tanto na Igreja da Imaculada Conceição, a mais antiga da ilha, quanto na Catedral de Taipé, por exemplo, grandes manifestações marianas se tem realizado recentemente, com fervorosa participação de fiéis.

A certos observadores custa compreender por que, então, a Santa Sé mantém afastado seu núncio de Taipé. Consideram estes observadores difícil evitar a impressão de que essa atitude do Vaticano se deve ao desejo de atrair a simpatia da China vermelha.

Essa penosa impressão parece encontrar consonância nas visitas, sempre mais freqüentes, e de óbvio efeito distensivo, que altos dignitários vaticanos vêm fazendo a países comunistas. Assim, a viagem de S. Excia. Mons. Casaroli a Cuba, com os concomitantes contatos com Fidel Castro, ou a ida do Emmo. Cardeal Rossi a Berlim Oriental para comemorar o bicentenário da Catedral de Santa Edwiges, ou ainda a visita de S. Emcia. o Cardeal Siri, Arcebispo de Gênova, à União Soviética. Essa última visita, é verdade, tem mero objetivo de turismo, segundo afirmou porta-voz da Cúria genovesa...

* * *

Para falar mais uma vez – e espero que esta seja a última – da visita de Mons. Casaroli a Cuba, devo informar os leitores que o Sr. Federico Alessandrini, Diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, atendendo a pedido meu, teve a gentileza de me enviar o texto da nota que distribuiu à imprensa contendo o desmentido das afirmações feitas por Mons. Casaroli sobre a situação dos católicos na ilha.

Como se lembram os leitores, as assertivas do Prelado foram feitas a agências telegráficas internacionais, que por sua vez as distribuíram a jornais do Brasil, Argentina e outros países. E nelas se baseou em parte a "Declaração de Resistência" da TFP.

À vista desse desmentido, a TFP publicou nota à qual nada tem que retirar ou acrescentar, depois de lido o texto enviado pelo Sr. Alessandrini.

Contudo, tendo o documento do Sr. Alessandrini em mãos, é-nos grato elogiar, num ponto, a atitude do Secretário do Conselho para Assuntos Públicos do Vaticano. Mons. Casaroli, como no documento se vê, teve ciência de nossa "Declaração de Resistência". E só lhe fez objeção quanto às assertivas que lhe foram pessoalmente atribuídas sobre Cuba. Ao mesmo tempo, foi bastante justo e objetivo para nada dizer contra nossa Resistência em si mesma considerada. Esse silêncio seria muito pouco provável, ou até inconcebível, caso Mons. Casaroli considerasse que, em nossa atitude, algo há de reprovável do ponto de vista da doutrina católica ou do direito canônico.

Quanto nos é mais grato aplaudir S. Excia., do que dele discordar!


Nota: Os negritos são deste site.


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