Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

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 "Folha de S. Paulo"

Janeiro de 1979 - Almoço oferecido pela "Folha de S. Paulo" aos colaboradores de sua secção "Tendências e Debates". Vê-se o prof. Plinio Corrêa de Oliveira à esquerda do diretor do jornal, Octávio Frias

Folha de S. Paulo, 16 de agosto de 1970

Quando o asco é demais...

O "ABC" de Madri é, como todos os órgãos da grande imprensa, muito discutido. Eu mesmo sou um dos que o discuto. Entretanto, não é possível negar-lhe a qualificação de um dos diários mais conhecidos e de maior influência no Ocidente. Pois foi o correspondente dessa folha em Paris que publicou recentemente um conjunto de informações tão inesperadas — e importantes — que delas não quero privar os meus leitores.

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Começa o sr. Luís Calvo — esse é o nome do correspondente — por narrar que grupelhos maoístas resolveram estragar as férias e até a vida quotidiana da burguesia francesa.

Para tanto, organizaram sistematicamente grandes incêndios em certas zonas de veraneio. Na Côte d’Azur e na Provence, na foz do Ródano e no Isère, imensas labaredas destruíram bosques inteiros, vastas propriedades e indústrias consideráveis. Confirmando suspeitas generalizadas, os círculos oficiais se mostram persuadidos de que esses fatos têm causa intencional e criminosa. Ao mesmo tempo, as piscinas públicas, em que mais alto é o custo da entrada, foram invadidas por grupos de estranhos vagabundos que nelas se banhavam. Nos jardins residenciais da famosa Avenue Foch, desconhecidos penetraram para fazer piqueniques ou "campings", ou para jogar futebol. Nas praias particulares, os "penetras" da violência se instalaram à vontade. E por toda a parte esses esdrúxulos "visitantes" espalhavam, de caso pensado, a imundície e o caos.

Eles entraram no "hall" dos grandes hotéis para descansar, e ocuparam prolongadamente as "toilettes", onde deixaram vespas, abelhas, insetos e baratas. Em todos os locais em que a entrada do público é vedada com a tabuleta "propriedade privada", esta foi arrancada. Pelas estradas, esses neobárbaros se deleitaram em jogar frutas e peixes para que apodrecessem. Apoderaram-se de todos os microfones para fazer propaganda revolucionária. E entraram nos cassinos para ler em voz de estentor textos de propaganda comunista.

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De onde vem a palavra de ordem para todas estas torpezas? De uma folha popularesca de grande tiragem, "L’Idiot International". Entre seus leitores se formaram os grupelhos de fanáticos que levaram a cabo este abjeto e sinistro programa.

E de onde vem o dinheiro para a publicação dessa folha celerada? É aqui que entra o papel dos "sapos" franceses. Segundo o correspondente do "ABC", o diretor do "Idiot International" se chama Jean-Edern Hallier. Ele acaba de comprar em Paris, por um milhão de Francos novos, nada mais nem menos do que o palácio dos Duques de Chatillon.

Sempre segundo o sr. Luís Calvo, Hallier, que é filho de um general, é casado com a herdeira do truste siderúrgico italiano Falck, herdeira de Giovanni Falck, íntimo de Mussolini.

A diretora-adjunta do pasquim vandálico é Mlle. Silvina Boissonas, filha de um influente homem de negócios da H.S.P. (alta sociedade protestante), Eric Boissonas, e de Silvia Schlumberger, filha de Conrado Schlumberger, famoso banqueiro protestante ligado à família Servan-Schreiber. O avô paterno de Silvina Boissonas abandonou a carreira diplomática para se dedicar a atividades bancárias, e a negócios de minas e ferrovias. Chama-se Jean Boissonas.

Entre os acionistas do "Idiot International", informa-nos Luís Calvo, está o visconde Olivier Soufflot de Magny, proprietário de um castelo na Bretanha. Figura também entre eles o conde Charles-Henri de Choiseul-Praslin, genro do magnata Henri de Wondel. Este último dirige a "Esquerda Proletária", outro órgão do gênero do "Idiot International". O filho do Marquês de Roux, Emmanuel de Roux, também é acionista do "Idiot International".

Mas estas figuras não são as mais importantes. A principal parcela de poder no "Idiot International" está nas mãos dos mencionados Jean-Edern Mallier, com castelo na Bretanha e Mlle. Boissonas, cujos pais pertencem ao famoso grupo das 200 famílias mais importantes da França.

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Por mais categórica que seja minha censura a certas formas de veraneio nudístico da burguesia contemporânea (e não só dela, pois o operariado de certos países europeus, contagiado pelo péssimo exemplo vindo de cima, veraneia no mesmo estilo), não posso deixar de exprimir aqui o meu repúdio à propaganda do neobarbarismo feita contra logradouros públicos e particulares — e no fundo contra a civilização ocidental — por instigação dessa "saparia", paradoxalmente dona de bancos, castelos e nomes famosos.

Com que termos exprimir esse repúdio? Não há termos adequados, quando o asco é demais.


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