21 de
maio de 1969
Os
"grupos proféticos" a serviço da Igreja-Nova e do comunismo
Um
dos maiores sucessos da propaganda vermelha consiste em ter persuadido
grande parte da opinião pública de que o comunismo é ansiosamente
desejado pelas imensas multidões anônimas de nossos dias. Nada é menos
real. Enxameiam os fatos comprobatórios de que essas multidões
consideram o comunismo com desconfiança e até com hostilidade.
Cito
uma prova disto: não há melhor método de inquérito da opinião pública do
que uma eleição autenticamente livre. Ninguém pode negar que as eleições
realizadas na maior parte das nações não comunistas da Europa são
livres. Como também o são as de vários países das três Américas. Ora, em
todas essas nações, os comunistas não deixam passar uma eleição sem por
em movimento sua requintada e custosa máquina de propaganda. Assim, tudo
fazem para incitar a maioria - que não é constituída por ricos - a que
se aposse dos bens da minoria. E o resultado é sempre o mesmo: a maioria
repele o incitamento, e nega seus votos ao comunismo. É o que vem
acontecendo sistematicamente desde meados do século passado quando Marx
lançou seu manifesto - até nossos dias. Em todo este longo período, os
comunistas jamais ganharam uma eleição.
Outra
prova nos vem do mundo comunista. É notória a inautenticidade dos
resultados das eleições que ali se realizam. Por que os comunistas temem
o voto livre? Obviamente porque receiam ser derrotados por ele.
Se
há, pois, uma constante no mundo de aquém e além cortina de ferro e de
bambu, é que a doutrina comunista é rejeitada pelas multidões. A este
respeito, o único lenitivo dos comunistas está em que conseguem desviar
deste insucesso vexatório a atenção de grande parte da humanidade.
Assim
mesmo, o mito das massas famintas e revoltadas vai sumindo em diversos
setores da opinião pública. Quando o janguismo levantou entre nós o
estandarte de sua reforma agrária, e a TFP lhe opôs o livro "Reforma
Agrária - Questão de Consciência", muitos dos "arditi" do
agro-reformismo acenaram com a ameaça de uma revolta geral dos
trabalhadores rurais, caso a partilha de terras não viesse logo. Ouvi,
há dias, em gravação, as conferências feitas no Chile por um
agro-reformista insigne e abrasado, D. Helder Câmara. Ele não fala mais
da revolta das massas como um perigo iminente. Pelo contrário, diz que
as massas são átonas em relação às reformas, porque são famintas. Assim,
a fome, que outrora servia para dar certa verossimilhança ao espantalho
da revolução social, hoje serve para explicar a notória atonia do povo!
* * *
É
necessário voltar sempre a essa tese básica da impopularidade do credo
vermelho, se se quer compreender algo sobre os reais problemas da
propaganda comunista.
Se,
pregando-o às escâncaras, o comunismo causa horror, como fazê-lo vencer?
Evidentemente, é ensinando-o sorrateiramente. Como se faz isto? Lançando
movimentos com rótulo não comunista, que se infiltrem em meios
anticomunistas, e ali transformem furtivamente as mentalidades.
Conforme a psicologia do ambiente a ser infiltrado, varia o rótulo.
Assim, para uma infiltração em meios católicos, o rótulo há de ser
necessariamente religioso. O objetivo do movimento infiltrante será,
então, uma metamorfose ideológica dos pacientes, que os deixe a dois
dedos do comunismo quando não os faça propriamente comunistas.
O que
acabamos de enunciar caracteriza os "grupos proféticos" como organismos
altamente suspeitos - é o menos que se pode dizer - de serem
instrumentos a serviço da obra diabólica de "comunistizar" os 500
milhões de católicos. Senão, comparemos alguns dos pontos principais da
doutrina "profética" - conforme os dados publicados pela revista "Ecclesia",
de que dei conhecimento aos leitores - e da doutrina comunista:
Doutrina comunista:
1.
Toda subordinação de um ser dotado de razão a outro, seja a que título
for, é uma alienação, uma exploração que a evolução deve fazer cessar.
2. A
crença em um Deus pessoal e transcendente é um mito alienante, só
existe o cosmos, impulsionado pelas energias da evolução que nele estão
imanentes e esparsas.
3.
Toda autoridade é alienante. A burguesia - oligarquia que tem em mãos a
direção da sociedade civil - deve capitular ante a luta de classes
movida contra ela pelos trabalhadores manuais, que formam a massa
explorada e alienada.
4. Só
existe esta vida. Não há realidade senão a matéria. Por isto, só
interessam ao homem os problemas desta terra, ou seja, o progresso e o
desenvolvimento promovidos pela ciência e pela técnica. As religiões que
orientam o espírito humano para ideais extraterrenos devem ser
proibidas.
5. A
Religião só é aceitável na medida em que ajuda a revolução social.
Doutrina "profética":
1.
Toda subordinação de um ser dotado de razão a outro, seja a que título
for, é uma alienação, uma exploração que a evolução deve fazer cessar.
2. A
crença em um Deus pessoal e transcendente é um mito alienante. Deus não
é pessoal, mas está esparso e imanente no cosmos, do qual é a energia
evolutiva.
3.
Toda autoridade é alienante. O Papa, monarca da Igreja universal, os
Bispos, monarcas locais, o Clero, classe dirigente da Igreja, devem
capitular ante a luta de classes movida contra ela pelos leigos, os
quais são, na Igreja, a massa explorada e alienada.
4. Os
únicos problemas reais da humanidade são os desta terra. Para os
resolver, a ciência e a técnica são os dois grandes meios. A Igreja deve
despreocupar-se do extraterreno e engajar-se inteiramente nesta obra.
5. A
Igreja deve renunciar ao seu caráter sacral, transformar-se em entidade
profana e promover a revolução desalienante contra os exploradores.
Senão, será rejeitada pela humanidade.
* * *
Haveria algo de mais vantajoso para o comunismo do que a vitória destes
princípios "proféticos" entre os 500 milhões de católicos? No dia em que
o "movimento profético" metamorfoseasse a maior parte dos católicos em
adeptos de uma Igreja-Nova "profética", é óbvio que o comunismo teria
tomado conta do mundo...