"Folha da Manhã", 9 de fevereiro de 1933

São Paulo mobiliza-se, espontânea e rapidamente, para as lutas eleitorais

A ação da "Liga Eleitoral Católica" na Capital e no interior do Estado Suas finalidades, no momento político nacional

[...] Prosseguindo nas visitas que tem realizado aos centros de alistamento desta Capital, a "Folha da Manhã" esteve, ontem, nas sedes da "Liga Eleitoral Católica" e do "Partido Republicano Paulista".

Abaixo procuramos reproduzir as impressões e informações que ali obtivemos.

A "Liga Eleitoral Católica" pretende alistar 60.000 paulistas 200 alistandos por dia, somente na sede central O movimento do interior do Estado Diretrizes da entidade

Não foi sem dificuldades que vencemos a aglomeração formada à porta do posto de alistamento da "Liga Eleitoral Católica". Graças, finalmente, à intervenção de um dos rapazes que presta o seu concurso aos trabalhos que ali se vêm efetuando, conseguimos palestrar com o Sr. Plinio Corrêa de Oliveira, secretário daquela entidade.

"Estamos satisfeitíssimos com o sucesso que vai alcançando a nossa iniciativa. E, não só na Capital, como nas demais cidades paulistas, o seu êxito, pode-se dizer, é, desde já, completo.

"A fim de facilitar os nossos trabalhos, subdividimos o interior do Estado em várias zonas, cada qual com a sua sede localizada na cidade principal da região. Isso facilitou, imenso, a irradiação rápida da ação da Liga, por todo o nosso hinterland (interior).

"Contribuiu, ainda como fator preponderante da rapidez dessa irradiação, o concurso que nos tem sido prestado pelas associações católicas, disseminadas por todo São Paulo. Instituições essas de que, conforme o Anuário da Cúria Metropolitana, fazem parte 129.000 pessoas. Dizendo melhor, a Liga limitou-se aos serviços de sua mobilização, concitando-os, depois, a promover a propaganda e o alistamento eleitoral.

"Aliás, Henry Ford incluiu, entre as três mais poderosas organizações do Mundo, a Igreja Católica.

"Para fazer uma idéia do que têm sido nossas atividades, bastará observar que temos alistado, diariamente, em média, 200 pessoas. Duzentas pessoas que protestam solidariedade à Liga, assumindo o compromisso de seguir as nossas diretrizes.

"Pelos cálculos que fizemos, disporemos, nos próximos pleitos eleitorais, de 129.000 eleitores.

"As diretrizes que pretendemos realizar? Infelizmente, algumas delas têm sido mal interpretadas. É preciso desfazer tais confusões. A Liga foi criada para defender, em toda a extensão, o catolicismo, usando, para a consecução dessa finalidade, todas as armas, uma vez que lícitas.

"Assim nos distritos em que todos os candidatos aceitem os ideais preconizados pelo nosso programa, deixaremos, ao eleitorado católico, plena liberdade de escolha.

"Se se der [ilegível], em determinado distrito um dos candidatos declarar-se contrário às nossas idéias, mas não acreditamos nas possibilidades de sua vitória, a ação da Liga será limitada à recomendação, aos seus adeptos, dos demais candidatos. Caso se ofereçam, com a dispersão de votos, probabilidades de vitória para o nosso adversário, então, conclamaremos os católicos a sufragar, nas urnas, o nome de um candidato que se proponha a defender as nossas idéias.

"Quero ainda, por intermédio do seu jornal, insistir, junto aos católicos paulistas, no apelo que lhes têm sido endereçado pela Liga. Não deverão esquecer que a coesão é indispensável à vitória do catolicismo. Todos têm esse dever. A nenhum é facultado fugir ao seu cumprimento.

"Há quem afirme, por aí, que estamos despertando a animosidade religiosa, no Brasil. Não é verdade: aqui, já temos alistado vários espíritas e protestantes. É um fato eloqüente e que, somente por si, desfaz tal afirmativa.

"Não estamos, repito, provocando animosidades. Estamos, sim, defendendo princípios básicos de nossa religião, da pátria e da família brasileira. Nem pretendemos imiscuir-nos em outras questões políticas, que não essas.

"Estamos-nos organizando para a guerra, a fim de que não sejamos perturbados para que a nossa paz não seja destruída."