Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

Tempo houve em que

o trabalhador era dignificado...

 

 

 

Catolicismo, N° 558 - Junho de 1997 (*)

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Creio que seria uma idéia interessante, para uma casa que vende bombons, lançar uma caixa com o formato de uma carruagem, destinada a guardar chocolates deliciosos. Julgo até que alcançaria grande sucesso.

Assim, a respeito dessa carruagem - que mais parece uma bombonière destinada a conter pessoas, e não bombons - poder-se-ia perguntar: como deveria ser a fisionomia de um homem, que estivesse em seu interior, para estar inteiramente adequada a ela?

Poderia ser o perfil de um Carlos Magno?

Absolutamente não!

Deveria ser, isto sim, a fisionomia de um homem como Luís XV. Isto porque na época de tais carruagens os homens já haviam abandonado a postura heróica, característica da Idade Média, para adotar a atitude cortesã do Ancien Régime - época do sorriso, da graça e do charme - que deu origem ao homem-bombom, ao nobre "croquant".

Na carruagem, os cocheiros - que eram trabalhadores manuais - colocavam-se bem em cima, numa evidência que seria própria a um marechal ou a um imperador. Mas para isso eles deveriam estar bem ornados, com plumas e tudo o mais, senão desdouravam o ambiente.

Convém ressaltar que, no século XVIII, o trabalho manual não era considerado aviltante. Em vista disso, os que o exerciam eram alçados, muitas vezes, a uma situação de destaque, da qual não se tem idéia hoje em dia.

Assim, no Ancien Régime o cocheiro não era alguém que se desprezava ou se ignorava. Pelo contrário, sua condição foi elevada, pelo sistema político-social então vigente, a um grau de dignidade e respeitabilidade que se manifesta com brilho especial no lugar de destaque por ele ocupado na carruagem.

Fato que, a meu ver, o homem de mentalidade revolucionária do século XX não consegue entender.

 

Carruagem da sagração (29-05-1825) do Rei Carlos X da França

(*) Excertos de comentários do Prof. Plinio para sócios e cooperadores da TFP em 9 de março de 1994. Sem revisão do autor.


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