Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

Pierre Toussaint

 

 

 

Catolicismo, N° 570, Julho de 1998 (*)

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A gravura acima apresenta-nos Pierre Toussaint, negro, na expressão mais categórica da palavra negro, cujo processo de beatificação foi iniciado em Roma, no ano de 1989.

Este homem tão humilde, entretanto que senso de dignidade revela! Ele comporta-se como muito ricos não o fazem. Se Toussaint figurasse no meio de pessoas do jet set, ou seja, do núcleo internacional dos ricos entre os ricos, sendo branco e com tal porte, diriam que sua atitude refletiria pretensão e aristocratismo insuportáveis. Não é verdade.

Ele é um filho de Deus cônscio de sua dignidade, com a segurança própria das pessoas que têm fé e lógica, sabendo onde pisam, aonde vão, conscientes do que dizem. É um homem certo e seguro, de olhar firme, cabeça ereta, porte digno e que conhece o caminho que deve seguir: o caminho do Céu.

Direi uma coisa que talvez cause espanto. Ele provavelmente teve que lutar contra a moleza, contra o ilogismo e ambiguidade das atitudes. Evidentemente, a energia, a lógica, a força da fé, a clareza das atitudes incluem-se nas características de sua luz primordial, ou seja, aquele conjunto de determinadas virtudes divinas que cada homem é chamado particularmente a amar e praticar. Portanto, os vícios capitais e pendores especialmente maus de Pierre Toussaint orientavam-se em sentido contrário. Sua fisionomia é, até certo ponto, a de um vencedor, mas dignificado, porque venceu-se a si próprio.

(*) Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio para sócios e cooperadores da TFP em 21 de maio de 1991. Sem revisão do autor.

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Quem foi Pierre Toussaint

Como escravo de católica família de nobres franceses, proprietária de plantação de cana de açúcar em Saint Pierre (hoje Haiti), Pierre Toussaint viveu feliz trabalhando na casa de seus donos, sendo encorajado por eles a ler e escrever devido à sua inteligência e precocidade.

Quando o clima da Revolução Francesa atingiu aquela ilha, mudou-se ele com seus senhores para Nova York, onde aprendeu a profissão de cabelereiro, na qual logo se notabilizou, tornando-se o preferido da elite local. Com isso pôde sustentar sua dona quando esta perdeu o marido e a fortuna.

"Pierre Toussaint foi admirado pela aristocracia protestante branca de Nova York que o tratava como um igual, confiava-lhe suas preocupações e se aconselhava com ele" (Christian Tyler, A fábrica de Santos de João Paulo II, "Financial Times", apud "Gazeta Mercantil" 14/15 março/ 1998).

Casado aos 45 anos com uma escrava que resgatara, Toussaint morreu octogenário, sendo enterrado na igreja de Saint Peter, que ajudou a construir e frequentou até sua morte, durante sessenta anos.


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