Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

Sem a leitura de "A Alma de todo apostolado", teria sucumbido

 

 

Santo do Dia, 23 de junho de 1990

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A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.

 

Dom Jean-Baptiste Chautard (* 12-3-1858 + 29-9-1935) Abade de Sept-Fons (França), da Ordem do ramo dos cistercienses reformados

  

O demônio prepara ciladas tremendas para as pessoas... Imaginem por onde a bocarra do demônio me esperava.

Quando completei 24 anos (em 1932), fui eleito pela Liga Eleitoral Católica (LEC) o deputado mais moço e mais votado do Brasil.

Muitos dos senhores aqui presentes têm 24 anos. Imaginem que se vissem eleitos deputados. Poderia dar uma pontinha de perigo de vaidade... Tanto mais que, naquele tempo, havia restos de Civilização no mundo, e os deputados – especialmente os paulistas – eram muito pomposos.

No dia de inauguração da Constituinte, no Rio de Janeiro, os deputados paulistas deviam comparecer todos de fraque e cartola. Em certa hora, saí do meu hotel rumo à Câmara Federal, de carro.

Quando o automóvel estava começando a entrar por uma longa avenida, vejo que lá havia tropas enfileiradas. E não sei como o comandante dessa guarda de honra percebeu – talvez pelo fraque e pela cartola que estava usando – que eu era um deputado. O fato é que quando meu carro ia passando por lá, o comandante deu ordem e a tropa toda – até onde pude  alcançar com a vista – prestou-me continência. Por temperamento e por feitio de espírito, fui sempre muito sensível à pompa militar. Parecia-me que, abaixo da pompa eclesiástica, era a mais bela das pompas. Deu-me uma alegria enorme de ser deputado. E, com isso, a idéia seguinte: agarrar-me-ei a essa carreira de todos os modos.

Entretanto, veio à lembrança um livro que havia lido recentemente, cujo autor era Dom Jean-Baptiste Chautard: “A Alma de todo o apostolado”. Afirmava ele em sua obra que o apóstolo não pode ser ambicioso, não pode ter vontade de ter cargo ou situação alguma no mundo. Se Nossa Senhora indicar,  pela voz da graça, que ocupe alguma posição de destaque no mundo, deve fazer com que, na primeira ocasião que puder recusar, recuse com facilidade. Mas deve ser desapegado de tudo.

Enquanto o automóvel se deslocava e a tropa toda me prestava continência, eu olhava para a parada e pensava: desapegar-me, desapegar-me, desapegar-me... é necessário!

Quando o carro chegou ao edifício da Assembléia, graças à Nossa Senhora, eu estava com a batalha ganha. 

 

Plinio Corrêa de Oliveira (sexto de pé, da direita para a esquerda) foi o deputado mais jovem e o mais votado em todo o País, nas eleições para a Constituinte. Na foto, a bancada paulista nessa Constituinte (1934). Ao centro, sentado, o líder da bancada, Dr. Alcântara Machado. 

Como foi isso? Considero que se não tivesse lido o livro de Dom Chautard, não teria resistido a essa tentação, porque não compreenderia o que ele mostra: quem é apegado a algo, sendo apóstolo, é um palhaço. Faz apostolado, mas está com o coração cheio de ambição, não lhe adianta de nada! São Paulo compara um apóstolo ambicioso a um sino que toca, mas não diz nada.

Nessas condições, se eu quisesse continuar no apostolado, eu seria um palhaço que faria uma obra em que não conseguiria ninguém para Nossa Senhora. Ou então eu precisava ser inteiramente desapegado. Para ser desapegado, teria que começar ali, naquela circunstância, e nunca mais mudar.

Se não tivesse lido “A Alma de todo apostolado”, absolutamente não teria tido esse recurso. Nossa Senhora quis servir-se dessa obra para me defender contra essa jogada que o demônio me preparou.

Dona Gabriela Ribeiro dos Santos, avó materna de Dr. Plinio

Como essa publicação chegou até mim? Havia uns irmãos leigos de Ordens religiosas que andavam pela rua vendendo livros. Vi, certa ocasião, chegar um irmão desses e mandar perguntar à minha avó materna (Da. Gabriela), que era a dona da casa, se desejava comprar o livro de Dom Chautard. Lembro que custava 10 mil réis, um preço insignificante. Minha avó, para ajudar aquela Ordem religiosa, mandou dizer que fosse comprado, e depois disse a uma governante da casa chamada Maria: "Dª. Maria, coloque na minha estante este livro."

Depois que já era congregado, um dia lembrei-me de pegar o livro. Li-o e fiquei impressionadíssimo!

Deste ato de liberalidade de minha avó para com um irmão leigo, partiu esta bênção para um neto dela. O livro só chegou a ela porque o irmão leigo lhe levou. Logo, houve alguma outra graça que moveu o irmão leigo a isso...

De ponto em ponto, chegamos a Dom Chautard. Nossa Senhora tocou a alma dele, que era um homem de personalidade tão forte que hipnotizava até leões. Foi um modelo de piedade.


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