Plinio Correa de Oliveira

 

 

A Torre de Belém:

estátua de um guerreiro em prece

— sério, forte e impassível

 

 

 

Catolicismo, Julho de 2002 (*)

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Ela é uma torre?

Sim, mas é quase um palácio em forma de torre. Cercada de um grande patamar, onde se notam guaritas nos ângulos para os vigias, que disparam armas de fogo contra inimigos que se aproximem.

A idéia de guerra está altamente presente nela.

Essa torre que se ergue assim sozinha no estuário do rio Tejo, tendo sobre si a abóbada celeste e mais nada, dá a impressão de considerar com uma superioridade natural tudo quanto está a seus pés.

Propriamente, ela é um reflexo simbólico da missão de Portugal do tempo em que foi construída.

 

 

Portugal, o que era naquele tempo?

Uma pequena nação, é verdade, mas não diminuta em relação à Península Ibérica da época. Durante toda a Idade Média, Portugal pesou como potência dentro do panorama ibérico.

Assim, essa torre simbolizava uma nação destinada a descobrir, conquistar, povoar, assimilar a seu espírito e à sua civilização povos de uma vastidão imensamente maior do que a sua. Basta pensar no Brasil, em Angola, em Moçambique, para se compreender o que tudo isso representou enquanto territórios trazidos para a Cristandade. Mais ainda do que os países atraídos para a Cristandade, constitui-se o Brasil como numa página quase em branco, onde Nossa Senhora ainda venha escrever mais maravilhas no século XXI.

Um misterioso vento histórico pousou sobre a Torre de Belém, do alto da qual os reis e os grandes homens de Estado iam ver partir as esquadras lusas.

Ela simboliza um desígnio de Deus, simboliza uma missão. Ao pé dela poder-se-ia escrever: estátua de um guerreiro em prece — sério, forte e impassível.

*     *     *

 

Comparemo-la com um arranha-céu moderno.

Suponhamos que alguém dissesse: "A torre aqui está ocupando inutilmente espaço. Podemos derrubá-la e jogar toda essa pedraria velha no fundo do Tejo e construir ali um prédio, o maior do mundo, com 200 andares!"

Eu nunca mais desejaria ver esse lugar, caso isso ocorresse.

Entretanto, se alguém mergulhasse até o fundo do estuário do rio e trouxesse uma das pedras dessa torre que fora derrubada, eu diria: "Dá-me uma lasquinha da pedra, para guardá-la e levá-la comigo para minha sepultura". 


(*) Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira para sócios e cooperadores da TFP em 22 de fevereiro de 1986. Sem revisão do autor.

A Torre de Belém foi edificada no estuário do rio Tejo, em Lisboa, entre 1515 e 1520, no reinado de D. Manoel I. Ela impressiona pelo seu estilo gótico luso, cognominado manuelino.


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