Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

São João de Deus:

num semblante comum,

o olhar superior de um Santo

 

 

 

Catolicismo, Fevereiro de 2000 (*)

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A fisionomia do quadro apresentado é toda marcada pelo olhar.

Os traços são comuns, regulares, não dizem nada de especial.

Uma certa barba, provavelmente aparada, cobrindo parte do rosto. O bigode, muito fininho, devia ser costume da época em que ele viveu.

Caixa ocular bem feita, com uma certa profundidade, nada de extraordinário. Sobrancelhas, testa, carnatura comuns: semblante comum.

Entretanto, quando se observa o olhar, tudo sai do banal. Tudo transcende o corriqueiro por causa desses olhos. Escuros, profundos, como que em parte pensando, em parte vendo. Olhar meio teológico e meio místico. Pensando, pensando, pensando em alguma coisa muito alta que absorve inteiramente a inteligência da pessoa.

A força de alma dela é verdadeiramente extraordinária.

Quem foi ela? São João de Deus (1495-1550, nascido em Montemor-o-Novo, em Portugal; faleceu em Granada, Esanha).

Viveu no século XVI. Fundador de uma Ordem Hospitalar famosa (dos Irmãos Hospitaleiros) e como tal um dos homens bastante conhecido de seu tempo.

*    *    *

O que se deve fazer quando se vê um rosto como esse? Compará-lo com as fisionomias que se observam nas ruas diariamente. Semblante comum é direito de cada um ter. Ninguém pode ser considerado incapaz pelo fato de ter fisionomia comum. Quantas faces comuns encontramos na rua! Não devemos desprezar ninguém por causa disso.

Mas, andando pelas vias públicas, onde vamos encontrar alguém com tal olhar?

Podemos ir aos templos do mundo capitalista moderno, que são os bancos. Aos jornais, aos aeroportos. Onde quisermos... É isso que deparamos?

Entretanto, que segurança não daria aos passageiros de um avião se eles encontrassem um piloto com um olhar semelhante ao do quadro acima para comandar o vôo!

Assim é o trabalho realizado pela graça de Deus: escolhe no mundo uma pessoa comum, mas que, dotada de uma grande alma, realiza através dela uma magnífica obra. 


(*) Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio para sócios e cooperadores da TFP em 17 de janeiro de 1986. Sem revisão do autor.


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