Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

Santo Inácio de Loyola:

pugnacidade, penetração política e

psicologia finíssima

 

 

 

Catolicismo, Nº 661 - Janeiro de 2006 (*)

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Chamo a atenção para os principais traços do homem retratado nesse quadro. É bem evidente que não é um sueco. É um europeu do Mediterrâneo. Notem que está com uma batina preta como trajavam os padres do século XVI, muito ampla, mas adaptada ao corpo. Um pequeno colarinho branco como usavam os eclesiásticos até o momento em que infelizmente tal costume foi abandonado. É ainda digno de menção o barrete, que também quase todo o clero abandonou. Barrete preto, dividido em três gomos, representando a unidade na trindade de Deus.

A cabeça é de um homem magro sem ser magérrimo, com as maçãs do rosto muito salientes. Nariz aquilino, em forma de bico de águia e comprido. Cabelo preto, barba e sobrancelhas escuras. Olhos pequenos, negros e profundamente encovados.

A fisionomia‚ muito pensativa, não exprime nem alegria nem tristeza; revela pensamento, meditação e uma enorme segurança. Em outras palavras, é um homem que está inteiramente seguro da verdade que medita e da fé que abraça. O domínio que exerce sobre si manifesta-se, em larga medida, pela impassibilidade do rosto.

Santo Inácio de Loyola é o homem retratado, o grande fundador da Companhia de Jesus, ao qual se deve, em boa medida, a mais gloriosa e eficaz das Contra-Revoluções, que foi a Contra-Reforma Católica.

O autor do quadro – o pintor Jacopino del Conte (nascido em Florença em 1510, e morto em Roma em 1598) – foi o único artista que pintou o santo em vida.

Santo Inácio tornou-se famoso por seu espírito pugnaz, sua penetração política, sua psicologia finíssima e exímia capacidade que tinha de pregar seus famosos Exercícios Espirituais.

Podem-se notar vários traços dessa obra do santo retratados em sua fisionomia: homem capaz de guardar segredos; capaz de fazer no silêncio uma longa e complexa trama política; competente para pregar os Exercícios Espirituais de modo incomparável; homem com espírito dotado de autoridade invulgar, e que exercia sobre seus religiosos um mando total, transformando a Companhia de Jesus no próprio símbolo da obediência.

Parece-me que ver esse quadro de Santo Inácio enriquece a idéia que se tem do santo. Mais: aprimora a própria idéia de santidade. E, mais a fundo, como é um santo da Igreja Católica Apostólica Romana. Enriquece a idéia da santidade da Igreja e da santidade do próprio Deus!

 


(*) Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio, em 17 de janeiro de 1986. Sem revisão do autor.


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