Plinio Corrêa de Oliveira
Castelo Sforzesco: a beleza grandiosa de um edifício multissecular
Catolicismo, Maio de 2008 (*) |
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Viajando pela Europa, conheci inúmeros castelos. Um deles, muito belo e senhorial, é o Sforzesco, localizado atualmente dentro da própria cidade de Milão, na Itália. Não tive tempo de ler nada sobre ele, apenas entrei, admirei e saí. Infelizmente, todos os móveis haviam sido retirados do edifício. Pertence à nobre família Sforza, que reinou na região da Lombardia. Sforzesco quer dizer propriedade dos Sforza. É um castelo com grandes torres, edificado com pedras lavradas de modo muito bonito. As pedras ficam em seus quatro lados, não pontudas propriamente; mas vão se elevando até formar uma crista redonda no centro. E o tempo tornou a pedra meio dourada.
Uma visão muito bela do edifício é percebida em seu pátio interior, todo cercado de muralhas. Dentro dele perdia-se completamente a noção da cidade. Tinha-se a impressão de estar no campo. O pátio estava ligeiramente ajardinado, com um agradável négligé [descuidado] poético e encantador, que os italianos sabem pôr nas coisas. Quando se falava numa extremidade do pátio, ouvia-se o eco na outra. Tinha-se a impressão de ecos do passado, que ainda repercutiam em nossos dias.
O castelo possuía em alguns lugares pontes levadiças, e em torno dele havia um fosso. Quando o inimigo se aproximava, levantavam-se as pontes. Com o tempo, desaparecendo as guerras urbanas, as pontes levadiças ficaram permanentemente abaixadas. As traves e as correntes que suspendiam as pontes foram caindo em desuso e acabaram apodrecendo. Foi um erro, pois não deveriam ter permitido que isso acontecesse. Em vista desse desleixo, em alguns lugares via-se um buraco no local que tinha servido para alojar as traves e as correntes. Turistas passavam olhando através desses espaços vazios sem entender nada. De repente, um deles viu através de um desses buracos um automóvel velho. Voltou-se para a esposa e disse: “Olha a marca daquele automóvel ...” Sintoma frisante de vulgaridade! Diante de uma coisa maravilhosa como as muralhas daquele castelo, o turista prestou atenção na marca de um carro... A beleza grandiosa de um edifício multissecular não era captada pelo homo hodiernus, fascinado pela mecânica.
(*) Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 5 de maio de 1984. Sem revisão do autor. |