Plinio Corrêa de Oliveira

 

"O que fizerem na minha ausência é a prova do amor que me têm"

 

 

 

 

 

 

 

Santo do Dia (extratos), 16 de julho de 1983, sábado

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A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério tradicional da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.

Os senhores imaginem uma rainha que tem um vasto reino e visita de vez em quando as várias províncias que o compõem. (...) Vamos imaginar a rainha Elizabeth da Inglaterra. Ela ora está no Canadá, ora na Austrália, ora numa aldeia da Escócia, ora num subúrbio de Londres, ora em seu palácio recebendo visitas. Mas por todo canto aonde ela vai, está animando, está vivificando.

Essa rainha como calcula as coisas?

— "É minha vida que estou empregando nesse viajar incessante; espero que, chegando lá, eu anime o patriotismo dessa gente, e que quando eu sair, se o entusiasmo que eles tiveram por mim foi verdadeiro, na minha ausência eles farão muito melhor do que antes de minha visita. O que eles fizerem na minha ausência é a prova do amor que eles me têm."

Então, vamos dizer que na aldeia escocesa ela esteve e visitou. Festa etc., etc., alegria; ela vai embora na tardinha. À noite já a aldeia está na sua vida costumeira. Na manhã seguinte começa o tran-tran: um está trabalhando animadamente e alguém lhe pergunta:

— Por que você está trabalhando com tanto entusiasmo?

— Oh! pensando na visita da rainha.

Este amou a rainha.

Agora vamos pensar em um outro, que está displicente, encostado num canto, fumando um cachimbo, vendo os outros trabalharem. Alguém pergunta a ele:

— Você não trabalha?

— Ah! se a rainha estivesse todo dia aqui, como eu trabalharia! Mas, a rainha não estando aqui, não dá para trabalhar...

A rainha, sabendo isto, que comentário faria? Ela diria: "Ele se engana. Se eu morasse lá, ele se habituaria a mim depois dos primeiros entusiasmos e flanava como está flanando agora".

Aí não bastava ir uma rainha, era preciso ir um Anjo. Mas, se um Anjo pairasse sobre essa aldeia todos os dias, ele acabava flanando debaixo da influência do Anjo, porque diria que trabalharia se houvesse algum fator de ordem superior lá... É uma desculpa para sua preguiça, é ele que não quer trabalhar!

Assim também somos nós com a graça de Deus. Quando nós dizemos: "Ah! se eu tivesse os entusiasmos da graça primeira, ainda agora aqui, como eu trabalharia!..."

A resposta é: "Não é verdade, quando você os teve, se você tivesse amado, agora, na hora pedregosa, você - por amor da graça - estava trabalhando. A rainha não está, mas você a viu! Você se dedicou a ela? Você a amou? Trabalhe agora no escuro! Na sombra! Sacrifique-se, malandro!" Perdoem-me a trivialidade da expressão: "Dê duro! Eu quero ver agora no que vai dar!..."

É quando o indivíduo muda de um estado de espírito para outro e passa dos que aplaudem prontos a bocejar para os que aplaudem no escuro, na sombra, na incompreensão, nessa hora é que o indivíduo fica “o lírio que nasce do lodo, na noite, dentro da tempestade”.


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