Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

O Luar do Brasil:

analogia com a alma do nosso povo

 

 

 

Catolicismo, Maio de 2015 (*)

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Não devemos pensar que vendo a lua em um bairro de São Paulo, conhecemos o luar brasileiro. Seria o mesmo que comparar a tangerina comum com uma fruta do Paraíso Terrestre.

O verdadeiro luar brasileiro aparece no Nordeste. Luar é aquele!

Às vezes pode-se notá-lo em São Paulo, Minas, Rio de Janeiro e outros lugares... É um luar bonito. Acima daqueles golfos, daquelas baías do Rio aparecem luares dourados, em que a lua é dourada como uma libra esterlina fosforescente.

Lembro-me de uma longa estadia em que estive hospedado no Hotel Glória, em frente da praia do Flamengo, contemplando um luar dourado e uma palmeira muito alta, entroncada, nobre; e sobre o mar, aquele miroitement da lua. Era uma coisa maravilhosa!

Esse luar é acompanhado de uma espécie de tristeza saborosa, mediante a qual o indivíduo sente a tranquilidade e a distância em relação às coisas. Não é a pura tristeza sentimental tipo Chopin; é uma tristeza indefinível, propriamente a nostalgia do Céu. E esta nostalgia, a meu ver, é mais bela do que o dia, porque no Brasil o sol é fotográfico e apresenta as coisas com muita clareza, enquanto a lua é muito mais do que fotográfica, ela é uma pintora impressionista. As coisas ficam maravilhosas quando iluminadas pelo luar.

Gostaria de estar com meus amigos apreciando um luar do Ceará, com o mar verde daquele Estado, e comentar ali a atmosfera criada pelo luar. Então poder-se-ia compreender aquilo que procuro dizer. Mistério tem alguma relação com isso.

Há um recanto da alma brasileira que não gosta de ver claramente e de modo muito positivo certas realidades. Mas gosta de discernir atrás delas a existência de um certo mistério. Mistério doce feito de definições não muito delimitadas, não muito quadradas, digamos, de arranjos meio indefinidos. Mas, no fundo, subtis e bem travados. E isto a alma brasileira aprecia muito. Nisso, entretanto, misturaram-se defeitos.

Muitas vezes entra o sentimentalismo, e com ele a sensualidade, como também sonhos de olhos abertos e preguiça de trabalhar. Uma moleza horrível, em relação à qual é preciso tomar cuidado. A lua é traiçoeira.

Mas Nossa Senhora é comparada à lua. D’Ela diz a Sagrada Escritura: “Pulchra ut luna, electa ut sol - Bela como a lua, brilhante como o sol”. 


(*) Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio em 20 de julho de 1980. Sem revisão do autor


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