Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

Mãe do Bom Conselho de Genazzano:

bondade, ternura e proteção

 

 

 

Catolicismo, N°  573, Outubro de 1998 (*)

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A fisionomia de Nossa Senhora neste quadro está completamente distendida. Não se nota um músculo que esteja contraído. Sua expressão é tão-somente a de contentamento por estar com o Menino Jesus nos braços. Só está pensando nEle. Não tem outra preocupação. O mundo inteiro não existe para Ela, mas apenas o Menino.

Ela não está olhando propriamente para Ele. Está fixando quem reza diante dEla. Mas, percebe-se que o fato de a face da Virgem Santíssima tocar na fronte de Seu filho faz com que Ela experimente certa espécie de degustação da presença dEle, de alegria daquele contato de corpo, que é sobretudo um contato de alma muito íntimo e que A enche de satisfação.

A bondade, a ternura, a proteção dEla para com o Filho fazem-se notar muito na posição do pescoço e da cabeça. O Menino está suspenso nEla e A agarra pelo pescoço, a ponta de Sua mão aparece por detrás. E isso explica que Ela esteja com o pescoço ligeiramente inclinado pelo peso dEle. A intimidade do Divino Infante para com a Mãe é extraordinária. Ele A agarra como uma pessoa que está habituadíssimo a fazê-lo. E Ela deixa-se agarrar, como quem já foi segura mil vezes. E até julga agradável de sentir-se curvada diante de um peso tão suave, tão doce e tão deleitável.

O Menino Deus está unido a Sua Mãe como quem não quer tomar conhecimento do mundo exterior. Ele apenas degusta a alegria de estar ligado à Mãe, de sentir-se protegido por Ela e unido à Sua progenitora. Está todo entregue a Ela, como a Mãe está toda dedicada ao Divino Filho.

Essa Criança não está pensando em bola, em doce, não está pensando em nada disso. Seu único pensamento: Mamãe. E no espírito dEla há somente uma idéia: “Meu Filho”.

Toda intimidade constitui uma relação fechada entre pessoas, exclui os que dela não participam. O pintor soube - aliás, a meu ver, esse quadro foi pintado por um Anjo -, a meu ver, criar uma impressão curiosa, que é uma intimidade aberta. Tem-se a impressão de que, chegando-se perto da pintura entra-se no circuito dessa intimidade: é-se amado por Ela, caso seja-se amado por Ele; e que se é entendido pelos dois, socorrendo ambos a pessoa que se aproxima dEles.

Qualquer um que se aproxime desse quadro pode sentir-se íntimo a ele, pode experimentar o aconchego que a presença da pintura incute no espírito. Seja uma alma reta, seja um pecador, seja até um inimigo: caso se aproxime, degusta tal aconchego.

Nossa Senhora está sorrindo? Olhando para os lábios dEla, vê-se que não. Mas há qualquer coisa de ligeiramente risonho, irradiado por todo o rosto. É um certo comprazimento para com o Filho; mas, de outro lado, também é uma complacência para com o devoto, com o fiel que se achega. Está insinuado no quadro: quem se aproxima, também é irmão do Menino Jesus, é, portanto, filho dEla.

Esse quadro poder-se-ia chamar Adoção, porque o devoto que simplesmente se avizinha dele, sente-se filho adotivo, ou até mais que adotivo... 


(*) Catolicismo, em sua edição de abril/maio de 1968, dedicou extenso artigo a essa milagrosa pintura, venerada desde o século XV na Basílica da cidade italiana de Genazzano.

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio para sócios e cooperadores da TFP, em 29 de junho de 1974. Sem revisão do autor.


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