Plinio Corrêa de Oliveira

 

A grandeza do Menino Jesus

Sua acessibilidade, Sua infinita compaixão

A diversidade das escolas espirituais da

Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana

 

 

 

 

 

Santo do Dia, 29 de dezembro de 1973 (continuação)

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A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério tradicional da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.

Nota: Para ler a primeira parte desta meditação, clique aqui.

*    *    *

 

Se não empanturrar muito a cabeça dos Srs. eu passaria a fazer uma meditação de um outro tipo e depois os Srs. fariam a comparação. Vamos fazer uma experiência. É uma coisa inteiramente diversa.

 

 

Os Srs. imaginem que cada um dos Srs. fosse como os Reis Magos, e tivesse a alegria de entrar na gruta e ver Nossa Senhora com São José, o Menino Jesus, os Pastores e os bois. Imaginem que os Srs. chegassem depois dos Reis Magos e vissem também os Reis Magos dentro da Gruta, e vissem os Reis se aproximando com suas caravanas, seus cortejos, com a Estrela, e oferecendo ao Menino Jesus ouro, incenso e mirra. Com os animais do lado de fora, carregados de seus tesouros etc.; o Rei negro Baltazar; os dois outros reis, vindos do Oriente e do Ocidente e adorando o Menino Jesus.

Como é os Srs. imaginariam a cena? A pergunta seria a seguinte: como é que a cena lhes causaria alegria mais na alma e por onde os Srs. se sentiriam mais próximos. Retendo na imaginação tal fundo de quadro, qual das seguintes cenas causaria a cada um dos Srs. mais alegria de alma: por qual delas os Srs. sentir-se-iam mais próximos do Menino Jesus?

No Menino Jesus nós podemos considerar, entre outros aspectos, a infinita grandeza; podemos considerar, de outro lado, a infinita acessibilidade; e podemos considerar também o infinito amor. São três aspectos, entre muitos outros, que poderíamos considerar no Menino Jesus. 

A grandeza do Menino Jesus e de Nossa Senhora

A considerar a infinita grandeza, nós poderíamos imaginar uma gruta enorme, alta, grande, quase como uma catedral, que não tivesse evidentemente uma arquitetura definida, mas onde o movimento das pedras nos fizesse pressentir vagamente as ogivas de uma catedral da futura Idade Média. Nós deveríamos imaginar que o berço, a lapa do Menino Jesus ficasse colocada bem no ponto majestoso da encruzilhada destas várias naves laterais naturais, e que uma luz celeste, toda de ouro, pairasse sobre o Menino Jesus naquele momento.

Ele, com a majestade de um verdadeiro rei, embora deitado no seu presépio e uma criança; Ele, o rei de toda a majestade, de toda glória, o criador do Céu e da Terra, Deus infinito, encarnado, feito homem, já tendo desde o primeiro instante de Seu ser mais majestade, mais grandeza, mais manifestação de força e de poder do que todos os homens que houve na Terra. Isto é verdade. Ele, no primeiro instante do seu Ser, e portanto já no ventre de Nossa Senhora, Ele era incomparavelmente mais inteligente do que São Tomás de Aquino, incomparavelmente mais poderoso do que Carlos Magno, Napoleão, Alexandre; Ele sabia todas as coisas, incomparavelmente mais do que qualquer cientista moderno. E, a seus momentos, na fisionomia sempre variável do Menino Jesus, de vez em quando esta majestade feita de sabedoria, feita de santidade, feita de ciência, feita de poder, haveria de aparecer.

Então, imaginem os Srs. se encontrassem isso misteriosamente expresso na fisionomia desse Menino. Os Srs. imaginem que Ele às vezes se movesse, e no movimento dEle aparecesse um Rei; imaginem que Ele as vezes abrindo os olhos, e o fulgor de seus olhos tivesse uma profundidade tal, que se sentisse nEle um grande sábio; imaginem toda uma atmosfera rodeando a Ele, e nimbasse de santidade todos os que dEle se acercassem; e puríssimo de tal maneira que as pessoas não poderiam se aproximar dali sem antes pedir perdão pelos seus pecados, mas ao mesmo tempo atraídos a se corrigirem dos seus pecados pela santidade que emanava do local.

Os Srs. imaginem Nossa Senhora posta aos pés dEle, Ela também como uma verdadeira Rainha - e Nossa Senhora era e é Rainha - com uma dignidade e uma imponência, que não precisava de roupas nobres nem de tecidos de grande qualidade para se fazer valer.

Os Srs. sabem que Santa Terezinha do Menino Jesus era tão imponente que o pai dela a chamava "minha pequena Rainha". E que o jardineiro do Carmelo, no processo de canonização, contou uma vez que ele viu uma freira fazer tal coisa, estava de costas e era Santa Terezinha. Então o "advogado do diabo" perguntou: "Mas como é o Sr. sabia que esta freira, de costas, era Santa Terezinha?" A resposta foi: "Pela majestade dela; porque ninguém tinha a majestade que ela teve".

Os Srs. podem imaginar o que seria a majestade de Nossa Senhora?

Imaginem, então, Nossa Senhora majestosíssima, transcendente, puríssima, rezando para o Menino Jesus; os Anjos invisivelmente cantando em volta canções de glorificação e toda atmosfera saturada de valores tais, que se diria, naquela pobreza e naquela miséria, uma atmosfera de corte.

Nós nos aproximamos e sentindo a grandeza do Menino-Deus. E, como contra-revolucionários que somos, adorando tudo quanto é nobre, adorando tudo quanto é belo, adorando tudo quanto é santo, intransigente e combativo; adorando aquele Menino que ao mesmo tempo atrai junto a Si todas as formas de grandeza que dEle dimanam, e não são senão reflexos dEle; todas as formas de pureza, todas as formas de santidade que dEle dimanam, e que não são senão participação da santidade dEle; e como que rechaçando para longe de si o pecado, o erro, a desordem, o caos, a Revolução, que ficam de longe sem nem sequer ousar se levantar, nem levantar os olhos para aquela cena magnífica em que a ordem, a hierarquia, a pompa e o esplendor dominam completamente. 

A sua acessibilidade

Imaginem, agora, outro aspecto - e é legítimo imaginar, porque como explicarei aos Srs. no fim da meditação, estes três aspectos deveriam coincidir e muitos outros - no presépio de Nosso Senhor.

Imaginem o Menino Jesus imensamente acessível. Imaginem que este Rei, tão cheio de majestade em certo momento abrisse os olhos para nós. E cada um de nós deve se imaginar a si próprio visto por Ele, nós notássemos que o olhar puríssimo, inteligentíssimo, lucidíssimo dEle, penetra em nossos olhos até o mais fundo: vê o mais fundo de nossos defeitos, como vê também o melhor de nossas qualidades. E naquele momento toca a nossa alma o olhar dEle como tocou, 33 anos depois, a São Pedro. E nos dá uma tristeza profunda de nossos pecados.

Conta o Evangelho que o olhar de Nosso Senhor para São Pedro foi tal, que São Pedro saiu e chorou amargamente. E chorou depois durante todo o resto de sua vida. Imaginem um olhar dEle penetrando em nós e nos dando um horror de nossos defeitos. Mas imaginem também  um olhar dele penetrando em nós e nos mostrando o amor dEle às nossas qualidades, não só às nossas qualidades mas à condição de criaturas feitas por Ele, um amor a nós apesar de nossos defeitos, porque somos feitos por Ele e destinados a um grau de santidade e de perfeição que Ele conhece e que ama enquanto uma coisa que pode existir em nós.

De maneira que, então, quando o pecador menos esperasse, por um rogo amável de Nossa Senhora, Ele sorri. E com aquele sorriso, apesar de toda a majestade dEle, nós sentíssemos as distâncias desaparecerem, sentíssemos o perdão que invade nossa alma, sentíssemos qualquer coisa nos atrai e nós caminhássemos junto a Ele e Ele afetuosamente nos abraçasse. E pronunciasse o nosso nome: Fulano, eu te quis tanto, eu te quero tanto! Desejo para ti tantas coisas e perdoo-lhe tanto. Não pense mais nos teus pecados! Pensa apenas, daqui por diante, em servir-Me. E em todas as ocasiões de sua vida, quando tiver alguma dúvida, lembre-se desta condescendência, desta amabilidade, deste beneplácito e recorra a Mim por meio de Minha Mãe, e Eu atenderei e que Eu serei o seu amparo, sua força, que o há de levar ao Céu para ali reinar ao Meu lado por toda a Eternidade".

Seria, portanto, a acessibilidade do Menino Jesus. 

Sua infinita compaixão

Imaginem ver a misericórdia do Menino Jesus. Não só vendo o Menino Jesus olhando para o nosso bem e o que há em nós de bom e mau em nós, mas olhando para a nossa tristeza, para a condição miserável de todo homem na terra, para o sofrimento que cada um de nós traz em si: para o sofrimento passado, sofrimento presente e sofrimento futuro que Ele conhece. Olhando inclusive para o risco que nossa alma corre de ir para o inferno, para os tormentos eternos. Todo o homem enquanto está na Terra está exposto a ir para o inferno.

Imaginem o Menino Jesus olhando o Purgatório e para os tormentos que ali nos aguardam se não formos inteiramente fiéis.

Então, um olhar de compai­xão, um olhar de pena, um olhar de uma participação profunda na nossa dor; um desejo de remover esta dor em toda medida que for possível para nossa santificação, um desejo de nos dar forças para suportar a dor na medida em que esta dor for necessária para nós nos santificarmos.

Então, nós notarmos nEle aquilo que consola tanto o homem, aquilo que Ele não teve quando chegou a vez dEle sofrer. Qualquer um de nós, na hora de sofrer - está na natureza humana e é reto - se consola em ter alguém que tem pena dele. A pena divide o sofrimento. O homem é feito de tal maneira que, quando ele está alegre e comunica sua alegria, ele dobra a alegria; quando ele está triste e comunica sua tristeza, divide a tristeza.

Assim também, e "a fortiori", somos com o Menino Jesus. Imaginem então que tenhamos encontrado aquela compaixão perfeita que nunca encontraremos ao longo de nossa vida quanto encontraremos da parte dEle.

Então, em todos os sofrimentos de nossa vida, quando a taça para beber for muito amarga, nós repetiríamos por meio de Nossa Senhora a oração dEle: "Meu Pai, se for possível, afaste-se de mim este cálice; mas faça-se a Vossa vontade e não a minha". Quer dizer, em todos os momentos pediríamos que a dor passasse, mas se fosse vontade dEle, que a dor viesse sobre nós, mas nós durante a dor iríamos tendo o olhar compassível dEle, como quem diz: "Meu filho, Eu sofro contigo! Mas vamos sofrer juntos, porque Eu sofri por ti. E há de chegar um momento em que tu participarás eternamente de Minha alegria". E o olhar compassível de Jesus que não abandonasse um momento de nossa existência.

Então, nós tirássemos da meditação do presépio esta tríplice reflexão, essa tríplice lembrança: a da majestade infinita; a da acessibilidade infinita; e a da compaixão sem limites do Menino Jesus em relação a nós. E procurássemos ter, durante todo o tempo do Natal pelo menos, ao longo das vicissitudes de nossa existência quotidiana, a lembrança destes três pontos. Lembrança sensível porque procuraríamos compor um pouco o quadro. 

Uma objeção: "No presépio não podia caber esses três aspectos ao mesmo tempo"

Alguém me dirá: "Mas, Dr. Plinio, o presépio não poderia ter esses três aspectos ao mesmo tempo".

- Não é verdade. Em Nosso Senhor todas as perfeições existiam. Todos os estados de alma, perfeitos, coexistiam ao mesmo tempo, em graus e modos diversos, de acordo com as circunstâncias da vida, na Sua natureza humana, mas existiam. E Ele era cheio de majestade, cheio de acessibilidade, cheio de exorabilidade, cheio de compaixão para com os homens desde o momento em que entrou na Terra. E é natural que, apesar de Ele ser Menino, conforme as almas que dEle se acercassem, ora uma coisa, ora outra aparecesse. E seria até muito bonito se numa igreja houvesse, junto ao presépio, em três altares diferentes, três presépios, em que as figuras e toda a ambientação representasse em cada uma, um aspecto desses, para facilitar às almas a meditação sobre esse, como aliás sobre outros pontos incontáveis que se poderia considerar.

Aqui estaria um outro tipo de meditação sobre o santo Natal: o primeiro tipo de meditação que chamaríamos mais teórico, mais doutrinário (visto na primeira parte deste Santo do Dia, n.d.c.); o segundo, uma recomposição mais sensível e nos tocando mais de perto. 

A diversidade das escolas espirituais da Igreja

Qual dos dois tipos de meditação levaria mais os Srs. a meditar sobre o santo Natal? O primeiro tipo ou o segundo tipo? Eu vejo certa perplexidade. Eu imagino que haja três posições: pela primeira, pela segunda e pela dúvida. Os que estão certos que se beneficiariam mais com o primeiro tipo, levantem o braço. Onze. Os que se impressionam mais com o segundo tipo: é quase impossível contar. Os que ficam indecisos: seis... Haverá uns dez pela sala toda.

Aqui fica a meditação sobre o santo Natal... que conduz à seguinte convicção: é que convém fazer uma coisa e outra, porque há vias espirituais para todos. E não ficar só numa coisa ou só noutra. Vale a pena a gente mudar, ora fazer de um modo, ora de outro, de maneira a atender ao império de todas as almas.

Se os Srs. me perguntassem a mim mesmo o que impressiona mais, os Srs. estão vendo que eu compus o segundo tipo. Mas eu me impressiono muito mais com o primeiro. É mais próprio de minha geração, talvez. Ou será mais próprio do meu feitio de espírito. Aquilo que é inteiramente racional em que eu posso ver amarrado por um raciocínio inexorável, me enche e me basta. Eu compreendo que outros não sejam assim. A tal ponto eu compreendo que eu tomei o trabalho de compor, para o uso de outros, uma meditação diferente e dou o meu tempo por muito bem empregado. Enfim, já que cada um deu sua opinião, eu dou também a minha.

Os Srs. veem transparecer nessa opinião a seguinte posição: a Igreja tem várias escolas espirituais, todas essas escolas aprovadas por Ela e em geral inauguradas e seguidas por santos, são esplêndidas. Cada um deve seguir o que sua alma lhe pede. Os Srs. estão vendo que minha alma é eminentemente inaciana. O sistema de Santo Inácio me encanta: o raciocínio simples, claro, límpido, que conclui e que arrasta, e a respeito do qual não existe tergiversação nem sofisma. Me deixa entusiasmado.

Sejamos cada um como Deus o fez, para a glória dEle. Aqui fica dada a meditação sobre o santo Natal. Que Nossa Senhora nos ajude para que nós possamos de qualquer destas meditações, tirar proveito de maneira a compreender cada vez mais a Ela e ao Menino Jesus.

TFP: escola-síntese

(Pergunta: como seguidores do Senhor, o Sr. não acha razoável que fizéssemos o possível para encaixar na via do Sr.?)

Não creio. Não creio pelo seguinte: porque em primeiro lugar, a TFP é - debaixo de certos aspectos - uma escola espiritual. Mas ela tem muito de todas as escolas espirituais que houve até agora na Igreja e ela é muito mais uma síntese do que uma coisa nova. Portanto, todas as formas de espiritualidades aprovadas, santas, legítimas, devem ter na TFP todo o seu apoio.

Em segundo lugar, porque - entre outras razões que eu poderia dar - também porquê de geração em geração podem de fato haver diferenças. E ainda que esta escola, por suposição, devesse ser a de todos, eu creio que seria preciso muita preparação para todos chegarem até lá. O por onde alguns dentre nós seria o cidadão da "civilização da imagem" teria que assentar, e o império do raciocínio puro teria que, por uma longa preparação, levantar-se até firmar-se completamente em nós. E isto supõe uma preparação. Esta preparação se faz pela outra via [a da recomposição mais sensível], se é que todos devam chegar por fim à esta, minha.

(Pergunta: quem faz o primeiro tipo de meditação tem mais facilidade de fazer o segundo? Por que?)

Eu não creio que seja muito certo, não. Eu até há alguns anos atrás era incapaz de fazer o segundo tipo de meditação, simplesmente porque eu não tinha atinado com a fechadura da gaveta, quer dizer, com uma reflexão que abria o tema para mim. Porque eu via a recomposição do presépio de um jeito, de outro, eu pensava com os meus botões: "Eu lá sei como foi o presépio? Eu vou recompor de um ou de outro modo, acaba sendo uma coisa como não foi. E, em vez de estar fazendo uma meditação, estou fazendo uma fantasia. Se me dessem uma fotografia do presépio ou alguém que desenhou ou pintou o presépio autenticamente, então eu trato de me adaptar à realidade que aquilo foi, mas não compreendo que eu deva fazer uma fantasia adaptada a mim daquilo que não foi. Como eu vejo que inúmeros santos fizeram isso, eu venero, aceito, mas aceito sem compreender".

Em certo momento é que esta coisa tão simples, verdadeiramente a fechadura da gaveta, me caiu no conhecimento: é que realmente o presépio tinha de tudo. Todas as impressões legítimas, santas e sadias ele dava. De maneira que qualquer que tenha sido a materialidade dele, todas as perfeições do Menino Jesus se espelhavam no presépio, de qualquer maneira.

De modo que eu imaginando o presépio, não imagino propriamente o ambiente material, senão as impressões espirituais de que esse ambiente material era portador em função do Menino Jesus, e então estou imaginando uma coisa que era verdadeira. Eu posso imaginar com vela solta - desde que seja dentro dos limites da Revelação e da Teologia - estou considerando uma coisa verdadeira. Aí é que eu fui capaz de fazer uma meditação assim.

(Pergunta: inaudível)

Na segunda meditação há lógica também. Sem lógica não há meditação. Mas a parte do embebimento, da fantasia, da sensibilidade para preparar o jogo da lógica, é muito grande. Na primeira não, é muito mais seco. Aí está a diferença entre as duas coisas. A conclusão é que a geração que se seguiu à minha é muito apetente de embebimento e de preparações dessa natureza.

Como eu gostaria de ter no Grupo pintores ou desenhistas que soubessem, por exemplo, pintar três presépios de acordo com esta concepção! Ostentando toda a grandeza, ou toda a acessibilidade, a afabilidade ou toda a compaixão de Nosso Senhor. Como seria bonito!

O difícil é que seria preciso pintar aquilo que é o centro do presépio: um Menino recém-nascido que, sem perder as características de Menino, tivesse tudo isso. E que, portanto, tivesse sobretudo um olhar. Como pintar um olhar infantil capaz de dizer tudo isto? Antes de ser pintor, que psicólogo precisa ser para imaginar este olhar, e depois de imaginado, como pintar?

Se alguém se sente propenso a pintar olhares, este seria o pintor que inicia a escola da TFP. Porque eu tenho a impressão de que em pintar a expressão de olhar, a escola da TFP entraria largamente representada. Isto não é para desanimar, é para convidar.

 


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