Plinio Corrêa de Oliveira

 

Exemplos do ódio revolucionário em relação aos contra-revolucionários,

durante a Revolução Francesa e

nos presentes dias

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Santo do Dia, 12 de agosto de 1969

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A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério tradicional da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.

Hoje, dia 12 de agosto, é festa de Santa Clara de Assis, virgem. De nobre família, fundou, juntamente com São Francisco de Assis, a Ordem Segunda dos Menores, que é das Clarissas. É o ramo feminino da ordem de São Francisco. Pôs em fuga os sarracenos que sitiavam o seu mosteiro, avançando para eles com o santo Cibório na mão. Século XIII.

Hoje em dia, fala-se tanto de técnicas: técnicas para afugentar os adversários, técnicas de apostolado, técnicas de não sei o quê. Quem é que tem a técnica de avançar com o Santíssimo Sacramento na mão e pôr em fuga os inimigos? Essas é que são as grandes técnicas celestes e decisivas! Uma técnica dessas pode inutilizar a bomba atômica. Mas onde é que está o espírito de fé que move as montanhas?

* * *

A ficha que cabe para o Santo do Dia, está na seqüência das que dizem respeito a nos tornar presente o ódio que os revolucionários têm em relação aos contra-revolucionários, de outrora e de hoje. Trata-se de um massacre de vandeanos, durante a Revolução Francesa:

“Altos e baixos, jovens e velhos, homens e mulheres, leigos e clérigos, estavam animados pelos mesmos sentimentos. Uma patrulha de republicanos escolheu a um menino de doze anos que queria levar víveres numa cesta para um sacerdote católico, que estava oculto. E então perguntaram a ele: – Aonde vais com essa cesta? O menino se intimidou e gaguejou. – Diga-me a verdade, ladrãozinho, ou então te faço fuzilar; disse o oficial. O pobre resistiu, vacilou, fez logo o sinal da cruz e respondeu: – Matai-me, fazei o que quiserdes de meu corpo, mas eu invoco a Mãe de Deus por testemunho de que eu não direi uma palavra além disso.

“Os guardas nacionais o ameaçaram, lhe puseram baionetas no peito, mas não arrancaram uma palavra. Alguns ficaram emocionados por tanta constância e deixaram o valente menino continuar seu caminho”.

Não se deu a mesma coisa com a pobre Maria Papin, de dezessete anos. Ela foi surpreendida pelos republicanos no momento em que ia levar pão a alguns vandeanos ocultos em campos de retama [é uma planta].

Eles a detiveram e a esbordoaram. Ela se negou a informar para onde ia. Ela não queria descobrir o esconderijo dos sacerdotes, dos vandeanos; e não queria salvar a própria vida por uma mentira. Eles a ameaçaram com força. Ela fez o sinal da cruz, se ajoelhou e começou a oração dos agonizantes e foi fuzilada”.

São dois episódios narrados por um historiador de toda idoneidade, famoso, que é João Batista Weiss. Os senhores estão vendo, em ambos os episódios, o mesmo heroísmo de pessoas do povo pequeno, do povo mais miúdo, que estavam ao serviço de uma grande causa.

Como os senhores sabem, os vandeanos eram os filhos fiéis da Igreja Católica que eram contrários a tal Constituição Civil do Clero que tinha sido estatuída pelas autoridades republicanas e que era praticamente um protestantismo. Eles, como não aceitavam as autoridades republicanas que tinham imposto a Constituição Civil do Clero, eles pleiteavam a volta da realeza, que eles consideravam a forma de governo legítima que tinha, até então, apoiado a Igreja. E se levantaram em armas, na Vandéia [Vendée], como todos os senhores sabem, levantaram-se em armas para a luta contra a república anticristã que tinha sido implantada na França.

Os republicanos então mandaram invadir a Vendée. E começou uma verdadeira guerrilha. Os republicanos, ateus, tinham exércitos regulares. O território da Vendée é um território muito acidentado, muito cheio de pequenos recantos; e os camponeses, todos eles fiéis à Igreja, fiéis ao rei, se mantinham então emboscados nesses vários lugares, e atacavam os exércitos republicanos com muito êxito. Eles chegaram a constituir um exército.

Mas depois eles foram derrotados e se espalharam, de novo, por toda a Vendée. E começou, então, a matança dos que eram fiéis à Igreja. E esses que eram fiéis à Igreja estavam amoitados em lugares ignorados de todo mundo. Os republicanos policiavam as estradas. Quando eles viam alguém passar com víveres, eles já viam que iam levar víveres para refugiados escondidos. E então eles atentavam contra a vida, faziam ameaças, para essas pessoas contarem onde estavam os refugiados. E eles acabaram deitando a mão nos refugiados.

Então, os senhores veem dois casos. O de um menino heroico, que declarou que ele preferia morrer, mas que ele não denunciaria os sacerdotes a quem ele ia levar esses víveres, o heroísmo dele foi tão grande que os soldados ateus, eles mesmos, ficaram emocionados com a constância desse menino, e o soltaram. E, depois, uma menina que caiu na mão de outros soldados que foram mais cruéis, que não tiveram pena dela, ameaçaram de esbordoar etc.; ela não quis contar para onde ia; e ela, sentindo-se no momento da morte, rezou a oração dos agonizantes.

É bonito ver uma simples camponesa inculta, mas que conhece bem a oração dos agonizantes, rezou, e ali foi morta. Evidentemente é uma mártir. É uma mártir tão autêntica quanto os mártires dos tempos dos romanos, ou de todas as outras ocasiões da História.

O que importa, entretanto, não é comentar aqui o heroísmo dessas crianças. Isso está comentado, está visto. É outra coisa: é a maldade daqueles homens. Como, por terem visto que se tratava de bons católicos, eles foram cruéis com aquele menino, de maneira tal que foi preciso uma espécie da graça especial para eles não matarem o menino: primeiro ponto. Segundo: com a menina, mataram. Estava nos desígnios da Providência que aquela menina fosse mártir, então permitiu quer ela fosse morta.

Os senhores querem um crime pior do que matar uma menina? Quer dizer: não respeitar nem a idade, nem o sexo fraco?! É uma menina que vai fazer um ato de caridade – como eles estavam vendo – com o risco da própria vida. A menina fazia várias ações, ou tinha várias circunstâncias que mereciam o respeito deles, segundo eles reconheceriam. Mas só porque a pessoa a quem ela ia ajudar era um contra-revolucionário, a ação dela passava a ser detestável. Eles fizeram matar a menina.

Quer dizer, se chegasse para qualquer daqueles homens e dissesse: “ –Você é capaz de matar uma menina?” “– Não, que covardia! Longe de mim essa idéia; essa pergunta é injuriosa.” – Está bom; você é capaz de matar uma menina que está num ato de fazer caridade?” “– Menos ainda.” “Caridade é uma virtude que nós chamamos de filantropia – diriam eles – mas é uma virtude muito simpática, que merece todo o nosso apoio.” “– Está bom. Mas se essa menina for levar víveres para um padre ou um leigo da Igreja católica?” “– Ah, não! Então passa a ser uma criminosa; nada mais merece respeito nela; e nós a matamos sem piedade.”

 

Tal é para eles o crime de se ser fiel à Igreja Católica. O que pode justificar que se queira meter uma bomba em nossa sede, se não o mesmo crime? [o Prof. Plinio se refere ao atentado, na madrugada de 20 de junho de 1969, quando terroristas estouraram uma bomba na sede da Presidência do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, n.d.c.]

O que pode acontecer esta noite, não se sabe. Estamos na mão de Nossa Senhora. Foram tomadas todas as providências necessárias para proteger os valores artísticos que a Providência Divina colocou nessa sede.

Aqui, com a leitura dessa ficha, os senhores estão vendo porque estamos expostos a isso. É só porque nós amamos o bem. Lembra-me São Gregório VII - cuja vida está sendo explanada para nós pelo professor [Fernando Furquim de Almeida] - São Gregório VII, que morreu com essas palavras: “Eu amei a virtude e detestei a iniqüidade; por isso, eu morro no exílio”. Nós podemos dizer: “Nós amamos a virtude e detestamos a iniqüidade; por isso, é que nossa vida corre risco”. Valia a pena viver só para chegar o dia bem-aventurado em que nos odiassem porque nós amamos a Nossa Senhora e porque nós odiamos os inimigos de Nossa Senhora!

Isso é viver! Correr risco de vida assim, é uma coisa; é uma beleza! Viver como um indivíduo apagado, sem ideais, aniquilado na sua própria “chacunière” [vidinha arranjadinha, supinamente egoísta, n.d.c.], isto é morrer...

De maneira que, nas orações desta noite, vamos agradecer a Nossa Senhora a graça de sermos odiados junto com Ela, por aqueles que A odeiam. Vamos agradecer a Nossa Senhora a bem-aventurança de correr risco por Ela. Vamos pedir a Nossa Senhora uma coragem indomável contra os inimigos dEla. É por isso que eu adotei – prevendo as reações que nossa campanha [de difusão de número especial de “Catolicismo” de abril/maio de 1969, denunciando a infiltração comuno-progressista na Santa Igreja para procurar fazer uma “igreja nova”, n.d.c.] poderia ter – eu adotei essas expressões para saudar os senhores na entrada da sala de reuniões:

“Dignai-vos conceder que eu vos louve, ó Virgem Sagrada; dai-me força contra teus adversários”

É isso que nós devemos pedir.


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