Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

Garcia Moreno:

aspectos pouco focalizados

 

 

 

 

 

 

 

Santo do Dia, 11 de novembro de 1968

  Bookmark and Share

 

A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério tradicional da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.

 

Gabriel Garcia Moreno (1821-1875)

Deram-me para eu tratar hoje de um grande combatente da causa católica: um homem que não foi ainda canonizado, mas que eu creio que o será e a respeito do qual há uma história póstuma muito interessante. Trata-se de um antigo presidente do Equador, Garcia Moreno, que até hoje divide o país. De tal maneira foi admirável e combativo, que até depois de morto ele é um sinal de contradição. Por aí os senhores veem o valor desse homem. Temos inclusive uma relíquia dele, que será trazida hoje à noite para ser venerada por nós aqui.

Esse grande batalhador, se tivesse vivido numa época de guerra teria certamente entrado para a Ordem dos Cavaleiros Teutônicos de Santa Maria, e que, nas condições em que viveu, foi igualmente um grande militante. Seus traços biográficos são os seguintes:

Gabriel Garcia Moreno nasceu em Guayaquil, no Equador, em 24 de dezembro de 1821, de uma família de origem aristocrática, mas inteiramente empobrecida”.

É a condição em que quis nascer Nosso Senhor: príncipe e pobre.

Entrou para um seminário franciscano, saindo, porém, ao cabo de algum tempo. Tornou-se então um pragmata e propôs-se a tornar-se um grande homem”.

“Pragmata” é um neologismo que foi colocado aqui. Quer dizer, um homem de pragmatismo, que quis fazer – com excessivo apego – uma carreira, deu-lhe uma “carreirosa”, se quiserem.

Para retomar os estudos, ganhando o tempo perdido, raspou a cabeça e trancou-se num quarto onde ficou estudando sem sair até o cabelo crescer-lhe novamente”.

Para quem quiser passar nos vestibulares a fórmula está encontrada...

Deixou, nessa época, praticamente toda a vida religiosa, que só retomará mais tarde. Estudou Direito, exercendo a advocacia. Tornou-se, além disso, um grande químico, um exímio cavaleiro, esgrimista, atirador perfeito e homem de salão”.

Os senhores estão vendo que é uma pluralidade de predicados: advogado, químico, montando a cavalo muito bem, muito bom esgrimista, atirador perfeito e homem de salão.

Atraio a atenção dos senhores para esse particular, porque uma biografia qualquer de Garcia Moreno que os senhores leiam não dará o devido destaque a esses aspectos: excelente na equitação, na esgrima e atirador. Focalizam outros predicados e esses põem na sombra. E são aspectos que mostram exatamente sua alma de guerreiro. Além disso, tornou-se um homem de salão exímio, para o que seu passado aristocrático já o preparava para isso. Houve uma mancomunação para atenuar ou eliminar das biografias dos santos e dos homens eminentes por sua virtude tudo quanto pudesse representar o seu traço combativo.

“Terminou os estudos e, casado com uma moça mais velha alguns anos, rica, foi a Paris seguir curso de química e geologia e foi aí que se deu sua conversão.

“Estando, certa vez, em conversa com seus companheiros de estudo e o assunto caindo sobre religião, vários desses começaram a atacar a religião católica. Garcia Moreno tomou a defesa da verdade com muito ardor.

 “À certa altura, um dos opositores lhe disse à queima roupa:

 “– Está bem, você defende muito bem a religião, mas você a pratica? Quanto tempo faz que você não se confessa?

“Surpreendido e posto diante de sua própria realidade espiritual, Garcia Moreno, num momento, tomou a resolução respondendo:

“– Você tem razão, mas esse argumento só vale hoje; amanhã ele já não terá efeito”.

É ou não é o esgrimista? É ou não é a estocada respondida na hora? É ou não é o tiro dado certo? Vejam bem a relação que há entre uma coisa e outra. Homem lógico, homem coerente, de resoluções imediatas, cuja têmpera tinha sido preparada em exercícios que favorecem isso.

“Retomando sua vida religiosa, Garcia Moreno decidiu levá-la por inteiro, passando a ser um paladino na defesa da Igreja e na luta contra a Maçonaria”.

Lutar a favor da Igreja, havia muita gente no tempo dele que o fazia. Eu não sou precisamente do tempo de Garcia Moreno, eu não nasci bem exatamente em 1821, mas para os senhores é quase a mesma coisa... porque nasci em 1908. Alcancei muita gente que, por exemplo, dizia: “Vou fazer uma conferência – isso eu ouvi – contra os hereges”. “ - Contra quem?” “- Contra os Donatistas, hereges do norte da África antes da invasão bárbara, provando que eles não tinham razão”... Isso é muito cômodo! Mas combater os inimigos do próprio tempo, que estão vivos, que respondem com tabefes, isso que é combater.

“Entrando para a vida política...”

É outra coisa que se considera que um homem piedoso não deve fazer, porque vem a velha cantilena que já se conhece, com seu nhênhênhê. Então, o que o homem piedoso deve ser? No fundo, só ser sacristão...! Ele, não. Entrou para a vida política.

“Entrando para a vida política, foi eleito Presidente do Equador”...

Os senhores estão vendo que não estava tão mal como cargo público...

“...exercendo o mandato por várias vezes, tendo que enfrentar numerosas revoluções tendo sido inclusive preso e sofrido vários atentados, dos quais saiu ileso”.

É um guerreiro, é um cavaleiro da Ordem dos Cavaleiros Teutônicos de Santa Maria!

“Como Presidente, promulgou uma lei extinguindo a Maçonaria e expulsando do país, ou tirando os direitos políticos, a todo maçom comprovado. Consagrou oficialmente o Equador ao Coração de Jesus, conforme desejo de Pio IX e promoveu a reforma do clero e das ordens religiosas”.

Quer dizer, ele interveio para facilitar a Pio IX essa reforma.

“Deu a essas a opção entre escolher a reforma segundo os ditames da Santa Sé, ou abandonarem o país. Para essas medidas, obteve amplo apoio de Pio IX. Foi o único governo do mundo a protestar contra a invasão de Roma pelo Piemonte pelos garibaldinos, que extinguiram a soberania pontifícia”.

 Ele foi o único que protestou!

“Morreu assassinado em 6 de agosto de 1865. Pio IX, quando soube de sua morte, mandou fazer um monumento no Vaticano ao Presidente mártir”.

Sabem como Garcia Moreno negociou uma concordata com Pio IX? Ele mandou um embaixador para a Santa Sé, com umas folhas de papel assinadas em branco e a seguinte recomendação: "Apresente e Pio IX preencha como quiser”. Essa é a Concordata... 

Como morreu Garcia Moreno?

“Atravessou a rua e começou a subir as escadas laterais do palácio do governo. Andrade, Moncajo e Cornejo o seguiram. Alguns transeuntes circulam pela galeria.

“Garcia Moreno dera apenas uns oito passos na galeria quando Rayo, a quem os outros não haviam visto chegar, gritou: "Tirano”, puxou um pequeno machado e quando Garcia Moreno se voltou, foi atingido por um forte golpe na cabeça. O assassino voltou a gritar: "Enfim, chegou o teu dia, bandido!”

“Cornejo, que era um dos companheiros dele, correu e dominou a vítima. Enquanto grita a Moreno que vai ser morto em nome da pátria, lança uma imprecação e lhe dispara um tiro de revólver. Depois soltou Garcia e Rayo prepara-se para lhe desferir outro golpe de machado. Mas o Presidente, sentindo-se livre, corre para uma das entradas do palácio. Seu rosto está coberto de sangue. Andrade corre na frente de Moreno, espera-o na porta e lhe desfecha uma pancada no peito com seu revólver, pois não conseguiu disparar.

“Garcia Moreno, ferido e atordoado, retrocede e grita pedindo socorro. Um mulato que passava sujeitou Rayo, enquanto gritava: "Estão matando o presidente!"

“Chegam outros conjurados e enquanto disparam seus revólveres gritam por liberdade. Agora Andrade conseguiu atingir Moreno de frente, ferindo-o. Rayo liberta-se do mulato e atira-se de novo sobre Moreno. Este procurou puxar seu revólver, mas a arma de Rayo atinge sua mão direita, decepando-lhe o dedo mínimo.

“Rayo desfere-lhe numerosas facadas, das quais ele se defende como pode. Cambaleando, cego pelo sangue que cobria seu rosto”.

Que resistência colossal, hein!

“... Moreno alcança o fim da galeria, procurando apoio numa coluna. Rayo o empurra e ele rola pelas escadas até a rua.

“Os criminosos, que o contemplam, exclamam: "Viva a pátria! Matamos o tirano!” Espetáculo espantoso! Cheiro de pólvora, gritos, confusão, desordem. Rayo, cheio de ódio, corre até Garcia Moreno já agonizante, que procura levantar-se apoiando-se nos cotovelos, e descarrega-lhe um golpe na cabeça, enquanto o insulta: ‘Tirano da liberdade! jesuíta de casaca! Morra! Morra!’ Testemunhas ouvem o mártir sussurrar com dificuldade: ‘Deus não morre!’

Que linda resposta! Que maravilha!

 

“Um operário diz a Rayo que não seja infame. Garcia Moreno levanta uma das mãos nesse instante e Rayo a corta. Alguém dirá, depois, que chegou mesmo a pisar sobre o agonizante.

“Por fim, a cabeça de Moreno cai sobre as pedras. Então, os assassinos agitam os chapéus e dão vivas à liberdade e à República. E voltam para o quartel esperando as tropas sublevadas por Sánchez”.

Isso deve ser festejado pelos “liberais” do Equador, com certeza, esse assassino como sendo homem extraordinário, etc.

Aqui temos uma relíquia de Garcia Moreno: é uma verdadeira preciosidade, autenticada pelo noviciado de Santo Inácio e pela Cúria de lá: é um fragmento da camisa ensanguentada de Garcia Moreno.

De maneira que vamos rezar as orações da noite em louvor de Garcia Moreno, pedindo a Nossa Senhora sua canonização e ele que nos dê seu espírito batalhador e combativo. Depois, quem quiser, osculará essa relíquia. 

 

No centenário de seu martírio (1975), homenagem a Garcia Moreno frente à basílica erguida em Quito para comemorar a consagração do Equador ao Sagrado Coração de Jesus feita pelo fervoroso Presidente católico em 1874. Foto abaixo, sócios e cooperadores da TFP equatoriana rezam o Rosário diante do Palácio presidencial, onde a 6 de agosto de 1875 foi martirizado Garcia Moreno.

 

Para conhecer a profecia de Nossa Senhora do Bom Sucesso sobre aquele insigne católico, visite o blog em português:

http://aparicaodelasalette.blogspot.it/p/nossa-senhora-do-bom-sucesso.html

Para ver mais fotos relativas a Garcia Moreno, bem como outros dados sobre sua biografia:

* https://radiocristiandad.wordpress.com/2015/08/06/homenaje-de-radio-cristiandad-a-garcia-moreno-en-el-140o-aniversario-de-su-martirio-6/

* https://es.wikipedia.org/wiki/Usuario:Edjoerv/GGM#/media/File:Escudo_del_Ecuador_de_1845.svg


ROI campagne pubblicitarie