Plinio Corrêa de Oliveira
São
Tiago e a devoção
a Nossa
Senhora do Pilar
"Santo do Dia", 25 de julho de
1967
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A D V E R T Ê N C I A
O presente texto é adaptação de transcrição de gravação
de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores
da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.
Se o
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre
nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial
disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da
Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como
homenagem a tão belo e constante estado de
espírito:
“Católico
apostólico romano, o autor deste texto
se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja.
Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja
conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.
As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui
empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em
seu livro "Revolução
e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº
100 de
"Catolicismo", em abril de 1959.
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Santiago "matamoros" - Catedral de
Santiago - detalhe |
Hoje, dia 25 de Julho, é festa de São Tiago
Maior, Apóstolo. Irmão de São João Evangelista, foi o primeiro a receber a
coroa do martírio. Padroeiro da Espanha, seu nome serviu de grito de
guerra na luta contra os muçulmanos.
Tenho aqui umas linhas que me foram trazidas
e pedem um comentário:
"De Jerusalém, São Tiago seguiu até Sicília
e Espanha, detendo-se em Gadiz. Não sendo bem recebido, foi salvo
milagrosamente por um anjo, de ser assassinado. Deixou a Espanha
entregue a sete discípulos. Voltou mais tarde para Saragoça, onde então,
começaram conversões em grande número. Mesmo assim, os perigos eram
muitos. Lançaram víboras contra ele, que as segurava tranqüilamente nas
mãos.
Em Granada, foi preso com todos os
discípulos e neófitos. São Tiago implorou o auxílio de Maria, que vivia,
então, em Jerusalém. Por meio dos Anjos, foi salvo, e Nossa Senhora
ordenou-lhe que fosse pregar na Galícia. Mais tarde, vi São Tiago em
grande perigo por causa de uma perseguição contra os fiéis de Saragoça.
Certa noite o Apóstolo rezava com alguns discípulos, junto aos muros da
cidade. Pedia luzes para saber se devia ficar na região ou fugir.
Pensava em Maria Santíssima e lhe pedia que rogasse por ele a seu Divino
Filho, que nada Lhe podia negar. De repente, vi descer um resplendor
celeste sobre o Apóstolo, aparecendo Anjos que entoavam um canto
harmônico enquanto carregavam uma coluna de luz cuja base assinalava um
local determinado ao Apóstolo. A coluna era alta e delgada e terminava
com um lírio aberto que lançava línguas de fogo em várias direções. Uma
delas ia até Compostela.
No resplendor do lírio vi Maria Santíssima,
de nívea brancura e transparência, de formosura e delicadeza maiores que
a seda. Estava de pé, da mesma maneira como costumava rezar. Tinha as
mãos juntas e um grande véu na cabeça, que lhe caía até os pés. Pousava
seus pés sobre a flor, que resplandecia com seus cinco raios de luz. São
Tiago recebeu interiormente o aviso de que deveria erguer ali uma igreja
e que a intercessão de Maria devia crescer como uma raiz e expandir-se.
Disse-lhe a Virgem que, uma vez concluída a igreja, voltasse para
Jerusalém.
Mais tarde, completada a obra, o Apóstolo
entregou seu trabalho a 12 discípulos que formara e partiu. E visitou a
Santa Virgem em Éfeso. Maria predisse-lhe sua morte próxima,
consolando-o e confortando-o muito. Depois São Tiago, despediu-se de
Maria e de São João e seguiu para Jerusalém. Aí foi preso e levado ao
monte Calvário. No caminho continuou a pregar, convertendo e curando a
muitos. Decapitado, tempos depois, seu corpo foi levado para a Espanha.
A visão de São Tiago deu origem à devoção a Nossa Senhora do Pilar".
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Martírio de Santiago - Zurbarán -
1639 |
Sem dúvida alguma o que essa ficha encerra ,
como elementos de beleza e edificação, é muito grande e, por isto, não
permite um comentário completo. Uma nota interessante é se ver, na vida
dos Apóstolos, dos santos e na vida de Nosso Senhor, como há a hora
marcada por Deus para tudo. Fazem toda espécie de coisas para matar os
Apóstolos, para danificá-los,
e não conseguem absolutamente nada, por disposição de Deus.
Mas depois chega o momento em que Deus tem a
intenção de que ele morra. Então, nada o salva. Ele é avisado de que vai
morrer e, realmente, é martirizado, e sua vida é oferecida em holocausto.
Exatamente como Nosso Senhor, que correu vários riscos de vida, antes de
ser preso, mas atravessou os ambientes cheios de inimigos, incólume, sem
que ousassem fazer nada contra Ele. Porém, quando chegou o momento dEle
ser morto, segundo os desígnios da Providência, Ele mesmo se entregou. E
então, todos os milagres operados [antes] para salvar Sua vida, não
atuaram mais. A hora dEle tinha chegado.
Aqui, os senhores vêem o mesmo com São Tiago:
ele passou por toda espécie de risco e se operaram prodígios para
salvar-lhe a vida. Jogavam-lhe cobras e ele pegava nas cobras; tentavam
matá-lo por vários modos e todos esses modos resultavam baldos.
Entretanto, chegou um determinado momento em que ele recebeu de Nossa
Senhora o aviso de que iria morrer. Nossa Senhora o consolou, confortou, e
ele morreu. Quer dizer, foi o desígnio da Providência que se cumpriu.
É bonito considerarmos aqui essa magnífica
aparição de [Nossa Senhora a] São Tiago, na Espanha: esse símbolo de uma
coluna que tem no alto um lírio e, esse lírio, deitando chamas de fogo. Um
lírio deitando chamas de fogo, parece trazer em si uma contradição. O
lírio é níveo, o lírio é delicado, o lírio parece tão facilmente crestável
pelo sol. Entretanto, como nos agrada imaginar um lírio que conserva todo
o seu frescor, que conserva toda a sua alvura e, ao mesmo tempo, deita uma
chama de si que não queima, mas que ilumina tudo.
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Aparición de la Virgen del Pilar a
Santiago Apóstol
Fachada de la Iglesia de Santiago -
Sevilla - Leyenda bajo el retablo:
"Madre mía del Pilar, antes morir
que pecar"
Antonio Kiernam Flores - Fábrica:
Cerámica Santa Ana - Sevilla, década de 1940
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Que lindo quadro seria se um pintor,
simplesmente, pudesse responder a essa pergunta: — Que colorido deveria
ter essa chama para ser bonita, a partir da idéia de que ela sai de um
lírio? — Como deveria ser essa chama? Que obra prima de imaginação, de
senso cromático, de senso das formas comportaria um quadro dessa natureza.
Os senhores vêem quanta beleza existe nesta
revelação. Este lírio está no alto de uma coluna. E essa coluna é uma
coluna esbelta. A gente vê na coluna um outro símbolo e o símbolo é de uma
ordem de coisas encimada pelo lírio; um suporte, um sustentáculo, que tem
como base, ou melhor, que tem como parte mais resistente, um lírio. É a
idéia da Cristandade da Espanha católica que ia nascer e que era encimada
pelo lírio cheio do amor de Deus, que era Nossa Senhora. Porque
evidentemente, esse lírio, se deita chamas, é o Coração lirial, o Coração
virginal de Nossa Senhora, deitando chamas em grande quantidade. Essas
chamas incendiaram todo o céu e chegaram até Compostela, onde exatamente
[está instalado] o culto a São Tiago,
onde se encontra seu corpo e onde inúmeras peregrinações foram efetuadas
durante a Idade Média.
Temos, então, São Tiago como o grande santo
que exercia enorme atração na Idade Média. Os senhores têm também, "Santiago",
como brado de guerra da Espanha e da Reconquista, que avança sobre os
maometanos aos brados de "Santiago", "Santiago", e que, com
isso, obtém a vitória.
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Santiago "matamoros" - Compostela |
Pode-se imaginar a beleza que isto
representa, a glorificação desse Apóstolo. Eu não conheço, para uma alma
combativa, nada de mais bonito do que imaginar isso: que quando ela
morrer, quando ela já não for do número dos vivos, a sua memória vai
ficar. E sua memória vai ficar, não como um sinal de "conciliação"(*),
mas como um brado de guerra. E que os bravos, no momento de arriscarem sua
vida e de arriscarem tudo pela causa católica, vão ter nos lábios o nome
dele, como um símbolo de luta, como um símbolo de batalha e como um
símbolo de vitória. E que o último nome que muitos deles pronunciarão,
cheios de entusiasmo, antes de se apresentarem para a glória de Deus e o
sorriso de Maria, vai ser o nome de São Tiago. Pode haver uma coisa mais
bonita? Há maior glória, para um nome, do que servir de grito de guerra
aos cruzados da Reconquista? Impossível!
E aí os senhores vêm a glória de um homem e
a glória do nome de um homem. O que é o nome? A Igreja festeja o
Santíssimo Nome de Jesus e o Santíssimo Nome de Maria. São festas
especiais da Igreja. Aí a gente compreende como a glória do nome pode ser
a glória do homem, e como não pode haver coisa mais bonita do que esse
Apóstolo, de cujo apostolado nasceu a nação combativa católica por
excelência, o braço da Cristandade, que é a Espanha; a nação ardente de
zelo [que] nasceu desse lírio pegando fogo; o nome desse Apóstolo da nação
ígnea é um grito de guerra na luta pela Reconquista. Eu não conheço coisa
melhor.
Glorifiquemos a Nossa Senhora por toda glória
que Ela deu ao grande servidor dEla, ao apóstolo São Tiago.
(*) É
evidente que aqui o Prof. Plinio refere-se ao uso distorcido e abusivo do termo
"conciliação" que se dá hoje em dia, especialmente em seu aspecto irenístico. Para uma melhor compreensão do tema sugerimos a leitura de seu
livro "Baldeação
ideológica inadvertida e Diálogo".
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