Plinio Corrêa de Oliveira
São Saturnino e a ação exorcística de sua presença
Santo do Dia, 28 de novembro de 1966 |
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A D V E R T Ê N C I
A O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de
conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da
TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor. Se o
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre
nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial
disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério
tradicional da
Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como
homenagem a tão belo e constante estado de
espírito: “Católico
apostólico romano, o autor deste texto
se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja.
Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja
conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”. As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui
empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em
seu livro "Revolução
e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº
100 de
"Catolicismo", em abril de 1959. |
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Amanhã, 29 de novembro, é festa de São Saturnino, bispo e mártir. O Abbé Daras, na Vie des Saints, traz a respeito dele os seguintes dados: “São Saturnino, tendo ouvido São João Batista pregar, tornou-se discípulo do Senhor. Após a Ascensão, seguiu São Pedro. Mais tarde sagrado bispo, é considerado o apóstolo de Tolosa. “Havia nessa cidade de Tolosa um templo magnífico, chamado o Capitólio, diante do qual São Saturnino passava todos os dias, para ir à igreja onde os cristãos se reuniam. Os demônios, não podendo suportar a presença do homem de Deus, saíram dos ídolos e esses não mais agiam como oráculos, como faziam até então. Os sacerdotes do Capitólio em vão lhes ofereceram grandes sacrifícios. Não puderam obter mais resposta alguma, mas um inimigo dos cristãos descobriu a causa desse silêncio. E um dia que o povo assistia à imolação de um touro oferecido a Júpiter, esse homem, vendo passar São Saturnino, gritou: ‘Eis o inimigo de nossos deuses, aquele que os impede de fazer oráculos. Mas os nossos deuses o colocaram em nossas mãos, para que vinguemos as suas injúrias’. “A multidão arrastou o bispo ao altar, querendo que sacrificasse. Mas ele disse ao povo: ‘Eu adoro somente a um Deus, único e verdadeiro, e a Ele ofereço meus louvores e sacrifícios. Quanto a vossos deuses, são demônios, que se comprazem mais com vossas almas, do que com o sacrifício de vossos touros. Se não, por que eles me temem, por que tremem diante de mim?’ “Entregue à sanha do touro que ia ser sacrificado, São Saturnino teve o corpo feito em pedaços. Suas relíquias foram recolhidas corajosamente por duas jovens suas discípulas, que para isso não temeram enfrentar o furor do povo. Para puni-las, o sumo sacerdote fê-las chicotear no templo, o que as obrigou, como damas de alta linhagem, a saírem de Tolosa”.
Os senhores veem que se patenteia, de modo magnífico, a luta entre o bem e o mal. Quer dizer, São Saturnino era um santo, mas a sua presença na cidade de Tolosa e, sobretudo, o fato de que ele passava diante dos ídolos, fez com que os demônios emudecessem e fugissem. Porque diante do varão de Deus, o demônio se acovarda e foge realmente. Então os ídolos não falavam mais, e daí a cena de martírio, cuja narração os senhores ouviram. Poder-se-ia perguntar: por que hoje não se passam cenas assim? Por que hoje em dia também não há demônios que emudecem? Por que não há centros do mal que ficam desarmados e sem ter o que dizer? E, portanto, lugares que a presença dos homens de Deus conquista? Poderiam ser dadas duas respostas. Em primeiro lugar, se bem que nenhum de nós seja santo, entretanto é verdade que as graças que o Grupo recebe são enormes, e que temos feito emudecer muitos demônios. Estamos mal habituados. Não estamos habituados ao que costuma acontecer conosco e que não acontece com ninguém: nós publicarmos documentos e os adversários ficarem calados. Não têm o que dizer, estão emudecidos completamente. Mas isso se apresenta a nós, sobretudo, sob a forma de um fato de caráter natural e não de ordem sobrenatural ou preternatural. Fato claramente preternatural como esse (de São Saturnino) não aparece. Por quê? Porque Deus está distante e não quer dar ao mundo pecador milagres de que ele não é digno. Os senhores dirão: “Mas, Dr. Plinio, se Deus fizesse coisas dessas, muitas pessoas mudariam”. Não mudariam!...
O pranto da Imagem de Nossa Senhora de Fátima, em New Orleans (Estados Unidos), em julho de 1972 Notem as imagens de Nossa Senhora que choram em tantos lugares e, entretanto, ninguém muda. Mandam fazer o exame do líquido das lágrimas, e o resultado é que se trata de líquido de lágrima humana. É milagre manifesto, comprovado cientificamente em laboratório. E, entretanto, ninguém se emenda, porque estão num grau de insensibilidade, que não há o que os faça se converter. De maneira que um milagre desses já não adiantaria mais. E é por isso que Nossa Senhora não faz senão chorar... Notem o silêncio em que caiu o assunto Lourdes. Quase que se diria que Lourdes não existe mais. Por quê? Porque essa gente odeia o milagre e não merece mais o milagre. Apenas Nossa Senhora chora para alimentar a piedade dos bons e para que conste, de futuro, que Ela avisou a humanidade da catástrofe que está se aproximando. Mas depois, de outro lado, tem o seguinte: os demônios têm hoje um grau de império que não tinham no tempo de São Saturnino (século III). Não sei se é porque foram desencadeados já os demônios do inferno, e não estamos mais apenas em presença dos demônios do ar, ou se é porque, à força de vencer e de dominar, os demônios do ar tiveram, de fato, uma influência acrescida, que faz com que essas coisas não aconteçam mais. O fato é que o horizonte está toldado sobre os bons, e fatos magníficos como esse da vida de São Saturnino, já não são para nossos dias. Peçamos a Nossa Senhora, por intermédio dele, que nos consiga a abreviação desses dias terríveis, para que se possa, novamente, ter a alegria de ver os demônios fugirem envergonhados diante dos olhos de Deus.
Vídeo-documentário da lacrimação ocorrida em Siracusa (Itália, 1953) |