Plinio Corrêa de Oliveira

São Bernardino de Sena: “Jamais pronunciei uma palavra que não fosse para a honra e glória de Deus”

 

"Santo do Dia", 19 de maio de 1966

 

Bookmark and Share

A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.

São Bernardino de Sena, mestre espanhol desconhecido - Statens Museum for Kunst

 

Vou ser breve no comentário sobre a vida de São Bernardino de Sena. Rohrbacher, “Vidas dos Santos”:

“Foi grande pregador, especialmente do Santo Nome de Jesus e reformador da Ordem Franciscana. Considerado um dos grandes precursores da Contra-Reforma católica. Viveu ele de 1380 a 1444. Um dia, São Vicente Ferrer, diz Rohrbacher, pregando aos habitantes de Alexandria, no Piemonte, interrompeu-se de súbito e disse aos seus ouvintes: “Sabei, meus filhos, que há entre vós um religioso da Ordem dos Frades Menores, que em breve será um homem célebre em toda a Itália, por sua doutrina e seus exemplos, do qual virá grande proveito ao povo cristão. Embora ele seja jovem e eu velho, virá um tempo em que ele me será preferido em honra na Igreja Romana”.

Um santo nunca é orgulhoso.

“Eu vos exorto a dar graças a Deus por isto, e de pedir que se cumpra, para a utilidade do povo cristão, o que me foi revelado, e porque isto sucederá, vou pregar aos franceses e espanhóis. Quanto aos povos da Itália, deixo a este o encargo de instruí-los”. O frade menor que, mais jovem, lhe será preferido em honra e será canonizado primeiro, era São Bernardino de Sena”.

“Desde criança, São Bernardino manifestou grande devoção à Santíssima Virgem”.

É nota dos predestinados.

“Era visto com freqüência ante uma imagem da Mãe de Deus, rezando com fervor especialmente a saudação angélica. Noite e dia, todas as suas preces eram a Ela dirigidas. Durante sua vida inteira, jejuou aos sábados em sua honra.”

“Bernardino era de uma beleza invulgar, mas seu amor pela pureza era também muito grande. Embora fosse naturalmente polido, agradável e respeitoso com todos, sabia tomar outras atitudes, quando alguém pretendia ferir suas virtudes. Um dos principais habitantes de Siena fez-lhe, um dia, em praça pública, uma proposta desonesta. Bernardino deu-lhe tão forte soco no queixo, que o ruído repercutiu longe”.

A cena tem certo colorido itálico.

“Outra ocasião, outra pessoa procurou tentá-lo. O santo, não conseguindo que se afastasse, reuniu alguns companheiros, e o grupo perseguiu o indivíduo a pedradas por ruas e praças, quase matando-o.”

“Perguntaram um dia a um grande pregador franciscano, porque seus sermões não produziam tanto fruto quanto os de Bernardino”

Que pergunta indiscreta!... Eu não conheço pergunta mais árdua para se fazer a alguém do que essa.

“Respondeu o frade: O Pe. Bernardino é um carvão incandescente, e somente quem tem o fogo em si, pode iluminar e aquecer os outros”.

Este frade pelo menos disse algo que iluminou, ao dizer isto!

“Certa vez, outro pregador pediu-lhe que explicasse as regras que seguia em seus sermões, que tanto fruto produziam. Respondeu-lhe o santo: Só uma regra observo, desde que comecei a aplicar-me a este exercício: jamais pronunciei uma palavra que não fosse para o honra e glória de Deus”.

Regra áurea para pregadores, oradores, conferencistas, polemizadores de pátio de faculdade e o que mais haja, preconizadores do Bucko e do Diálogo na rua. Dizer tudo com exclusiva intenção da glória de Deus e de Nossa Senhora. Quando chega na hora de aparecer, não dizer. Se querem vender muito Bucko, se querem arrasar indivíduos do CCC, MMM, ou qualquer coisa assim, é por esta forma.

“Esta regra, observada com cuidado, ensinou-me tudo que pude aprender de ciência, eloquência, prontidão e autoridade. A ela devo a conversão de todas as almas que pude conduzir para Deus”.

(..?..) da divina vingança. Ao regressar à casa, caiu morto à soleira da porta. Esses são os prêmios que Deus dá à pregação daqueles que pregam pensando só nEle”.

D. Bosco fez isto também uma ocasião. Ele estava pregando um retiro, - não estranhem a qualidade do retiro - retiro de banqueiros, e ele falou severamente contra as rapinas, o que não é inteiramente fora de propósito num retiro de banqueiros. Depois ele disse: Eu não quero dizer quem é: - era um retiro pouco numeroso, de umas 20 pessoas - um dos senhores que está aqui, até o retiro do ano que vem, vai morrer. E morreu um realmente.

Santo Antônio Maria Claret também teve coisas dessas. Ele fazia uma coisa muito incômoda: do púlpito, às vezes denunciava o estado de alma de uma pessoa qualquer. “Senhora, a senhora que está ali cheia de enfeites, a senhora já pensou no que fez hoje cedo?” Naturalmente, havia muita gente que tinha medo de ir à igreja e tinha suas razões para isso. E também profetizou sobre gente que ia morrer, etc.

“São Bernardino morreu a 20 de Maio de 1444, no exato momento em que o coro cantava essa Antífona das primeiras Vésperas: “Pai, manifestei Vosso nome aos homens e agora vou para Vós” Realmente, ele pregou a devoção ao Sagrado Nome de Jesus”.

Para não deixar inteiramente sem comentário essas fichas, gostaria de assinalar aqui a violência de São Bernardino, contra as pessoas que perseguiam sua pureza. Esta violência indica com que violência a virtude da pureza há de ser mantida: violência interna e violência externa.

A violência interna se chama intransigência: não transigir com nenhuma concessão. A violência externa se chama prudência. E se bem que aqui São Bernardino tenha defendido sua pureza agredindo, normalmente devemos defender nossa pureza fugindo: fugindo de qualquer espécie de ocasião, de qualquer espécie de tentação que constitua ocasião próxima de pecado. Esse é um ensinamento, sobre o qual nunca é suficiente a gente repisar.