Plinio Corrêa de Oliveira
"Veni Sancte Spiritus": a súplica do contra-revolucionário
Santo do Dia, 12 de março de 1966, Sábado |
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A D V E R T Ê N C I
A O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de
conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da
TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor. Se o
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre
nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial
disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério
tradicional da
Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como
homenagem a tão belo e constante estado de
espírito: “Católico
apostólico romano, o autor deste texto
se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja.
Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja
conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”. As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui
empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em
seu livro "Revolução
e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº
100 de
"Catolicismo", em abril de 1959. |
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Hoje comentaremos o Veni Sancte Spiritus. De fato, ele é muito mais longo do que o texto de que temos neste momento. Aqui há apenas um resumo. A versão em português é a seguinte: “Vinde, Espírito Santo, enchei os corações de vossos fiéis e neles acendei o fogo de vosso amor, Vós, que através da diversidade de todas as línguas, unistes todos os povos na unidade da Fé. “Antífona – Enviai, Senhor, o vosso Espírito, e tudo será criado. E renovareis a face da terra. “Oração – Deus, que pela ilustração do Espírito Santo ensinastes os corações dos fiéis, concedei-nos de saborear no mesmo Espírito as coisas retas e gozar sempre de sua consolação. Por Jesus Cristo, Nosso Senhor, assim seja”. Qual a doutrina que há aqui? Em primeiro lugar, aquilo que chamamos o bom espírito, o espírito reto, o espírito católico, o senso católico, isto é um dom de Deus. Não é uma coisa que o homem encontre com o mero exercício de sua inteligência, mas é algo que sua inteligência encontra movida e vivificada por um dom interno de Deus, que procede do Divino Espírito Santo. Razão pela qual essas coisas devemos pedir a Deus pela oração, com muita insistência, com muito empenho, com muita humildade, persuadidos que se não for por um dom celeste, não se conseguirá. O espírito católico e toda forma de bom movimento da alma em ordem à virtude sobrenatural, isto nos vem de Deus, nos vem da graça, a qual é preciso pedi-la. E não podemos ter a presunção de que o mero exercício de nossa inteligência é suficiente para chegar a esses resultados. Então, pedimos: "Vinde, Espírito Santo". * Pedir que o Espírito Santo venha a nós com uma intensidade cada vez maior A ideia que está aqui colocada é de que a alma batizada é um templo do Espírito Santo. Temos de pedir que o Divino Espírito Santo venha a nós com uma intensidade cada vez maior, com uma plenitude cada vez maior, habitar dentro de nossa alma. E é pela habitação do Espírito Santo que nosso espírito se torna então capaz dos grandes pensamentos, das grandes volições, das grandes generosidades, das grandes percepções, das grandes resoluções, que sem vir o Espírito Santo é absolutamente inútil quando se trata da ordem da santificação e da Fé. E vem também a ideia de que os corações dos homens podem ser enchidos pelo Espírito Santo. Quando o Anjo disse a Nossa Senhora que Ela era “cheia de graça”, equivalia a dizer que Ela era cheia do Espírito Santo. Era um vaso de eleição que transbordava do Espírito Santo. A alma de todo Santo transborda do Espírito Santo. Ele enche completamente essas almas. Isto, quer dizer que nelas, pela ação dEle, acaba não havendo a não ser Ele. * Não devemos esperar de nós, mas da graça de Deus, o progresso na vida espiritual Em segundo lugar, que toda a possibilidade das faculdades da alma é plenamente penetrada, com toda a intensidade de que a alma é capaz, pelo Divino Espírito Santo. Então, há um dom excelente para pedir aqui: "Enchei os corações de vossos fiéis". Vem outro pedido: "E neles acendei o fogo de vosso amor". Mais uma vez é a mesma ideia que se repete. O fogo do amor de Deus, o amor das coisas sobrenaturais, a apetência para a doutrina, a apetência para a virtude, para a generosidade, para a luta, para a contemplação, todas essas apetências é o Divino Espírito que acende em nós. Ele é que é a chama que acende esse pavio que somos nós. Se queremos progredir, devemos pedir ao Divino Espírito Santo que Ele nos dê o amor de Deus. Quantas pessoas ficam desoladas: "Faço esforços, medito, mas não tomo amor às coisas católicas! A minha alma parece uma alma árida e seca, um deserto sem água..." Por que isto? É porque estou esperando esta coisa de mim. Não devo esperar de mim, mas da graça de Deus. Devo pedir, se não tenho, peço porque não tenho; se tenho, peço para ter mais. Mas nunca na vida se deve deixar de pedir essa moção interna de Deus na alma, à qual a gente deve o amor de Deus. * A oração "Veni Sancte Spiritus" contém a súplica do contra-revolucionário Depois se insiste na ideia: "Enviai, Senhor, o vosso Espírito, e tudo será criado". Podemos dizer que essa oração contém a súplica do contra-revolucionário. Todo o espírito de sensualidade e de orgulho, que são o fundo da Revolução, estraçalha-se se Deus enviar seu Espírito. Acende-se o espírito de humildade, o espírito de hierarquia, o espírito de pureza, eles se acendem dentro do homem pela moção do Divino Espírito Santo. E um sopro do Divino Espírito Santo pode acabar completamente com a Revolução. A Revolução é fundamentalmente um espírito mau. Desde que o Divino Espírito Santo tenha pena de nós e que queira agir, Ele pode acabar com a Revolução. E esse pensamento encontramos na oração novamente: "Deus, que pela ilustração do Espírito Santo ensinastes os corações dos fiéis, concedei-nos...” E aqui está a coisa importante. “...saborear no mesmo Espírito as coisas retas e gozar sempre de vossa consolação". O que é o sabor das coisas retas? Se há uma coisa que o mundo de hoje perdeu é o sentido do sabor das coisas retas. O mundo de hoje só acha sabor na imoralidade, na agitação, na desordem, na subversão de todos os valores. Nesta cidade, no momento, o que é que se está fazendo? Todo mundo que está acordado, está procurando se divertir; todo mundo que se está divertindo, o está fazendo com coisas não retas. Porque vai-se longe o tempo em que as pessoas encontravam distração, entretenimento, atrativo, estabilidade de alma na consideração das coisas retas. Estas últimas hoje são tidas como insípidas. Não se compreende a delícia das coisas retas, e sobretudo das mais altas coisas retas que são as que nos levam para o Céu, que nos dirigem para Deus. Esse sabor das coisas retas, o sabor do que é honesto, do que é direito, é o Divino Espírito Santo que nos dá, e devemos pedir que seja restaurado em nós. Estamos reunidos nessa capela. Que distração ela nos oferece? Não há dúvida que é agradável aos olhos, mas isto se vê em alguns instantes. Para o homem moderno, que não é capaz de considerações artísticas, isto não tem interesse nenhum. Entretanto, nós estamos bem aqui, estamos alegres e mais alegres do que quaisquer outras pessoas que estejam se divertindo. Isto porque Nossa Senhora nos dá o sabor da coisa reta, que é o jeito de corrigir o sabor da coisa torta, da coisa sinuosa. E isto se deve pedir e obter do Espírito Santo. * Devemos pedir ao Espírito Santo, por meio de Nossa Senhora, o sabor das coisas que nos falam do Céu Uma relação entre isso e Nossa Senhora. Ela é a Esposa do Divino Espírito Santo. E como Esposa perfeitíssima e fidelíssima, o Espírito Santo encontra nEla a plenitude de sua complacência, e a Ela não recusa coisa alguma. Por causa disso, Ela é nossa Medianeira seguríssima junto ao Espírito Santo. Se queremos alguma coisa do Espírito Santo, devemos pedir por meio dEla. Então, pedir especialmente isto: o sabor das coisas retas, elevadas, sublimes, o sabor daquilo que na Terra nos fala do Céu e horror e aridez para com as coisas que são de outra natureza.
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